segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Nós somos jovens, jovens



J
á dizia nossa vizinha Angélica, pelos idos de 1992, que “nós somos jovens”, “somos o exército do surf”. Versão de uma música francesa de 1964, até hoje lembrada por todos nós.

É verdade que no nosso grupo não tivemos muitos surfistas, mas a grande maioria esteve, está ou deseja estar junto ao mar. Crescemos no Brejo, mae sempre que podíamos estávamos nas areias quentes e nas ondas do Arpoador, Ipanema, e mais tarde, na Barra e Recreio, que cresceram junto com a gente.

As orlas das praias se transformaram com o tempo. Novas casas, prédios altos e baixos, calçadas largas, quiosques e tudo mais que cresceram mais ou menos rápido, dependendo do local.

Diria que seus entornos já não são tão jovens, mas as areias e suas ondas, pouco ou quase nada mudaram. E é assim que acontece com todos nós.  Nosso corpo mudou, uns engordaram, outros emagreceram, nossas rugas começaram a aparecer, mudaram nossas faces, os cabelos, de alguns sumiram,  outros embranqueceram, e nossos órgãos internos já não são os mesmos de 50, 60 anos atrás. Então por que somos jovens? Nós somos jovens?

Nossa cabeça nos diz que nós somos jovens, somos o exército do surf, estamos sempre a cantar, sempre a deslizar, a dançar, amamos o mar, e no balanço, queremos alguém junto a cantar, tal como praticamente diz a letra da música. No entanto, o que ela não consegue dizer é quem deve estar junto de nós para dançar e cantar.

O problema é que enquanto o cérebro, órgão racional, apenas nos mostra o caminho da juventude, de como nos manter jovens, como as areias e as ondas do mar, nosso coração, de forma passional, nos carrega para a emoção, e de certa forma, nos envelhece, quando, por exemplo, não conseguimos estar junto com quem gostaríamos de estar.

Com o avanço das redes sociais, várias turmas conseguiram se reunir, se reencontrarem, trazer lembranças, de todos os tipos, algumas com cicatrizes, umas grandes, outras imperceptíveis para terceiros, mas que nunca se apagarão para quem as carrega. São essas marcas, que verdadeiramente envelhecem o homem e a mulher.

As rodas de conversas continuam como antes, na maioria do tempo dividas entre os jovens que falam de futebol, bebidas, sexo, música e daquelas meninas de 40 anos atrás. É um “papo reto”, com muitas risadas e lembranças de fatos típicos, sempre repetidos nos anos seguintes, e dos amigos que já partiram, vistos como heróis, protagonistas de lendas e histórias.

Elas se atualizam mais, apresentam fotos de filhos e netos, comentam sobre os famosos regimes para manter as formas, e claro, como não poderia deixar de ser, dos rapazes da época, dos mais bonitos, que hoje mudaram muito, daqueles que pouco mudaram, daqueles que foram fisgados, e dos que conseguiram escapar.

Em alguns momentos os grupos se misturam, dançam e conversam. Não tem como evitar as piadinhas de alguns jovens que não conseguem manter a maturidade necessária para tentar evitar pequenos constrangimentos. A vantagem é que nos grupos, em geral, sempre aparecem os mais observadores, mais comprometidos em manter a coesão do grupo, talvez um pouco menos jovens, e que conseguem fazer com que nada avance além de algumas risadas escondidas.

No meio do papo, em qualquer bloco de conversas, sempre é lembrado que fulano ficou com ciclano, beltrano com sicrano, e zutano com ninguém. Sabem, ou ficam sabendo, que anos depois, fulano casou com sicrano e zutano casou várias vezes, e assim por diante. E chegam aos dias atuais com as devidas atualizações, é a base para esticar os papos e os drinks.

No entanto, esse é um tipo de papo que tem que ser mais racional, pois de uma forma ou de outra pode ir além das simples lembranças, pode até machucar. É a força do coração, que lança armadilhas para o envelhecimento precoce do jovem,  além de possíveis rachaduras no corpo do grupo.

E para responder ao questionamento quanto ao porque ainda somos jovens, imagino que assim continuaremos enquanto conseguirmos manter um equilíbrio, mesmo que não seja perfeito, entre o racional de nossos cérebros e a emoção que emana de nossos ardilosos corações.  E para combater essas armadilhas, temos que entender a letra da música, sem ser preciso desenhar, como diriam alguns jovens de hoje. Além de uma pequena dica dos mais velhos, a de não deixarmos que a danada da emoção invada além dos muros de nossas individualidades.

Exército do Surf
L'esercito del surf. (Pattacini - Mogol)
vs: Neusa de Souza

Nós somos jovens
Jovens, jovens
Somos o exército do surf
Sempre a cantar
Vamos deslizar
E quem não souber
Eu vou ensinar
Vou dizer porque
Amo tanto o mar
Balançando assim
Você junto a mim
Vivo a cantar



domingo, 1 de janeiro de 2017

2017 - dias úteis para o trabalho



C
hegamos a 2017. Um novo ano, uma nova etapa em nossa vida. 2016 foi um ano conturbado, com muitos mais baixos do que altos. O país viveu numa panela de pressão, principalmente com o impeachment da Presidente Dilma, que apesar de passar por todas as etapas previstas na Constituição, uma parte da população, sob a liderança de Lula, ainda julga, sem qualquer fundamentação legal, que foi golpe.

Se pensarmos em política, o espaço seria até pequeno para comentarmos os poucos prós e os muitos contras que abalaram o país.  Se formos para os outros campos, como o esporte, por exemplo, as Olimpíadas seriam o ponto alto. Não ganhamos a quantidade de medalhas que gostaríamos de ganhar, mas algumas delas foram conquistadas em esportes que não chegávamos nem perto nas edições anteriores. 

Um grande destaque, não poderia deixar de ser, foi a tão esperada medalha de Ouro no Futebol, que se não chega a ofuscar as demais, veio para preencher a única lacuna aberta na galeria de nosso esporte número 1.

Mas 2016 se foi, e o que temos para 2017?  Entre outras coisas, uma é especial nos papos de nossa Turma, o quanto aqueles que ainda não se encontram como “vagabundos sociais”, conhecidos como aposentados, vão ter que trabalhar em 2017.

São 365 dias, divididos em 52 semanas, o que significa dizer que temos 104 dias para os finais de semana, para a maioria mensalista, por exemplo, são 335 dias (menos 30 relativos às férias) e claro, menos 4 semanas deste mês de férias, ou seja, restam 239 dias chamados úteis (335 – (48*2) = 239).
Mas essa galera ainda tem várias folgas válidas, inclusive inevitáveis enforcamentos.

Janeiro começa num domingo e muita gente de férias, mas quem preferiu outro mês, é trabalho direto até o dia 31, terça-feira.

Em Fevereiro, o pessoal tem a primeira grande folga. Sem contar as saídas disfarçadas, o carnaval acaba na quarta-feira de cinzas, o que significa 3 dias de folias, sem trabalho. O total cai para 236.

Março é um mês chato, sem folgas, mas em abril, a semana santa colabora com a esperada sexta-feira santa, dia 14 em 2017, e em 21 de abril comemora-se o Dia de Tiradentes. Para nossos incansáveis trabalhadores, ainda resta o dia 23, quando comemora-se o Dia de São Jorge, mas que em 2017 infelizmente não conta, é no domingo. O total agora são 234 dias úteis.

Dia 1° de maio é o Dia do Trabalhador, logo, ninguém trabalha. Mais um final de semana prolongado e os dias úteis caem para 233.

Mês de junho, Corpus Christi, dia 15, é numa quinta-feira, o que acarreta, para a maioria de nossos amigos, um pequeno enforcamento na sexta. Somam então, 231 dias úteis.

Julho e agosto, passa direto, sem chances, outros meses chatos.
 
Dia da Independência do Brasil, 07 de setembro, outra quinta-feira, nem precisamos pensar muito, mais uma esticada, e o ano passa para 229 dias de trabalho.

12 de Outubro, é dia de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil, e também o dia das Crianças, cai em outra quinta e vale por dois. Além da comemoração do Dia do Funcionário Público, que neste ano cai num sábado, e não conta. Total de 227 dias úteis. O pessoal já aposentado adora esse mês.

Novembro é um mês interessante. Dia de Finados cai numa quinta, emenda na certa. Dia 15 de novembro, quando comemoramos a Proclamação da República, cai na quarta, e muitos vão fazer de tudo para uma folga mais esticada. Na média vamos considerar apenas mais 1 dia pois alguns não conseguirão o merecido descanso. Na total, menos 3 dias, e passamos para 224 dias úteis. Mas no Rio de Janeiro, dia 20, segunda-feira, comemora-se o dia de Zumbi dos Palmares, ou seja, mais 1 dia em casa. O total passa para 223 dias.

Natal, 25 de dezembro, segunda feira, o que faria encerrar o ano com 222 dias úteis mas para a galera carioca, o dia 8, segunda-feira, é Dia de Nossa Sra. Da Conceição, o que abate mais um dia na contagem geral, e nos leva para 221 dias úteis.

Importante observar que existem ainda muitas Datas Comemorativas, que muita gente se envolve e não trabalha em seus postos. Não dá para considerar o total, mas pensamos em apenas mais 3 dias de folga entre as mais de 20 datas oficiais existentes.  Total aproximado de 218 dias úteis de trabalho.

Muitos não ficarão doentes, mas as doenças e acidentes existem, e com certeza alguns de nossos amigos perderão uns dias no ano, logo não podemos desprezar.  Mesmo que não seja uma média real, de acordo com algumas informações de mercado, o brasileiro perde cerca de 10% do seu tempo com ausências relativas à saúde, seja por acidente, exames ou doenças.  Arredondamos para 22 dias úteis, o que perfaz um total aproximado de 198 dias úteis, em média de trabalho total para o Estado do rio de Janeiro.

Comparando com os 365 dias do ano, significa dizer que na média, o carioca tende a trabalhar cerca de 54% dos dias do ano, ou seja, praticamente a metade da quantidade de dias em 2017.
 
Como se vê, o pessoal que batalha não precisa reclamar, 2017 vai ter um bom tempo para se encostar no “bistrô” e degustar umas geladas.