quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Um texto para nós

Recebi este texto de nossa amiga Rose Pedersoli, hoje vivendo na Alemanha, e o que chamou nossa atenção é que parece que foi escrito para nós, ou por nós.


Morei minha infância em Brasília.
Naquela época era punk tirar uma nota boa. 8,5 pra cima. Eu era da turma da média 5. Quando chegava bem faceiro em casa com as notas boas, ou seja, acima de 8,5, sacrifício, quase meus pais diziam:
- Parabéns! Não fez mais do que a obrigação, pois você não faz mais nada além de ter a obrigação de estudar.

Nessa época não tínhamos Bolsa Família.... Tínhamos uniformes e material escolar comprados pelos nossos pais e não tínhamos celular... As pesquisas de escola eram feitas em bibliotecas da escola ou públicas e nas enciclopédias . O trabalho era escrito à mão e na folha de almaço, a capa era feita com papel sulfite. Tinha dever de casa pra fazer, a Educação Física era de verdade e ainda cantávamos o Hino Nacional no pátio antes de ir para a sala de aula.
Na escola tinha o Gordo; a Magrela; a branca azeda; Quatro Olhos; a Baixinha; Olívia Palito; o Palitão; o Cabelo Bombril; o Negão; Piriquito; Narigudo e por aí vai... Todo mundo era zoado, às vezes até brigávamos, mas logo estava tudo resolvido e seguia a amizade... Era brincadeira e ninguém se queixava de bullying. Existia o valentão, mas também existia quem defendesse. O lanche era levado na merendeira (bolacha de maisena e ki suco). Qd tinha dinheiro comprava salgado, Coca , biscoitão na cantina por R$ 1,00 pacotinho de paçoca e o bolso cheio de bala ou pirulito... Éramos ricos com 1,00 kkkkk
Época em que ser gordinho(a) era sinal de saúde e se fosse magro, tínhamos que tomar o Biotônico Fontoura 🤢. A frase "peraí mãe " era para ficar mais tempo na rua e não no computador ou no celular...
Colecionava-se figurinhas, bolinha de gude, papéis de carta, selos! As brincadeiras eram saudáveis, brincávamos de bater em figurinhas... e não nos colegas e professores. Adorava quando a professora usava mimeógrafo e aquele cheiro do álcool tomava conta da sala😍
Na rua era jogar bola, pular elástico, queimada, pique-esconde, polícia e ladrão; andar de bicicleta ou carrinho de rolemã; soltar pipa; e ficar na rua até tarde. O mais legal era visitar os avós em Minas e passar o dia todo brincando no pasto, pulando cerca. Comia na casa dos colegas e qdo entrava tomava esporro por isso.
Não importava se meu amigo era negro; branco; pardo; rico; pobre; menino; menina, todo mundo brincava junto e como era bom. Bom não, era maravilhoso! Assistia Pica-Pau; Tom e Jerry; Pantera Cor de Rosa; Papa Léguas; Sítio do Pica-Pau Amarelo; Corrida Maluca, e vários outros...
Que saudades desse tempo em que a chuva tinha cheiro de terra molhada! Época em que nossa única dor era quando passava Merthiolate nos machucados 😊. Felizes em comparação com esse mundo de hoje onde tudo se torna bullying. Nossos pais eram presentes, mesmo trabalhando fora o dia todo, educação era em casa, até porque, ai da gente se a mãe tivesse que ir à escola por aprontarmos. Nada de chegar em casa com algo que não era nosso, desrespeitar alguém mais velho ou se meter em alguma conversa. Xiiii... Era um tapa logo ou só aquele olhar de "quando chegar em casa conversamos ( já sabia que iria apanhar 🙈)".
Tínhamos que levantar para os mais velhos sentarem. Fico me perguntando, quando foi que tudo mudou e os valores se perderam e se inverteram dessa forma?
Subir na traseira dos caminhões; apertar campainha das casas e apartamentos e sair correndo... 🙋‍♂🙋‍♂🙋‍♂
Se você também é dessa época, copie e cole no seu mural, mude o que for necessário.
Copiei e colei, não tive muito o que mudar pois foi exatamente assim que vivi minha infância. Claro que tive um sorriso no rosto enquanto lia esse texto e relembrei de vários bons momentos...

Quanta saudade, quantos valores, que para esta geração não vale nada! Grato por tudo que vivi e aprendi.
Copiado do André Saliba
Fui muito FELIZ!

sábado, 26 de outubro de 2019

Confraria da Corrêa Dutra & Amigos


N
os anos 50 chegamos na Correa Dutra. Aos poucos fomos crescendo e nos juntando. Nosso primeiro passo foi num pré, uma espécie de creche, que funcionava na Sede Velha do Flamengo. Ali fizemos nossas primeiras amizades e conhecemos o local que seria uma das bases de nosso desenvolvimento.
Um ano depois, uma boa parte de nosso grupo, presente até os dias de hoje, foi para a Escola Rodrigues Alves, na esquina das ruas Silveira Martins e Catete. E nos anos seguintes, 60 e 70, realmente formatamos uma turma que para nossa alegria está mais do que viva até os dias de hoje.
Neste período, anos duros da época dos militares no poder,  poucos foram os que se aventuraram nas ruas e hoje  se lembram como heróis, de algumas borrachadas que levaram. A grande maioria curtia e participava das peladas no recém criado Aterro do Flamengo, na Sede Velha , Gávea e no Fluminense, onde alguns se destacaram e até foram Campeões Cariocas de futebol de Salão, o Futsal de hoje.
No Aterro, a turma se dividia em alguns times, com destaque para o Sede Velha, Ordem e Progresso, Embalo e o AVEC. Seguíamos os passos de uma geração anterior  onde brilharam o próprio Ordem e Progresso, sempre comandado pelo saudoso Capitão, o Correa Dutra, que doou seu uniforme para o nosso Sede Velha, o Ferreira Viana, time de origem de Filé, um dos grandes nomes do Aterro , que pegou fama jogando pelo Ordem, Milionários, Capri, que formou um bom time para jogar em nossa faixa, e revelou Paulo Sérgio (Paulinho) como goleiro do Fluminense e da Seleção brasileira. Tinha também o Morrone (Movimento dos Oito Rapazes que Riem Onde Ninguém se Entende), que proporcionou uma goleada, talvez a maior nos Campeonatos do Aterro, de 47x0 sobre o Embalo do nosso conhecido Luizinho.
Era a época dos Campeonatos de Master no Aterro, onde assistimos de perto craques como Newton Santos e Jair da Rosa Pinto, entre tantos outros, em jogos comandados pelo estrelíssimo Margarida.
O tempo passou, e como uma família, nos dividimos em vários lugares, de norte a sul, e leste oeste do país, e até no exterior, mas para nossa alegria, uma boa parte desses amigos, companheiros de infância e adolescência, e que com orgulho me incluo nela, continuamos juntos, alguns não fisicamente, mas todos unidos pelo coração e mente.
E num final de ano, de 1999, junto com um pequeno grupo, nos reunimos num bar da Bento Lisboa para uns drinks e decidimos que, pelo menos uma vez por ano, nos reuniríamos para que a turma  não se dispersasse mais.  E em todos os anos seguintes, sempre nos reunimos, é o momento para contar nossas histórias, nossas verdades, e quem sabe, algumas mentirinhas.
Agora, em 2019, iremos fazer nosso 21º Encontro, consecutivo, ininterrupto, e que esperamos manter, para alegria de todos, uma surpreendente presença  de mais de 50 amigos, que denominamos de confrades da Confraria da Correa Dutra e Amigos, tal como tem acontecido nos últimos anos.
E nada melhor para fechar o texto que uma reflexão que achamos na Internet:
Admiro pessoas que sabem ser felizes, que contra tudo e todos não se rendem e perante qualquer desfecho sorriem.
Admiro aqueles que se gostam como são, que olham a vida como ela é e a aceitam desse jeito mesmo.
Admiro quem aceita ser feliz, quem não teme as consequências, quem arrisca mesmo assim.
O mundo é dessas pessoas, e é delas o último riso, a felicidade que todos queremos.
Mas a questão é que qualquer um pode ser assim, e todos podemos também ser felizes.
Basta para isso aceitarmos os desafios que a vida nos coloca e que sem grandes complicações aceitemos ser felizes mesmo assim.

E até breve. Em poucos dias, estaremos novamente juntos, em nosso próximo Encontro, o 21º, que esperamos ser apenas mais um, e que muitos outros possam ainda acontecer.

Bjundas correanas.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Decreto 171/19, de 11 de outubro de 2019


Decreto 171/19, de 11 de outubro de 2019
sobre o 21º Encontro

O PRESIDENTE DA CONFRARIA DA CORREA DUTRA E AMIGOS , no uso da atribuição que lhe confere o art. 1º, caput, inciso VI, alínea a, § 3º, da CONSTITUIÇÃO CONFRÁRIA, 

DECRETA:

Art. 1º. Fica confirmado que o 21º ENCONTRO da Confraria da Correa Dutra e Amigos será realizado no dia 30 de novembro de 2018, a partir das 18hs e 11minutos.

Art. 2º O local escolhido é o PARAÍSO DO CHOPP, localizado na Rua Dois de Dezembro, 81, Catete, RJ.

Art. 3º O objetivo do 21º ENCONTRO é debater, analisar, conversar sobre futebol e outros assuntos, falar do passado, presente e futuro, discutir, cantar, comer e beber os drinks disponíveis no local.

Art. 4º Fica estabelecido a irrisória quantia de R$20,00 (vinte reais) como contribuição efetiva para a realização do 21º ENCONTRO da Confraria, que deverá ser depositada em conta a ser divulgada, até o dia 15 de novembro de 2019.
            § 1º Os pedidos de isenção deverão ser encaminhados a seguinte documentação, sendo todos os documentos com cópias e firmas reconhecidas:
a)      Atestado de Pobreza do proponente (5 vias autenticadas)  relativo aos 5 últimos anos (2014/2018), assinado com 3(três) testemunhas não parentes;
b)      10 fotografias de frente 3x4cm, 2 de cada ano (2014/2018)
c)      Identidade
d)     CPF
e)      Certificado de Reservista
f)       Título de Eleitor
g)      Carteira de Trabalho
h)      5 últimos contra-cheques para os que possuem atividade remunerada
i)        Para os torcedores da colina, fotografias do Eurico Miranda na cadeia
j)        Para a cachorrada, parte dos ossos não consumidos durante os choros
k)      Para a mulambada, certificado do Título de 1987
l)        Para os tricolores, a isenção dos documentos.

Art. 4º Por aprovação UNÂNIME de todos os Delegados presentes, ficam prorrogados os mandatos do Presidente J. Drinks e do Vice-Presidente da Confraria, Frango Del, por MAIS um exercício.

Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação e revogam-se todas as disposições ao contrário.

Rio de Janeiro, Correa Dutra, 11 de outubro de 2019;
60º de Relacionamento e Amizade e 21º de Encontros.


                              J.DRINKS                                                                  FRANGO  DEL
                               Presidente                                                                    Vice-Presidente

domingo, 29 de setembro de 2019

Os garotos no Bar Luiz


I
nício da década de 70, fase da descoberta dos bares e barzinhos. Época de muitas mudanças. Dos festivais de rock, do amor livre e do avanço das drogas. Minha turma, acho que foi privilegiada, pois apesar das ofertas constantes de drogas, principalmente da marijuana, cada vez mais comum, a grande maioria ficou no sabor dos drinks, e claro que as preferências eram, e continuam até hoje, por um chopp bem tirado e uma cervejinha bem gelada.
Os barzinhos da Montenegro competiam com outros mais tradicionais. Lamas, no Catete, e o Bar Luiz, no Centro, eram dois dos mais lembrados, e não podiam faltar na nossa relação.


Fica difícil lembrar quando foi a primeira vez que estivemos no Bar Luiz. Se foi com o pessoal da Faculdade, da minha turma de rua, com o pessoal de onde estagiava, enfim, de qualquer lugar partia um convite para conhecer o “melhor chopp do Rio” e sua “comida alemã”.
Ziraldo, Jaguar, Sérgio Cabral (pai), e muitas outras figuras de destaque, eram frequentadores assíduos, mas para nós, não eram mais importantes que meu pai, Byrão, já falecido, e Dr. Ari, que prestes a fazer 90 anos de idade, continua firme e junto com a gente em mais essa visita, para mais um chopinho.
Duas semanas atrás veio a notícia que o Bar Luiz iria fechar. Foi um corre-corre danado.  Só eu recebi uns três convites para “visitar antes que feche”. Mas o que parecia o fim, acho que foi um renascer. Até penso que pode ter sido uma jogada de marketing, e se foi, parabéns, foi muito boa, e tudo indica que deu certo.
O Bar voltou a virar notícia, e suas mesas lotaram. Ontem, dia 27 de setembro, ao meio dia não tinha um lugar disponível, e era possível ver uma incrível diversidade, de pessoas, de idades, de sexo, de tudo. O Bar Luiz estava novamente em alta. E esperamos que continue assim ainda por muito tempo.
Para os que não conhecem sua história, nosso Dr. Ari estufa o peito para dizer que pela sua frequência, sempre no fim das tardes de todas as quintas-feiras, durante anos e anos, foi um dos privilegiados com o convite para os “CEM ANOS DO BAR LUIZ”.
Para quem não sabe, é considerado o bar mais antigo do Rio de Janeiro e começou sua história em janeiro de 1887, na Rua da Assembléia. Aberto por um alemão, Jacob Wendling, teve como primeiro nome Zum Schlauch, que pode ser traduzido com “A Mangueira”, em referência  à mangueira (serpentina) que ficava imersa num recipiente com gelo, por onde o chopp circulava. Era a primeira chopeira no Brasil.
O Bar Luiz mudou algumas vezes de nome e de endereço. Passou a se chamar Zum Alten Jacob (“Ao Velho Jacob”), em homenagem ao seu fundador. Depois, em 1915, passa a se chamar Bar Adolph, nome de seu dono na época.
Muda para a Rua da Carioca, 39, em 1927, onde permanece até os dias de hoje. No entanto, em 1942, na época da Segunda Grande Guerra, recebeu diversas ameaças, pois muitos entendiam que o bar, de estilo alemão, fazia uma referência ao nazista Adolf Hitler. Apesar da defesa de diversos clientes, muitos tradicionais, de um bar que naquela época já contava com mais de 50 anos, seu proprietário, um alemão de nome Ludwig (Luiz, como ele se apresentava), e optou por trocar o nome para Bar Luiz.
Hoje, nossa mesa formada com Dr. Ari, 89, Raimundinho, 78, Osires, 72, Dellaney, 66, e eu, Zé Drinks, 65, o mais novo dos velhos garotos, mantivemos a tradição de outros encontros, e mais uma vez provamos do melhor chopp do Rio e degustamos uma caprichada salsicha alemã, e para nossa alegria, numa mesa ao nosso lado, um grupo de jovens, estudantes, na faixa dos vinte e poucos anos, todos festejando com um copinho gelado, sempre bem tirado, o que nos deixa a certeza de que nós passaremos, mas a serpentina do Bar Luiz ainda irá gelar muito chopp na nossa cidade maravilhosa.
 
Só esperamos que a política, cujos diversos representantes tanto festejaram em suas mesas, e que até premiou o Bar Luiz, e outros 10 barzinhos espalhados na cidade, com a inclusão no Cadastro dos Bares Tradicionais, que lhes conferiram status de Patrimônios Culturais da Cidade, não seja a responsável, ou irresponsável, pelo aumento no abandono que ainda persiste na área de seu entorno, que necessita de uma política mais agressiva de preservação e atividades culturais. Os garotos do Bar Luiz agradecem.