segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Rose e Juarez Machado - Um encontro que ficou na memória




 

Por conta de um vídeo que o Zé, publicou em nosso grupo do Whatsapp em que aparece o Juarez Machado com o Juca Chaves, despertou a memória de nossa querida amiga Rose. Ela lembrou-se que no início da década de 70, a TV Globo trouxe ao conhecimento do público, um artista até então pouco conhecido no eixo Rio-São Paulo, para fazer um quadro no Fantástico. Seu nome é Juarez Machado e foi um sucesso imediato, com seu trabalho estilo non-sense, fazendo vinhetas animadas, com cenários projetados por ele, em que atuava como mímico ou “desenhista do gesto” como ele gostava de dizer. Ele interagia com seus próprios desenhos e se apresentava com o rosto pintado de branco e uma roupa que misturava cenário e boneco.

“E o que ele teria a ver com a turma da Correa?” me perguntariam os mais afoitos. Teria e tem um pedacinho da memória pessoal que nossa amiga Rose nos relatou.

        “Conheci Juarez Machado no Foto Flash Studio, em Ipanema, na Visconde de Pirajá, 156; onde trabalhei em 1979 – tinha 18 anos. Eu e outra funcionária do estúdio Marivone (que se tornou uma grande amiga ao longo destes anos), tínhamos um escritório atrás da loja, onde os donos faziam seus contatos comerciais e nós executávamos serviços técnicos-fotográficos.

Vale dizer que Marivone e eu até hoje, mantemos contato e amizade! Falei hoje com ela e lembrei que ela vai fazer 75 anos em janeiro e eu farei 60, em 2021.

Mas voltemos ao nosso querido artista. Juarez Machado sempre foi muito simpático e agradável. Casado na época, com a Eliane Carvalho, tendo dois filhos com ela. Eliane era linda e delicada, ligada as artes também. Me recordo que os dois falavam muito baixo, o que me chamou a atenção na época. Eu pensava que eles falavam baixo por serem artistas e ricos (risos). Soube que ela em determinada época, aventurou-se no universo gastronômico e tornando-se “chef de cozinha”. Acho que foi nesta época que eles se separaram. Foi nessa época também, que me separei do Serginho “Pequeno”.

Juarez levava suas "artes", se assim podemos chamar, para reproduzi-las em slides e negativos. Eu fazia a foto do original, dentro dos cortes que ele pedia e revelava em negativos ou slides direto. Nossa! Eu ficava “doida” com as obras dele! Me lembro que fotografei e fiz slide e negativo do “cone” que aparecia na vinheta do Fantástico!

Aprendi muitas coisas sobre fotografia, estúdio de foto, fotografei em “codalite”, que não existe mais – era a foto em preto e branco sem outros tons e depois eu colocava cores nas letras, por exemplo. Aprendi aquela técnica para fazer slides médicos e artes com letras.

A arte do Juarez sempre foi uma mistura de slides com suas obras e slides “codalit” para letras, com explicações necessárias do slide da arte. Era tipo road show (apresentações de slides e negativos). Eu era boa nisso!

Ele gostava de entrar no estúdio, para explicar os cortes que queria que eu fizesse nas fotos; e enquanto isso, tomava um whisky e batia altos papos com todos nós!

        Esta foi uma grande recordação que o Zé me trouxe quando postou um vídeo do Juca Chaves e Juarez Machado.

Grandes lembranças e recordações maravilhosas!"

Assim, colhemos mais um depoimento de uma amiga, com quem mantemos contato permanente e a quem dispensamos nosso carinho. Foi muito legal, receber este depoimento dela!

Rose atualmente que está do outro lado do oceano, morando na Alemanha, na cidade de Rodgau, a 30km de Frankfurt, centro “nervoso” da Europa, nos brinda com este “presente”, mantendo viva nossa memória coletiva, reproduzida aqui em nosso Blog.

Um Feliz Natal e um Novo Ano próspero, com saúde e paz a todos!

 

Nota da Redação: 

Depois de várias viagens internacionais levando sua arte, em 1978, Juarez Machado fixou residência em Paris, onde montou mais um ateliê. Localizado na Rua das Abbesses, no bairro de Montmarte, onde morou com sua amiga e companheira Melina (recentemente falecida), e onde o artista é festejado em cada esquina.


Em 2014, Juarez inaugurou o Instituto Internacional Juarez Machado, localizado na antiga casa de seus pais, em Curitiba, onde reúne obras e lembranças da família e do próprio artista, como a famosa bicicleta com rodas quadradas. A casa tem amplo espaço para exposições e uma lojinha com criativas obras do artista.


Em 2015, para comemorar um ano da existência do Instituto, Juarez realizou uma exposição em Curitiba onde reuniu 200 peças para a mostra “Juarez Machado na Hora do Recreio”. O artista, que é reconhecido pelo leve surrealismo e por explorar suas obras como críticas sociais irreverentes, reuniu na exposição, objetos, esculturas, desenhos, fotografias, além das pinturas com as figuras femininas, quase sempre presentes em sua obra. “Eu trabalho muito com o deboche, o humor é uma forma crítica que provoca e diverte, resolvi fazer uma exposição para me divertir”, disse o artista.