quinta-feira, 30 de novembro de 2023

O Encontro de Número 23

Exatamente no horário marcado, às 18:03h, do dia 18 de novembro de 2023, o Presidente da Confraria Correa Dutra & Amigos, J Drinks abriu os trabalhos para o 23º Encontro da Correa Dutra & Amigos, e em pouco minutos a turma começou a chegar.




Por problemas na Internet local não conseguimos passar todos os filmes que tínhamos selecionado, mas isso não tira o sucesso e a alegria de uma rapaziada fiel, com mais de meio século de amizade e 23 anos consecutivos de uma reunião sempre memorável.

Amaro, que ainda mantinha uma certa esperança no olhar, Márcio Cri Cri, outro esperançoso, Feijão, Qualirinha e Melo foram  os primeiros a se juntarem ao Presidente, e num piscar de olhos vários lugares estavam preenchidos. 

Gioser Columá e Guilmar ocuparam suas cadeiras. Vieira, Raimundo, Fernando Tchona, Zé Guilherme, Byra e Renato, seu filho e escudeiro, Zé Franguinho e Derzemar, que chegou de Saquarema para abrilhantar nosso Encontro, já se misturavam nas conversas, como sempre relembrando fatos e fofocas do passado e do presente.



Um pouco mais de longe, da praiana Rio das Ostras, Wellington Gaguinho e Isabel vieram de carro e disseram que iriam voltar logo após a reunião, um sacrifício que disseram valer a pena, e temos que concordar.


Nosso Vice-Presidente, Marco Frango Del, com sua inseparável Tereza, e duas amigas,
 recepcionaram os amigos Antero, Marquinho Cabeça e Renato Rivelino, que alegou ter esquecido a data do Encontro (idade chegando...) e que tinha passado por ali apenas por um acaso, daqueles que não se sabe explicar o porquê.



Marcos Bibaca, todo florido, chegou do Espírito Santo, aproveitando a oportunidade para passar uns dias com a mamãe e curtir nosso Rio de Janeiro. De um pouquinho mais distante,  Betinho Chahahahaiara (adoro escrever assim) veio de Londrina, lá do Paraná, e com passagem marcada para o retorno no dia seguinte.

Atitudes como essas, que envolvem tempo, dinheiro, e até mesmo o sacrifício de dirigir após uma festa, principalmente porque já não somos tão jovens, dão um toque especial de alegria e agradecimento, com a certeza de que mais uma vez nosso ENCONTRO

FOI MAIOR DO QUE O SUCESSO QUE ESPERÁVAMOS, e temos a certeza que o próximo SERÁ MELHOR AINDA DO QUE ESTE QUE JÁ PASSOU.





E destacamos alguns pontos altos do Encontro.  O primeiro, o maior de todos, a presença de um bom número de Confrades, o que nos traz a alegria de sempre e a certeza da longevidade de nossa turma. 
Em seguida, nossos brindes, uma taça e uma camiseta, ambos com a logomarca do Encontro, criada com ajuda da inteligência artificial e elogiada por todos. 

E outro ponto marcante foi sem dúvida o já tradicional sorteio do PRÊMIO ESPECIAL, o BARRIL da HEINEKEN, mais uma vez feito com lisura e acompanhamento de vários confrades. Desta feita quem sorteou foi nosso querido e fraterno amigo, Marquinho Cabeça, que teve a felicidade de sortear o número 1, do Presidente J Drinks, que em sua fala de agradecimento prometeu que no Encontro de 2024 não irá participar do sorteio do Prêmio Principal (Palavra de Presidente),  e para comprovar a clareza nos procedimentos, deixará que os participantes decidam sobre o procedimento a ser adotado neste tradicional e importante momento para os Confrades. 

O Presidente comentou que foi uma feliz e agradável coincidência, e com apoio de seu Vice e da testemunha do certame, Renato Rivelino, voltou a agradecer à generosa mão do confrade Marquinho Cabeça, parabenizou a todos os presentes e também aos confrades virtuais Serginho Pequeno, da Baêa, que fez um depoimento com muita emoção pela sua participação, Marcos Charuto e Beto PQD, ambos em recuperação devido a probleminhas de saúde.












E para fechar a noite, aquele grupo que sempre apaga as luzes foi para o fechamento. Qualirinha, que tinha um encontro marcado com  sua irmã e Moniquinha, sua cara-metade, fez o convite para os drinks da saideira, e prontamente aceito. Tempo suficiente para as últimas despedidas que ainda foram esticadas até o último guerreiro se despedir pela madrugada.

E assim foi no Encontro de número 23, de 18 de novembro de 2023. 

E que venha o próximo, em 2024.




terça-feira, 26 de setembro de 2023

DEC LEI 171 de 25/09/2023

                                
Confraria Correa Dutra e Arredores 
 Gabinete da Presidência 

                                            
                                  Faço saber que a Diretoria da Confraria 
                                              aprovou, e eu, José Drinks, Presidente da
                                              Confraria da Correa Dutra e Arredores, nos
                                              termos do parágrafo único do art. 171 do
                                              Regimento Interno desta Confraria,
                                              promulgo o seguinte 


 DECRETO LEGISLATIVO Nº- 171, de 2023 


Aprova o ato que outorga permissão para a realização do 23º ENCONTRO ANUAL DA CONFRARIA DA CORREA DUTRA E ARREDORES e dá outras providências. O Presidente decreta: 

Art. 1º Fica aprovado a data de 18 de novembro de 2023 para o 23º Encontro Anual da Confraria da Correa Dutra e Arredores, selecionada pela Comissão do Evento com base em ampla pesquisa de opinião dos confrades. 

Art. 2º Outorga à Vice-Presidência da Confraria para a confirmação e marcação do local definido pela Comissão do Evento, Restaurante Catete Grill, sito à Rua do Catete 239, Catete, Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro, Brasil, América do Sul, Terra. 

Art. 3º Pela unanimidade dos votos dos Delegados presentes na Assembleia, fica ratificada a manutenção dos atuais Presidente e do Vice-Presidente para o próximo exercício de 2024. 

Art. 4º Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação. Confraria da Correa Dutra e Arredores, em 25 de setembro de 2023.



              






segunda-feira, 22 de maio de 2023

UM FELIZ DIA DAS MÃES

 Antes de nosso texto, os PARABÉNS para a turma do mês de maio: 

  02 - CÁSSIO PINGA
                02 - ULISSES PEIXE
                02 - Gabriel (ZÉ FRANGUINHO)
                03 - VERONICA  (ANTERO)
                04 - XIQUINHO
                04 - L Madruga (genro DELLA)
                07 - Amanda (BYRA)
                07 - ANA FRAGA (ex PQD)
                10 - GEORGETE VIDOR
                11 - MARCOS BIBACA
                11 - ANDRÉ FEIJÃO
                11 - Rodrigo (filhote GODA)
                15 - DRINKS
                18 - VIEIRA SVIEIROVSKY
                20 - MARÍLIA
                20 - SERGIO CASTOR
                21 – LUIZ LOKA
                27 - ROBERTO AZULÃO
                e claro,
                11 - PQDFDP  (sempre)

Dia 14 de maio de 2023, segundo domingo de maio, o Dia das Mães, um dia muito especial para todos nós, pois afinal, sem elas não existiríamos, e só isso já seria o suficiente para que fossem homenageadas, e não apenas por um dia, mas por todos os dias de nossas vidas, e nada melhor do que um almoço neste dia, e na casa de uma mãezona com os filhos e netos, e o primeiro passo, claro, é a escolha do cardápio, tem que ser um prato rápido, que atenda aos gostos mais exigentes das crianças e que agrade aos adultos, sabendo que a salada não é bem vista e o arroz com feijão é uma comida diária e por isso fora de opção, mesmo com total aprovação dos anjinhos.

Lá em casa, por exemplo, seriam 6 adultos, 6 crianças, na faixa dos 3 aos 10 anos, e uma pré-adolescente, como a jovem de 13 anos se autointitula, e minha sugestão era a mais simples, o padrão do almoço de um domingo com a família, o tradicional macarrão com carne assada, todos gostam e ninguém reclama, mas a mamãe-Chef não concorda, queria um prato mais sofisticado, que certamente agradaria mais aos adultos, e para as crianças, um complemento que poderia ser um prato mais simples.

Dentre algumas opções, ficou acertado que seria um prato com camarão, um bobó, e para as crianças, um filé de peixe empanado e frito, além de umas batatinhas assadasque é semp re bom.

E como é o Dia das Mamães, a cozinha ficaria com o papai que já bola seu esquema para cozinhar e amassar a mandioca, descascar o camarão, fazer o arroz e o peixe, e assar as batatinhas. E tudo tem que estar pronto até no máximo às 13h daquele próximo domingo, parecia até coisa de reality show. É certo que para isso, tudo deveria ser comprado com antecedência, para que não ocorresse qualquer atraso. E assim foi feito, ou quase.

Compras antecipadas para quinta-feira, com bastante tempo para as faltas eventuais, o que sempre acontece nesses dias. No meio do supermercado toca o telefone, é a filha que deseja saber se está tudo bem e a mamãe, toda feliz, sem conversar com ninguém, faz a postagem do cardápio: casquinha de siri, pastel de camarão, bobó de camarão, arroz, e o peixe frito com batatinhas assadas para a criançada, e uma sobremesa especial, a famosa torta alemã, uma unanimidade na família, e eu comigo, será que ela não esqueceu de mais nada para este almoço de família?

Sábado, logo de manhã, a mamãe entende que as compras não foram suficientes, que os 2 kg de mandioca não atenderiam aos 6 adultos, assim como o camarão que já tinha comprado, e iria precisar também de mais carne de siri. Como ela é a Chef, fui rapidamente ao supermercado e comprei mais 2 kg de mandioca, e já imaginava em que panela iria preparar um bobó para meia dúzia de pessoas, com 4kg de mandioca e 2 de camarão, mas como ordens são ordens, fui em seguida para o Mercado dos Peixes buscar mais camarão e carne de siri, numa véspera de um dia especial e claro, o Mercado cheio e os preços mais altos. Fiz a pesquisa de sempre, comprei o camarão e o siri, e voltei rápido para casa pois era dia de jogo e iria para o Maracanã assistir o Fluzão.

Ao voltar, feliz com a vitória do meu time, fui direto para a cozinha, sabia que tinha muito para fazer e não atrasar o almoço da mamãe, e a cena que vi parecia de um filme dos Trapalhões, a pia cheia de louças, fogão com panelas grandes e pequenas, e massa de torta no chão e nas paredes, só não reparei como estava o teto.

A massa da casquinha de siri estava pronta para ser enformada e a torta, em tamanho duplo, e com uma cara ótima por sinal, também preparada para ser guardada na geladeira, mas onde? Como? Tinha que arrumar um espaço, principalmente para a torta que não poderia ficar fora de jeito algum.

Na bancada 4kg de mandioca para descascar, cozinhar e amassar. O camarão tinha uma parte congelada e outra já sem casca. O peixe tinha que preparar, assim como o recheio para os pastéis. A mamãe estava cansada, mas por outro lado se mostrava bastante feliz pela oportunidade de juntar a galera num almoço simples em nossa casa, que apesar do espaço pequeno para tanta gente, no Condomínio tem um play que eles adoram e isso nos dá mais espaço e tranquilidade para trabalhar.

Sempre preocupada com a quantidade, pois prefere que sobre mais do que falte, a torta foi feita no tamanho enorme, as casquinhas, que é uma iguaria mais apreciada pelos adultos, tinha pelo menos umas 5 ou 6 para cada um, no entanto o maior problema era o bobó, pois a matriarca não chegava a uma conclusão sobre a quantidade a ser feita, não tinha certeza se os 4kg de mandioca seriam suficientes, e mesmo quanto aos 2kg de camarão ela estava com dúvidas.

Quase 22h de sábado e lá estava eu descascando a mandioca e colocando na panela de pressão para um cozimento mais rápido. Enquanto isso ia separando as cascas de camarão para fazer o caldo e dar sabor ao bobó e aos pastéis e claro, uma cervejinha para ajudar no trabalho. Pelas 2h da matina, deixei tudo no esquema e fui tomar um banho para relaxar e dormir.

Domingo, o grande dia, levantei cedo e retornei para a cozinha. A mamãe terminara de arrumar as casquinhas, e o recheio dos pastéis quase pronto, um bom adianto. Mas o tempo passa muito rápido, principalmente na manhã, e logo o telefone toca, é o pessoal chegando e aquele aviso de que as crianças almoçam cedo, e só falta preparar o bobó, que a mamãe ainda tinha dúvida se seria suficiente, empanar e fritar os peixinhos, colocar as casquinhas no forno, e fechar e fritar os pastéis, e o relógio não parava, assim como o telefone, o que significava que aquele tempo hábil já não era tão hábil assim.

A prioridade era o bobó, os 2 primeiros quilos de mandioca ficaram prontos e já ocupavam quase todo o panelão que nós temos e que ocupa praticamente duas bocas do fogão. Tempero, camarão, tudo no esquema e por pouco não transborda, sem condições de colocar mais nada, e imaginava como 6 pessoas iriam comer aquela quantidade de bobó, e sem perguntar para a Chef, congelei o resto da mandioca e comecei a fazer o arroz e preparar o peixe.

Olho o relógio e já são quase 11h, momento que a campainha toca e chega a primeira turma. Minha filha vem direto para a cozinha e antes de me dar um beijo, como eu já esperava, pergunta se a comida tá pronta, pois o Gabriel come cedo e logo constata que o arroz não está pronto, assim como os pastéis e ainda bem, nem perguntou pelo peixe. Disse que estava tudo no esquema e que não atrasaria. Neste momento chega Raphael, com minha nora, que traz mais uma torta para o almoço, e seus quatro anjinhos, e antes de novas perguntas, as mamães pegaram a molecada e foram para o play, um alívio momentâneo para a cozinha.

E com o jeitinho da mamãe, minha filha olha a quantidade de arroz e acha que é pouco, e para não discutir, aumento a quantidade, e mesmo assim permanece sua dúvida se atenderia aquela ­gente toda. Com as casquinhas no forno, começo a empanar e fritar os peixes e também a preparar os pastéis.

De repente uma correria, minha filha entra apressada para dar um banho na minha netinha que tinha feito um cocozinho no escorrega e nem precisa comentar sobre as consequências.

Para acalmar o ambiente, as casquinhas começaram a ser distribuídas e claro, foram aprovadas por todos, inclusive por algumas das crianças. A Chef entra na cozinha e naquele momento cai a ficha quanto a quantidade de bobó, diz ela que acha que vai sobrar, sem saber que quase a metade da mandioca estava no freezer, mas alertada pela filha, fica em dúvida quanto ao arroz, neste momento eu me concentro para não responder, olho as casquinhas no forno, verifico o óleo na panela, fecho os pastéis para fritar, empano os peixes e solicito com delicadeza que saia da cozinha e termine de arrumar a mesa.

Sai a mãe, entra a filha:

- Papai, fez mais arroz?

Não dei uma resposta para não criar problema, tomei um gole de cerveja, que não pode faltar na culinária, disse que sim, e pedi para que ela também saísse da cozinha. Imaginei aquela figura da empregada segurando uma vassoura em uma mão, um rodo na outra, um balde na perna e o patrão entregando a ela um espanador, e ela pergunta onde ele quer que enfie.

Alguns minutos depois, as crianças prontas para serem atendidas, arroz na mesa, peixe frito e alguns pastéis, para acalmar os adultos. E logo em seguida o bobó na mesa. As mamães felizes, principalmente a Chef, o almoço foi um sucesso, coroado com as tortas alemã e de morango. E na cozinha, com cara de um filme de trapalhões, várias casquinhas prontas, uma porção de recheio para os pastéis, e um panelão de bobó, que parecia não ter sido tocado, mesmo depois que todos almoçaram e alguns até repetiram, e por incrível que pareça, mesmo todos levando marmitas generosas de bobó e pedaços de tortas, ainda sobrou bobó e arroz por mais alguns dias em casa.

Passado o almoço, por volta das 22h da noite, foi possível fechar a cozinha e ir descansar, e o mais importante, foi um feliz Dia das Mães, que esperamos repetir, mas nas casas das outras mamães, de preferência.


segunda-feira, 1 de maio de 2023

Entrevista com o Vampiro, digo, Zé Neto

 Abril passou muito rápido, bem mais do que imaginava, com vários acontecimentos, alguns tristes, e acabou por atrasar a publicação da Entrevista do Mês, mas antes um pouquinho fora do horário do que nunca, e é assim que vamos fazer, nos últimos minutos de abril, e antes do raiar do sol de maio, conseguimos fechar a homenagem a mais um dos nossos amigos, conhecido como um dos maiores CDF da turma, cresceu, conquistou seu espaço graças à sua determinação e dedicação ao estudo, e hoje é mais um baiano entre nós.

Reginaldo Pinheiro Nogueira, ou simplesmente Regis, por incrível que pareça, nasceu no Acre ( acreditem, nasce gente lá... ) e ele aturou muito nossas piadas e gracejos em relação à sua origem. Mas acima de tudo era, e ainda é, daqueles amigos que o tempo não atrapalha e a gente nunca esquece, e que só se afastou da turma porque muito jovem foi estudar na Marinha, depois no IME, e daí seguiu seu caminho, e é um pouco de sua história que vamos conhecer agora.

Quanto ao título, dado pelo próprio Regis, é mais um para a coleção, mas que ele vai explicar direitinho quando chegar no Rio, com uma garrafa de whisky nas mãos, claro.

Mas antes, nossos PARABÉNS para a grande turma de abril:

02 - ELOÁ LYRIO
06 - MARCOS LYRIO
09 - José                 ( neto GODÁ GODEI )
10 - MILTINHO
11 -TAMBA
11 - RÉGIS
14 - Dr. ARI
16 - FÁBIO            (Correa de Baixo)
16 - Be-be-bel         ( Gaguinho )
17 - FRANGO DEL
17 - Dª EVA           ( mãe Armandinho - faz 102 anos)
18 - BIEL               (neto DRINKS)
20 - SÉRGIO FALCÃO
22 - ZÉ FRANGUINHO
23 - ISMAEL        ( in memorian )
25 - Paulinho        (neto DRINKS)
26 - NELSINHO
28 - MAURINHO     ( in memorian )
29 - Pedro            (filho KIBE)
29 - ÇABECA DE CAROPI
29 - Patrícia         (filha FRANGO)
e
11 – PQD FDP    (todos os meses)


1                    De onde você veio?

Nasci em Rio Branco, Acre. Acho até que vcs já sabem, ou, pelo menos, sabem mas esqueceram. Sempre sou zoado por causa disso (nasce alguém no Acre?). O fato é que meus pais eram de Xapuri (meu pai João Augusto) e Brasiléia (minha mãe Regina). Vieram de famílias bem humildes e trabalhadoras. Meu pai não tinha o primário e chegou a trabalhar como seringueiro. Com esforço e criatividade, aprendeu a profissão de alfaiate, virou comerciante em Rio Branco, depois comprou uma olaria e fazia tijolos e vendia para a prefeitura. Quando eu cresci, já tínhamos um padrão de vida bom, para a cidade. Rio Branco, naquela época, era isolada, sem acesso por estrada. Só se chegava lá de barco no período da cheia (Novembro a Março) ou de avião, duas viagens por semana, um DC-3 da Cruzeiro do Sul, para os barões, e outro da FAB, pelo Correio Aéreo Nacional, antigo CAN, para a galera sem grana como nós, que ficávamos na lista de espera, aguardando vaga.

Minha mãe veio foi ao Rio, nos idos de 1958, para tratamento de saúde. Na época era funcionária concursada do IBGE. Ficou uns poucos meses até encerrar o tratamento. Só que quando viu o Rio decidiu que não iria criar os filhos no Acre, aquele fim de mundo. Arrumou uma transferência para o IBGE do Rio, que era a sede por ser o DF, e, dois anos depois, desembarcava comigo e minha irmã, na Cidade Maravilhosa. Meu pai topou, mas só iria quando encerrasse seus negócios em Rio Branco. O fato é que, três meses depois, arribava também, deixando a liquidação do seu patrimônio nas mãos de procurador. Como era previsível, deu merda, e o procurador não mandou nada, motivo de algumas dificuldades que passamos.

Mas, apesar de difícil, sempre agradeci a minha mãe por essa decisão, meio louca, mas de muita coragem. E coragem e iniciativa não lhe faltavam. A vida dela daria outra entrevista ou livro, bem interessante, por sinal.

Quando fomos morar na Ferreira Viana, no 56, a previsão era no tempo da “chuva passar”, ou seja, receber o dinheiro do Acre, que nunca veio. Mas isso é outra história que não interessa aqui.

Cresci, portanto, na Ferreira Viana, no 56, um conjugado. Lá, fiz amizades, me integrei na turma, e me diverti muito, superando os problemas. Cedo, descobri que eu, sozinho, teria que me desenvolver e progredir. Meu pai, por mais inteligente que fosse, não tinha “background” para me aconselhar na vida profissional. Minha decisão foi estudar, e foi o que fiz, desde pequeno. Em todo o ginásio, no Rivadávia Correia, perto da Central do Brasil, só tive duas notas vermelhas. No 4º ano, a menor nota de todas foi um oito.

 

2                    Como chegou na Correia Dutra, mesmo morando em outra rua?

Vida que segue. Eu tinha um amigo, vizinho, chamado Milton. Andávamos sempre juntos e ele, apesar de vascaíno, começou a fazer judô no Flamengo, na sede Velha. Eu gostei da ideia, mas não tinha como pagar uma academia. Comecei a encher o saco de meu pai para ser sócio do Flamengo, para frequentar as aulas de judô.

 Isso demorou bastante tempo, mas meu pai, com todo o sacrifício, comprou o tal título de sócio patrimonial. Só que, aí, o entusiasmo tinha diminuído. Não me matriculei imediatamente. Aí é que entra a turma da sede Velha.

Já nessa época, eu era fissurado em jogar bola, participar de uma pelada. Eu ia para as quadras do aterro e ficava pedindo vaga nos grupos já formados. Cheguei a fazer amizades por lá. Num desses dias. Tinha um baba num espaço de atividades físicas, que não sei se ainda existe. Ficava num plano mais baixo, em frente à Correia Dutra, ao lado do local onde, depois, instalaram um avião da Varig, como museu. Eu, como sempre fazia, parei do lado e pedi vaga. Dois garotos me deixaram participar. Jogamos até escurecer. Quando terminou, papo vai, papo vem, eu falei que era sócio do Flamengo. Aí, foi festa, as portas das peladas das tardes foram abertas. Os garotos que me deixaram jogar eram o Carlos, que depois foi para Petrópolis, e o Della. Na pelada conheci alguns dos outros, como o Zé e o Byra. Havia alguns outros, mas eu não saberia dizer se estavam no aterro nesse dia. Mas tinha o Chiquinho, Gaguinho, Ari, Palito, o Gordo, goleiro, Ismael, Anderson, Betinho, Manga, Antero, Boiadeiro, Peixe... caramba, bons tempos. Tinha mais, se eu me lembrar, eu falo.

 

3                    E quais são suas lembranças de nossa época?

Muitas. Muitas.

Eu estudava de manhã. Chegava em casa por volto do meio-dia, almoçava e sumia para a sede Velha. Lá, normalmente já havia alguns fominhas e ficávamos sentados encostados nas paredes laterais, na sombra, em cima das canaletas de águas pluviais que havia nas laterais, esperando os demais chegarem. Quando tinha o suficiente para dois times, dividia ali, na hora, e mandava ver. Quem chegava depois disso tinha que formar o time de fora e esperar o jogo terminar. Quem vencia ficava, quem perdia saía. Isso rolava todos os dias, exceto domingos, que a sede Velha fechava.

Nessa hora, há que se falar e lembrar da caravana que montávamos para ir à sede da Gávea. Lá pegávamos piscina e disputávamos as quadras com a turma de lá, o que gerou ciúmes dos “inimigos”. Eu lembro que uma vez nós ganhamos deles no salão. Aí, eles desafiaram para jogar campo (havia um campo ao lado do muro do posto). Ganhamos também, e deu briga.

Mas quem viabilizava essa caravana era o “Seu” Arimatéia, com sua Vemaguete. Enchia o carro de crianças, e lá íamos. E voltávamos. Grande seu Ari.

Por falar em briga de pelada, lembro também de um jogo contra a turma do Russel, no campo deles. Ganhamos de 3 a 2, eu fiz os nosso três. Mas o ambiente era tão pesado que o juiz, que era deles me ameaçou, quando marquei o segundo gol. Ele chegou meu ouvido e falou que se eu fizesse mais um eu iria apanhar tanto que voltaria para casa de ambulância. Quando marquei o terceiro, ele passou a apitar do meu lado. Eu ia para um canto, ele ia atrás, andava para o outro, ele também. Eu pensei, tô fudido. Quando faltavam pucos minutos para terminar, o Della (acho que foi), veio me avisar que quando alguém deese o sinal, sairíamos correndo, mesmo antes da partida terminar, e os pertences de cada um já tinham sido levados, era só correr. Parece que todos estávamos marcados. E foi o que aconteceu. Alguém gritou e nós disparamos. Eu só parei na grade do Palácio do Catete.

Bons tempos.

Lembro do Tião, que mandaram da Gávea para nos “treinar”. Se não me engano, era às terças e quintas. Eu jogava de pivô, gostava de fazer gol. Tião, não sei por que, achou que eu era goleiro, e me fazia treinar como tal. Eu dizia: Tião, eu não sou goleiro, o Antero agarra muito mais. O Manga também. Ele só respondia que sabia o que estava fazendo. Essas histórias são de 1966. Até que, no início de 1967, ele me levou para treinar com o time de futebol de salão do Flamengo, na Gávea. Eu chamei o Tião, de novo, e pedi para chamar o Antero, Manguinha, Betinho, que eram melhores. Ele insistiu. O técnico de salão da época era um camarada chamado Telê (não sei se era o grande Telê, antes de treinar os profissionais do Flu, acho que não). Tião me levou até ele e me apresentou como o futuro goleiro de futebol de salão do Flamengo. Eu gelei, nessa hora.

Mas frequentei os treinos por todo o mês de fevereiro. Telê me colocava no time reserva. O goleiro titular era um sujeito bem maior do que eu, meio gordinho. Eu sei que os caras vinham trocando passes, chegavam perto da área e mandavam ver um foguete, com aquela bola infantil de futebol de salão. Eu nem via por onde entrava. O gordinho do outro lado pegava tudo. E eu pensava, o que estou fazendo aqui?

Quando chegou Março, as aulas do Curso Tamandaré começaram, pela tarde. Aí, conflitou com os treinos na Gávea. Eu decidi me dedicar ao Curso. Tinha resolvido fazer concurso para o Colégio Naval e fui fazer o que sabia, estudar. Comecei a me separar da turma da CD nessa fase.

Outra coisa que lembro da turma da CD, aí, já fora das quadras. Nos domingos à tarde costumávamos ir ao cinema. Vestíamos a domingueira e íamos; Asteca, São Luiz, Politheama, dependia da grana. De vez em quando havia uma festa, em que também íamos em grupo.

Tem uma coisa interessante, tipo coincidência, que me matou de vergonha na época, mas logo virou motivo de risada. As meninas que eu me lembro eram, entre outras, a Catarina, a Emebene (pequena, mascote na época), a irmã do Betinho, que vim a conhecer melhor alguns anos mais tarde, na Ferreira Viana mesmo, e tinha a Beth, com quem cheguei a brincar de namoro. O fato é que a Beth, além de bonita, era um doce de pessoa. Muito simpática, amável e bastante receptiva em termos sociais. Algum tempo depois que eu me afastei, estávamos, nós da turma Ferreira Viana, num sábado, sem ter o que fazer. Alguém chega e diz que tem uma festa na CD, mas ele não conhecia os donos, mas achava que podíamos chegar lá. E fomos os três, subimos, a porta estava aberta, entramos. Me dei conta, então, de que a festinha era na casa da Beth.  Eu chamei o Beto, um dos colegas da Ferreira, e avisei, olha vou sair fora. Conheço a dona da festa e não quero que ela me veja. O Beto, nem deixou eu terminar. Foi do outro lado da sala, chamou a Beth, a trouxe dizendo “é essa menina que é sua amiga?. Eu queria me enterrar na areia, mas a receptividade foi grande. Ela formalizou convite para os dois que foram comigo e foi uma noite agradável.

Bons tempos.

Alguns anos depois, teve ainda a história da irmã de um amigo da Silveira, chamado Luiz Antonio, ou Gordo. Ele tinha uma irmã, não me lembro o nome, um pouco mais nova. Uma moça muito bonita, sempre conversávamos. Nessa época, eu já estava na marinha e só vinha para casa em fins de semana de 15 em 15 dias. Era nesses finais de semana que eu me integrava com o pessoal da Ferreira e outros conhecidos, inclusive o Gordo. Essa menina, irmã dele, um dia passou por mim e trouxe uma amiga para me apresentar. Era a Beth. Rimos bastante, mundo pequeno. Beth já era moça formada. Se já era bonita, estava muito mais. Mas não tocamos no assunto do namoro. Adolescência é uma fase tímida.

Bons tempos.

 

4                    Vc sumiu por algum tempo. Por onde vc andava? O que vc fez?

Como eu disse, em 1967 decidi fazer concurso para o Colégio Naval. Fiz o Curso Tamandaré, que ficava no Largo de São Francisco. Estudava no Rivadávia de manhã e cursava á tarde. Não tinha mais tempo para jogar bola na sede Velha. Outra coisa que já citei é que, cedo, descobri que se não estudasse, iria ficar andando de lado a vida toda. Por isso, a dedicação era integral.

Felizmente, passei no concurso em primeiro lugar. Por isso, sou “zero um” de turma e meu número de identificação (espécie de CPF naval) termina com 01. Aliás, só como registro, depois que saí da Marinha, sempre mantive contacto com a Turma, e sou ainda chamado de zero um da turma, o que me lisonjeia bastante. Tenho muitos amigos lá.

Passei 2 anos em Angra dos reis, de onde só vinha ao Rio de 15 em 15 dias. Chegava na sexta-feira de noite e voltava domingo depois do almoço. Meu tempo era muito curto e, normalmente, não dava para fazer tudo o que queria ou precisava. Algumas vezes, tinha compromisso de família. Algumas vezes, namorada. Outros compromissos com os colegas da turma do CN. Enfim, perdi contacto com muita agente.

Depois do CN, ensino médio, vem a Escola Naval, na Ilha de Villegaignon, atrás do Santos Dumont. Só que, mais uma vez, resolvi mudar o rumo da minha vida. O raciocínio era simples. Eu decidi ser engenheiro. Na Marinha, precisava esperar 7 anos para me qualificar par o Quaro de Engenheiros, quando começaria a cursar engenharia na USP. Então, pensei, se eu queria ser engenheiro, por que esperar os 7 anos para começar, se eu poderia sair e fazer vestibular aqui fora. Aí, decidi que se era para fazer isso, só serviria o IME, por diversas razões que não vem ao caso. Nem o ITA serviria, pois não tinha como me sustentar em S. J. dos Campos.

Então, fiz o Curso Bahiense e passei. Fiquei lá de 1971 a 1975. Também, nessa época, decidi ganhar um pouco de dinheiro. Sempre levei uma vida muito apertada. Não me faltava nada do básico, mas a falta de grana era um problema. Comecei a dar aula no Bahiense em 1971. Comprei meu primeiro carro com 20 anos. Em 1972, comecei no MCB. Em 1973, me empreguei numa firma de instalações elétricas, em 1974, comecei a fazer estágio na Light. Então, nesse ano, eu tinha compromissos com o IME, dois cursos para dar aula, um emprego de assistente técnico, e um estágio. Pifei. Os cursos me davam a vida social que queria (não faltavam alunas querendo sair), os empregos a grana para pagar essa vida social (custa caro!!) e o IME, a perspectiva de futuro. Mas não deu para continuar assim.

Pedi demissão do emprego na empresa de eletricidade, diminuí minhas aulas e fiquei só com dois dias em cada curso, à noite, e mudei o estágio para a Eletrosul. Tudo melhorou, passei a administrar melhor meu tempo, meu rendimento na faculdade subiu, e muito, e passei a dormir melhor.

Isso explica por que não tinha como estar próximo de vocês, na CD. Nessa fase, me afastei involuntariamente até dos amigos da Ferreira.

Quando saí da faculdade, tinha a oportunidade de mudar para Florianópolis, com a Eletrosul, mas decidi ficar aqui no Rio. Fui trabalhar na Nuclebrás, fui chamado pela Internacional de Engenharia (que Deus a tenha), fui para a Albras, montei uma empresa de redes e telecomunicações, e, finalmente, decidi ir para a Receita Federal. Fiz concurso para Auditor em 1994 e entrei em 1997. Todas essas passagens têm histórias, que dariam outra entrevista.

 

5                    E a família? Conte como foi nesse tempo todo?

Em todo esse tempo, fiz duas famílias. Tenho quatro filhos.

A primeira foi com uma ex-aluna do Bahiense (só me aproximei dela e começamos a namorar algum tempo depois do curso!!! Não foi affair professor-aluna). Mas começamos a namorar, e ficamos nisso até 1978, quando me casei. Ela também é engenheira, formada na PUC. Também estudou no Pedro II do Humaitá e foi colega do Sirico (acho que é esse o nome dele, oh! Memória) da Silveira Martins.

Com a Angela tive 2 filhos: Victor e Larissa. Victor é engenheiro metalúrgico UFRJ, com mestrado em engenharia oceânica pela Coppe. Hoje, trabalha e mora em Houston, no Texas. Larissa também é engenheira, química, pela UFRJ. Tem mestrado e Doutorado pela Coppe em engenharia de produção, especialização planejamento energético. Mora e trabalha em Amsterdã, mas em processo de mudança para Bonn, na Alemanha, para trabalhar na IRENA, agência da ONU para energias renováveis.

Em 2000 me separei e me casei novamente em 2002 com uma baiana. Em 2005 decidi sair do Rio e mudei para Salvador, aproveitando a estrutura familiar já montada. Cíntia é advogada e, quando nos casamos, já tinha escritório próprio em Salvador, que não conseguiu tocar do Rio. Então, virei baiano.

Com Cíntia tive mais dois filhos. Giullia, com 19 anos, fazendo faculdade de programação de jogos. E Luiz Felipe, 14 anos, ainda no 9º ano EF.

 

6                    E hoje? O que vc faz? Já se aposentou?

Hoje eu trabalho exclusivamente na Receita Federal.

Quando fiz o concurso, a pretensão era garantir uma aposentadoria melhor que a do INSS. Eu tinha a empresa e, como todo empresário sabe, o futuro é incerto para os empreendedores no Brasil A Receita era uma saída que se mostrava factível Fiz o concurso e passei.

Só que as mudanças da CF88 de 1998 e 2003 acabaram com essas pretensões. Então, quando decidi mudar para Salvador, saí da empresa.

Já poderia me aposentar há mais de 10 anos atrás, mas continuo na ativa, por decisão própria. Meu maior medo é me aposentar e ficar em casa. Sempre tive uma vida muito agitada para ficar parado. Tanto que mesmo aposentável, com mais de 70 anos, acabei de concluir o Mestrado em Administração na UFBA. Defendi a Dissertação em fevereiro. E vou procurar mais coisas para fazer.

 

7                    Considerações finais.

Zé, demorei para começar a escrever ou responder a essas questões básicas sobre minha vida. Mas, agora, que começamos e engrenamos, as lembranças vêm à tona e, se não parar de escrever de ofício, continuo por horas. É muito bom relembrar o passado, quando se foi feliz com ele.

Como deixei transparecer, tive uma vida muito difícil. Algo que deveria ser fácil, como a transferência de meu pai para o Rio, se tornou o grande problema de vida.

Mas essas dificuldades não representaram, nunca, infelicidade. Fui uma criança, um adolescente e um homem feliz. E ainda sou, graças a Deus. Sempre tive o básico e mais o amor e respeito de meus pais e minha irmã. Não tenho arrependimentos. Talvez, com a experiência de hoje, faria algumas coisas de forma diferente.

Assim, relembrar tudo isso foi fantástico. Tenho um pouco de inveja quando vocês publicam no grupo fotos e contam histórias dos carnavais, acampamento, penetras no Mourisco (isso eu fiz também), mas eu também vivi histórias parecidas. Turmas que mantêm esse convívio de tantos anos, eu só conheço entre os militares, dado o seu espírito de corpo.

Espero que tenha contribuído, com as minhas histórias, ou minha visão dos fatos, para trazer outras lembranças à turma.

Planejo ir ao Rio em Julho. Aviso com antecedência para organizarmos um encontro fora de época. Eu levo o whisky.

 

Um grande abraço