Não poderia deixar de registrar em nosso grupo a visita que fizemos ao casal Betinho Chahaira e Rosa, em Bela Vista do Paraíso, Paraná, na semana passada. Esse programa foi o pagamento de uma promessa que há, aproximedamente, 30 anos fizemos ao Beto, em sua despedida do Rio de Janeiro, quando ele foi aprovado no concurso para o Banco do Brasil e firmou sua residência em Bela Vista. A oportunidade surgiu agora, quando o Fabio se aposentou e ao comentar com ele sobre essas situações de aposentaria, lembramos do Beto (já aposentado) e da antiga promessa de visitá-lo. Papo vai, papo vem, resolvemos concretizá-la e assim fizemos.

Chegamos a casa do casal e a Rosa, ainda não familiarizada com seus hóspedes, caiui na besteira de dizer "sintam-se à vontade, como se estivessem em casa", não houve tempo de arrependimento. Estava dito. Claro que obedecemos ao pé da letra.....
Primeiro registro negativo: após longo tempo de afastamento, tinha que ter uma pegadinha.... o Beto, de sacanagem, me colocou para dormir no quarto vago de nossa sobrinha: Letícia. Um 'antro' de b-o-t-a-f-o-g-u-e-n-s-e. Um castigo.... me vi num verdadeiro 'canil'..... cercado de símbolos horrorosos.... me coçando todo..... entendi logo porque a 'Brenda' , mascote da casa, quando Letícia está em casa, se apressa em deitar naquela cama - seu habitat - tentei negociar uma troca e eles foram irredutíveis. Seria o preço a pagar... uma verdadeira tortura, que merece registro e repulsa. Mas resisti, heroicamente. Passado o choque, fui pensando.... e entendi que não seria de todo ruim, afinal, quem sabe se o Senhor não me enviou àquele lar com uma missão? De redimir uma jovem... minha estada naquele resinto poderia 'exorcisar' o mal, e 'limpar' o ambiente. Entendi que a minha missão seria pu rificar àquele ambiente com a alma rubronegra e deixá-lo em condições para a sobrinha Leticia, quando retornar, sentir-se mais leve e aliviada do mal de ser botafoguense, transmitido pela genética de seus pais. Afinal, ela é inocente nessa questão.
Mas, não parou por aí. Acordando no dia seguinte, de uma noite mal dormida, ao arrumar algumas coisitas em cima de uma bancada, reparei, ainda sonolento, no espelho acima da bancada, um plástico desprentesiosamente colado com os seguintes dizeres: "Morro de saudades de..... São Paulo". Foi a gota dágua. Fiz um verdadeiro escarcéu: chamei o Fábio (como testemunha) e o casal e desabafei: "Quarto e cama de botafoguense, ainda posso suportar (depois de registrar minha repulsa), mas, quarto de botafoguense com plástico de 'saudades de S. Paulo.....' é muito..... vou dormir na sala.... no banheiro... aqui não fico". Percebendo o meu estado de desespero, Rosa, rindo, me acalmou.... "Calma,...." e o Beto, mais uma vez, demonstrou a velha amizade: "Isso não... jamais faríamos isso com vocês... Leia de novo...", mais calmo, comprovei que eles tinham razão, a ordem certa da escrita era: strong>"Saudades de Morro de São Paulo"..... ufa!!! um alívio. Não necessitei do médico que eles estavam quase providenciando. Algumas cervejas foram suficientes para voltar à normalidade.
Fomos ao café da manhã.... Rosa, uma verdadeira anfitriã, fez tudo para nos agradar. Embora desacostumada, ainda, com o nosso jeitinho carioca, imediatamente resgatado em Beto, após algumas horas de reaproximação. Apesar dos diversos tipos de pães, frutas e outros acepipes deliciosos, fizemos um 'pacto'correiadutrano, ao qual o Chahaira imediatamente se incorporou, sem que Rosa se apercebesse, de delicadamente 'denunciar' que "sempre faltava alguma coisa..."..rsrsrs.... logo no primeiro dia, após Rosa deixar vazar, inocentemente, que achava o seu café ótimo, passamos, TODOS OS DIAS, a comentar que nunca havíamos experimentado um fabuloso café igual aquele, MAS.... estava faltando: ovos fritos......rsrsrsrs.... no dia seguinte, os ovos se apresentaram, MAS...não havia 'granola'....rsrrsrs..... ela começou a desconfiar da pequena sacanagem programada, pedia socorro ao Beto, que cinica mente, se possicionava ao nosso lado (mesmo correndo o risco de ter uma esposa brava ao lado.... ), não tardou acusarmos a ausência do bolo de milho.....rsrsrs... Por fim, ao findar nossa estada, no último dia, tivemos um café 'cinco estrelas'... até melancia apareceu...rsrs.... e, claro, não faltou o nosso comentário: "mas com caroços????" rsrsrsrs...... Obrigado Rosa, pela paciência e pelo humor. Obrigado Chahaira, pela velha cumplicidade. Beijo ao casal.
Após o laudo café, no primeiro dia, fomos apresentados aos mais intímos amigos do casal. Papo agradável, conversa fiada e quando a noite chegou, já estavámos enturmados e o freezer vazio.
No segundo dia rolou um mocotó..... muito especial. Os amigos retornaram e, entre muitas cervejas, o papo ficou mais liberal e participativo. Olha gente, com aqueles amigos, o Chahaira não precisa de inimigos. Eu e Fábio assistimos uma verdadeira sessão de pega-no-pé da Rosa....rsrsrsrs....... entre outras coisas, eles demonstravam a 'ciumeira' por estarmos lá e botaram pra fora, entre algumas provocações: "poxa, precisou vocês virem aqui para podermos ser recebidos com mocotó", "ainda não conhecíamos a casa do Beto" , "amanhã vai ter churrasco, cuidado quando colocar carvão, vai acordar os morcegos"..... e outras pérolas....rssrs... até um 'toldo' que protege a área da churrasqueira do vento frio dessa época serviu para as provocações: "poxa, Rosa, esse toldo não tinha.... vocês mandaram colocar por causa deles?", claro, que tudo fizemos para amenizar a situação, por exemplo, após os comentários sobre o toldo, acrescentei: " Fabio, agora dá para entender porque a Rosa estava apagando com redutor a frase escrita no toldo 'Bem vindos cariocas', quando chegamos...." . Rosa ficou apavorada com a rápida cumplicidade reinante...rsrs
O terceiro dia foi o ápice. Beto programou um churrasco regado a 'roda de samba'. Tomamos o ótimo café da Rosa. Passamos a tarde de papo, beliscando e bebendo, preparando o espírito. Fim de tarde, começam a chegar os pagodeiros, cantores, ritmistas e agregados. Como nos velho tempo, rapidinho 'casa cheia'. Surdo, repiniques de mão, tamborim, pandeiros, banjo, cavacos e violão. E ninguém fez feio. O samba, realmente, é universal, tinha até japonês no samba. Entre tira-gostos, churrasco, cervejas e um J.W. 12 anos, o movimento rendeu atá 04:00 h. Para vocês entenderem o espírito generoso e anfitrião de Rosa e Beto, ás 04:00 h, quando só havia brasa na churraqueira e Beto já mais prá lá que prá cá, assim como os demais, o 'quórum' era somente do casal e seus hóspedes e três pagodeiros que findavam a retirada dos instrumentos. Rosa percebeu que o Beto e os pagodeiros não foram à mesa onde a janta (complementos do churrasco) haviam ficado expostos à noite toda e detectou que eles estavam com fome. Como os pagodeiros iriam de carro para Londrina (não passariam pela Lei Seca, garanto) deveriam comer alguma coisa para diminuir o teor alcoólico. Não conversou, esquentou o arroz e preparou pratos para o Beto e os pagodeiros. Meio sem graça e surpreso com o improvável tratamento, eles relutaram em não dar trabalho e um deles, afim de 'brincar' com Rosa e justificar a 'falsa falta de apetite', fez um gracejo:"só se fritar um ovo...." (parece até que eles sabiam de nosso pacto.....rsr), mas ele foi novamente surpreendido, não esperava a reação da Rosa. Sem tirar o sorriso do rosto, ela fritou dois ovos para cada um, inclusive para o Beto, e de forma incontestável fez os respectivos pratos. Eles tiveram que se dobrar.... e o Beto, obedecer.....rsrsrsr.... Por esse exemplo, vocês começam a entender porque o Chahaira não retornou ao Rio, foi em Bela Vista que ele colheu a Rosa de sua vida.

Sobre a cidade, conhecemos a frente e os fundos da Igreja (não no mesmo dia, é claro.), o Banco do Brasil, onde Beto trabalhou, a avenida Central, algumas portas de fazenda e outros lugares típicos. Mas, o que mais nos chamou a atenção, e foi registrado em fotos: os postes de distribuição de energia elétrica colocados NO MEIO DA RUA, das principais avenidas. A dúvida, ainda em pesquisa, é se servem como redutores de velocidade ou para 'divisão' de pistas???? o Chahaira ficou de responder.
Tería muito mais assunto para comentar, o que tornaria o texto mais longo. O que procurei nessa resenha, foi dividir com vocês 'os melhores momentos' do pagamento de nossa promessa e a confirmação de que se justifica plenamente a fixação de nosso irmão Beto Chahaira em Bela Vista do Paraíso. Ele e Rosa formam um casal harmonioso, que se completam e se amam. É transparente o carinho, o cuidado e o respeito que cada um tem com o outro. O nome 'Rosa' não é ao acaso, é uma alusão à plantinha do amor que deve ser regada todos os dias para não secar, e eles formam um belo par de jardineiros. Ficamos emocionados, de verdade, ao nos despedirmos no aeroporto. Foi muito rápido, quando reina a harmonia, o tempo passa depressa.
Paga a promessa, espero que possamos refazer esses momentos em outras oportunidades. Como o Tadeu disse-me em certa ocasiâo: "Não é a distância que afasta os verdadeiros amigos".

Obrigado Fabio, pela amizade de sempre e pela companhia. Foi muito bom compartilhar esses momentos com você, e agora com os demais.
Beijos em todos,