quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Meu lápis não morreu, porra...

E ganhamos um presente de Papai Noel, ou melhor de nosso querido amigo Beto Chahahahaira (gosto de escrever o nome dele assim). 

Betinho já nos brindo com alguns textos e se prestarmos atenção vamos notar sua versatilidade e na qualidade de sua escrita, e por isso só temos a agradecer e esperar que em 2023 ele esteja mais presente.

O texto a seguir é uma crônica interessante e divertida que cabe muito bem na sua presença de espírito, tenho certeza que vai agradar a todos.

E lá estava ele, num canto perdido e esquecido do escritório, moribundo, esquálido, inerte... mas havia um sopro de vida! Foi o que bastou! Olhei pra ele, entre esperançoso por fora e cético por dentro e gritei pra mim:

- Meu lápis não morreu, porra! Sei que também falam isso do Elvis, mas são histórias diferentes.

Ao m

esmo tempo ouvi um som, quase um sussurro,  praticamente imperceptível, que a princípio ignorei e continuei aquele monólogo de escritório vazio e saco cheio, perguntando pra mim com a certeza de que não responderia:

- E o que eu faço agora?

Foi quando aquele sussurro se fez robusto e tive a certeza de escutar:

- Me use, simplesmente, me use, porra!

Será que tanto tempo sem escrever me deixou "escutando coisas", pensei, já a esta altura estático e não muito corado, pra dizer a verdade, me cagando mesmo!

Mas aquilo não parou e voltei a escutar coisas:

- Você tem medo de quê?

Não era possível, pensei, sei que estou sozinho!

E a voz insistiu:

-  E está mesmo!

O estranho é que as vozes misteriosas pareciam vir do lápis????

Pois tive essa certeza no momento em que, mais incisivo ainda, aquilo me afrontou:

- Seres animados, pretensamente inteligentes mas que nunca souberam o que é "empatia"!

E, sem outra alternativa, após rezar todas as 2 orações que lembrava, me mantive corajosamente apavorado, agarrei-me aos 5% de lucidez que ainda me restava e resolvi não resolver porra nenhuma. Não conseguiria mesmo. E esperei o próximo susto! E veio um ensurdecedor silêncio! Mas não era o que eu queria...?

Só que não! E resolvi pensar, só pra variar:

"Me use"..."medo de quê?"... "sozinho"... "empatia"... entenderam? Nem eu, mas já é um começo. E parti em direção ao lápis, já que de tão perdido não achei a porta de saída!

Resolvi então pegar aquele objeto inanimado para desfazer qualquer hipótese de eventuais efeitos paranormais ou alucinógenos que poderiam ser atribuídos pelos presentes, no caso eu mesmo, até para provar minha sanidade mental (sic).

"Com qual das mãos vai me pegar", veio uma nova manifestação, aparentemente feita por aquele lápis! O mais ridículo foi que eu respondi:

- E qual a diferença?

E aquele objeto, aparentemente, respondeu:

- Me responda você?

Onde se lê aparentemente, na verdade, leia-se claramente!

E eu não soube responder uma aparentemente/claramente pergunta tão singela. E responder pra quem, pra um lápis????

De alguma maneira comecei a perceber que o lápis era a maneira mais fácil de não responder o que não sabia. Não preciso provar nada para um lápis, eu sei que sou mais inteligente que um lápis, as minhas opiniões são mais racionais que as de um lápis, o meu time é bem melhor que o time de um lápis (ufa!), eu sempre tenho mais razão que um lápis, aliás o lápis nem alma tem!

Tá certo!

Será que é por isso que não tenho usado aquele lápis?

Será por isso que tenho medo?

Será por isso que estou sozinho?

Saberia eu vivenciar a empatia?

Qual das mãos seria a "certa" para pegar o lápis?

Mas nem isso sei responder?

Porra!





terça-feira, 22 de novembro de 2022

Luizinho BOIADEIRO, o Boi da Correa de Baixo

 O mês de novembro é um dos mais recheados de nosso Grupo, principalmente com a inclusão de alguns filhos e netinhos. Nossos parabéns para:

01 - Maria Helena  (neta GODÁ)

02 - RICARDO "PIRULITO"              

02 - MARCO "CHARUTO" REIS

02 - Renato (filho BYRA)                    

02 - Antonella  (neta DRINKS) 

03 - SERJÃO COLUMÁ

04 - Antônio e Betânia ( netos DELLA)

06 - Ana Clara ( filha XICO )   

07 - Rodrigo (filho JHONNY)

08 - Alana  ( filha BOIADEIRO)

11 - PQDFDP (mensal)

16- Rosane (esposa GODÁ)

18 - LUIZ "BOIADEIRO"  

24 - CARLINHOS LEVITANUS     

24 - Juju (filha KIBE)                     

28 - LUIS PAULO  (saudades)

28 - ZÉ AUGUSTO (saudades)

29 - Juju (filha GODÁ)

30 - TADEU "PAPINHA"

E para a Entrevista do Mês, um cara muito querido em nossa turma. Mais um daqueles que neste mais de meio século de convivências não tem quem não goste dele, mesmo quem não torce para o seu time, o que já é um problema, ou quem não concorda com sua visão política, não  consegue se afastar desse cara. Para ele vale a máxima de que amigos podem ter opiniões diferentes e até divergentes, mas não podem brigar por essas coisas.

Seu nome é LUIZ FERNANDO HILDENBRAND, mas para nós é Luizinho Boiadeiro, ou simplesmente o BOI, o ponta do Sede Velha que dava muita dor de cabeça no velho Capita, quando enfrentávamos o Ordem e Progresso nas peladas do Aterro.

E para começar nosso papo, o Boiadeiro, assim como o PQD, também tem uma historinha interessante que envolve seu nome e sua origem, e que poucos amigos conhecem.

D&K: - Meu amigo Luizinho Boiadeiro, de onde vem seu apelido?

Boi:- Havia um jogador no Bangu chamado de Luizinho boiadeiro, era um ponta, jogador bem rápido e me achavam parecido com ele.

Boiadeiro foi um ponta que começou no Bangu, passou pelo Flamengo, e chegou a ser considerado um novo Garrincha, mas tal como o Mané era meio irresponsável e aprontou tanto que sumiu do mapa. Corria e driblava muito e nosso amigo realmente lembrava o jeito dele em campo.

D&K: - Boi, uma vez você me disse que seu nome seria outro, José Carlos. Explica isso para nós.

Boi: - É verdade. Minha mãe me contou que meu pai era José Carlos Linhares, filho de José Linhares, presidente do STF e presidente do Brasil por um breve período de vacância do poder. Eu só o vi um dia, na década de 60, ele estava no Brasil, e na época ele era embaixador em Portugal. Eu morava ao lado da sede velha, estava com mais uns 3 colegas, acho que era o Gaguinho, Ari e o Cézinha, aí avistei minha mãe conversando com um cara todo bem vestido e um carrão americano, eles me chamaram, o cara me deu uma nota em dinheiro, aí eu e os amigos fomos para a confeitaria Palácio na rua do catete. O encontro tinha sido na esquina da Ferreira Viana com Flamengo, no prédio de pedras escuras, depois nunca mais tive contato. Vi cartas do cara mandando dinheiro para as minhas despesas etc, mas a farra na confeitaria foi o máximo, comemos todos os tipos de sorvetes , foram umas 3 horas de comilança.

D&K: - E o Luiz Fernando Hildenbrand?

BOI: - Minha mãe tinha 4 irmãs, todas lindíssimas. Minha mãe era alemã, nasceu em Verl , cidade pequena do interior, tia Guizela, tia Eva e tia Hanni, argentinas, e tia Kátia era brasileira. Essas cinco mulheres maravilhosas frequentavam os salões do hi socyte no Rj, Copacabana Palace, e Brasília. Tia Eva era casada com o homem forte do regime militar, Brigadeiro Fernando Penalva, comandante da PA e chefe da segurança da presidência da República. Tia Guizela, casada com o tio Alberto, um bem sucedido empresário português.  Tia Kátia, casada com um diretor de Furnas, e tia Hanni era casada com um ricaço, dono de minas de cobre e empresas do ramo.  Minha mãe, Dona Ingrid Hildenbrand, era a porra louca da família, perto dela Leila Diniz era madre Teresa de Calcutá. Meu avô Hans Herman Siegfried Hins Hildenbrand, nasceu em METZ, cidade que já pertenceu à França e Alemanha, vai e volta na história. Uma pessoa com uma experiência de  vida fantástica. Tinha 3 cursos superiores, veterinária, química  e agronomia, participou das duas guerras mundiais, se formou primeiramente pela Escola de Oficiais da Prússia. Acabando a 1a guerra, a desordem econômica e social tomaram conta do país, possibilitando o surgimento de várias correntes ideológicas na Europa, na Rússia, o comunismo, Stalin , Lênin. Na Itália o fascismo com Mussolini, e na Alemanha, o nazismo de Hitler, e  nesse caldeirão fervente eclode a 2a WW mundial. Meu avô pertencia ao exército alemão e não às tropas políticas do Hitler, as famigeradas SS, aqui no Brasil o MST ou MTST, e com o desenrolar do conflito ele participou da invasão da França, batalha de kursk etc. Falava 5 idiomas e com o término da guerra veio para a Argentina, onde trabalhou nos frigoríficos Swift Armour e depois veio para o Brasil onde trabalhou no exército brasileiro, na pesquisa para melhoria de cães e equinos, e passou seus últimos anos tomando o seu chopp num boteco na rua Ministro Viveiro de Castro, no Leme. Detalhe, ele ia para o bar acompanhado do seu fiel cachorro, uma doberman que carregava uma caneca de alumínio presa na coleira, era um chopp para ele e outro para ela, depois de algumas horas o dono telefonava para o meu irmão dizendo  que tinha que pegar os dois pois já tinham apagados bebum, esse foi o desfecho de um combatente de duas guerras mundiais.

D&K: - E como você chegou na turma da Correa Dutra?

Boi: - Cheguei na Corrêa Dutra através da meninada que jogava futsal na sede velha do Flamengo, ao lado do cinema Bruni. Meu apartamento ficava no segundo andar do prédio 64, ao lado da sede velha do Flamengo, eu escutava a galera vibrando e chutando a bola. Daí foi um passo para ser sócio e participar das peladas, e a maioria da rapaziada era da Corrêa Dutra.

D&K: - Apesar de fazer parte de nossa turma desde muito cedo, pouca gente sabe que nosso  Boiadeiro não é filho único, e sim o caçula de uma turma com outros 3 irmãos. Pode contar um pouco sobre eles?

Boi: - São 3 irmãos. O Eduardo, que nunca tive muito contato, era seminarista, largou a batina, fez concurso para o Banco do Brasil e já aposentou, atualmente mora no Ceará. Sérgio, que era conhecido por alguns amigos da Correa, foi campeão brasileiro de boxe, meio médio ligeiro. Fazia a segurança do Livio Bruni, dono da rede Bruni de cinemas, era uma máquina de luta. Eng. de Minas, trabalhava na implantação do projeto Carajás, no Pará. Ele morava em botafogo e estava no Pará quando recebeu notícias relacionadas ao seu filho mais novo que estava com pneumonia, veio para o Rj, chegando foi providenciar internação etc... e numa das saídas, ele e a mulher estavam discutindo na rua quando um senhor ficou prestando atenção na discussão, meu irmão interpelou "tá olhando o quê?" e aí surgiu uma discussão, ele empurrou o cara, o sujeito caiu no chão e sacou uma Magnum 357. Deu 4 tiros no peito do meu irmão que veio a óbito no local. O caso teve imensa repercussão na mídia, pois o cara era o pintor Iberê Camargo, amigo dos generais que mandavam no país e rapidamente tudo foi abafado. Meu outro irmão, Carlinhos, é o mais velho, teve uma carreira de 35 anos na TV globo, trabalhava ele e o Hans Doner na edição de computação gráfica. Se aposentou por lá.

D&K: - Na juventude da Correa, você namorou Helena, Isabel, Cristina e outras meninas, depois casou e vieram os filhos, conta um pouco dessa turma.

Boi: - Vamos lá, no total são 5 filhos com 3 mulheres diferentes. Um faleceu, e aí sobraram dois casais.  Nizm Chalfun Hildenbrand, 35 anos, 4 filhos nascidos e morando em Saquarema. Gabriel Ayres Barbosa Hildenbrand, que mora no Rj e tem uma filha. E Aron Japhet Hildenbrand, 18 anos, e sua irmã ALana Japhet Hildenbrand,  17 anos, que moram comigo.

D&K: - E sua ida para Saquarema?

Boi: - Na década de 70, lá pelos idos de 75, estava no bar do Manolo, quando o Zé Augusto disse, Boi vc conhece Saquarema na região dos lagos? Disse que não, era véspera de 7 de Setembro. Então vamos conhecer? Eu respondi: vamos ! Peguei a mochila e partimos.  Rodoviária lotada , calorão da porra, 3 horas de viagem, chegamos. Quando desci do ônibus na rodoviária da cidade fiquei encantado com o lugar, cidade muito pequena, gente simples, uma lagoa cristalina e praias de águas verdes esmeralda. Fiquei apaixonado pelo local. A noite, bares à beira mar, muitos jovens, surfistas, mulher bonita a balde, todos bronzeados e alegres. Grupos tocando viola na praia, tudo contribuindo para aproximar as pessoas, mergulhei de cabeça e saí a caça, mulher para todos os gostos e acabei pegando geral. Encontramos um grupo de mulheres, todas primas, só gatas, aí o bicho pegou geral, um baseado, uma cervejinha e pimba. Voltei para o Rj, trabalhava no Santalucia, quando uma das meninas ligou para mim, já fazia 3 meses da bagunça, e dizendo que precisava conversar, pois havia acontecido um acidente de percurso , ela estava grávida. ÔPA DEU RUIM, a família dela queria ter uma conversa comigo. Ela morava no Leblon, marcaram o dia, eu fui para o abatedouro. Lá chegando a cena era sinistra, um monte de árabes me olhando como se eu fosse um ET. Papo vai, papo vem, chegamos a um acordo, eu ia fazer o teste de DNA, positivo, eu casaria e não deixaria ela sem o pai do bebê. Confirmado, tudo ok, a avó dela, uma senhora libanesa, gostou muito de mim, e propôs para nós 3 irmos para casa dela em Saquarema, e assim foi feito. A cidade era uma vila de pescadores, não tinha nada, comecei a capinar terrenos, pintar casas, pintar muros e me virar do jeito que dava. Passados uns 4 anos, pintou um concurso público para o BANERJ na região dos lagos, 26000 candidatos para 12 vagas, passei em 8º lugar e fui lotado na Ag. recém inaugurada em Saquarema, aí rodei a região dos lagos.

Ao longo de nossas vidas passamos por muitas histórias, algumas bem contadas, verdadeiras ou não, e outras criadas, às vezes exageradas, que são recontadas, modificadas e/ou ampliadas de acordo com garimpo no tempo. Vamos tentar nos lembrar de algumas que  nosso amigo Boiadeiro participou, seja como protagonista ou não, e depois vamos cobrar dele se são fatos ou fakes.

D&K: - Um amigo nosso nos contou que um dia você chegou em casa meio doidão, e no elevador ficou desesperado procurando a chave que tinha caído no chão. Chegou o porteiro e você estava se arrastando, desesperado porque ouvia o barulho da chave mas não conseguia achar nada, por mais que procurasse, então o porteiro com todo o cuidado, te avisou que o chaveiro estava pendurado em seu dedo.

Boi: - Até hoje não consigo entender como passei por essa fase de doideiras. Muito álcool e drogas sem ter me machucado ou ferido pessoas. Cheguei a dirigir bêbado uma carreta de 35000 litros de água, cheio de rebites e conhaque. Foi um livramento, já são 20 anos de cara limpa, e isso é muito bom

E para ajudar nas lembranças, Betinho PQD, ao parabenizar nosso Boiadeiro pelo seu aniversário em nossas redes sociais, comentou que eles eram meio inconsequentes, pois em todas as vezes que se encontravam era uma loucura na certa, mas que nunca prejudicaram ninguém. E quando entrava a tal da cachaça no meio, depois das festas e dos botequins, eles aprontavam muito.

PQD lembra que no Rio Comprido tinha uma rua que dava no Clube Alemão, que ele não sabe como chegaram lá, e nem como conseguiram entrar, mas ficaram por lá um bom tempo até serem convidados a se retirarem.

E continua com as lembranças. Um dia eles pegaram o carrinho de um supermercado, e desceram por uma ladeira,  e quando viram  uma clínica, o Boi cismou que ele, o PQD, estava passando mal, jogou o cara para dentro do carrinho e foram pela clínica adentro, o resultado foi o esperado, expulsos e com uma confusão danada.

E para fechar os parabéns, o amigo das noitadas comenta mais uma historinha, que numa sexta-feira eles resolveram que em vez de irem para a zona sul, iriam beber no centro da cidade. Ao passarem pelo MEC, já meio embriagados, viram que tinha uma festa num dos andares do Edifício, e do jeito que gostavam resolveram subir e entrar na festa, e mais uma vez acabaram expulsos pelo pessoal da segurança.

D&K: - Quando moleques, final dos anos 60, entre uma pelada e outra na Sede Velha, ou no Aterro, costumávamos ir pescar nas pedras da Glória. Num desses dias você tinha ficado de passar numa peixaria e comprar uns camarões miúdos para isca. Eu (Drinks) e outros que não lembro o nome, ficamos nas pedras, catando iscas de tudo, menos dos camarões que não chegavam. Passaram algumas horas e fomos embora, e preocupados com você, resolvemos passar na sua casa. Sua mãe nos atendeu e chamou você, que chegou surpreso e com aquela risada que sempre foi um marco e sua vida, nos disse que realmente comprou um pouco de camarão, mas teve que passar em casa, e como estava quase na hora do almoço, resolveu fritar e comer. Não me lembro muito bem de nossas reações, mas acabou tudo bem, como sempre. Lembra disso?

Boi: - Lembro sim, mas também não me lembro como resolvemos depois.

D&K: - Lembra daquela bichona que rondava nossa rua, a Carol, que ficava mostrando o pezinho da Carol? E que você estava conversando com ela lá no Brejo e a encontraram na areia com pequenos hematomas? Como foi essa história?

Boi: - Essa bichona estava me enchendo o saco, aí peguei firme e a joguei dentro do esgoto da praia, ela gritava que ia morrer afogada, então gritei de volta para que ela se agarrasse num tolete que ele  bóia e ela iria boiar também.

Como é possível perceber, Luizinho Boiadeiro é mais um amigo que  iríamos necessitar escrever vários capítulos para contar suas histórias, e que sabemos não vão parar tão cedo, porque o Boi hoje está um verdadeiro Touro, apesar dos abalos que já teve, e para fecharmos, aproveitamos para pedir a ele que nos conte um pouco de como ele está de saúde e depois mandar uma mensagem para os amigos da Correa Dutra & Adjacências.

Boi: - Quanto a minha saúde, eu deixei de beber e fumar tem uns 20 anos , não bebo cerveja, refrigerantes, qualquer derivado de farinha de trigo , massas , só consumo carne de aves , carne vermelha uma vez ou outra e magra , linguiça pouca , arroz branco não só integral. Muito peixe e frango. Faço 2 horas de academia todos os dias, o que eu sinto falta é das peladas, aqui tem uma rapaziada boa de bola, mas não posso fazer esporte de explosão, coração já não mais tem o gás de antes. E para os amigos e irmãos, pisem um pouco no freio, diminuam o tabagismo as bebidas, todos os excessos , procurem ver a vida por outro ângulo, faça como eu, estou dando 10, 9 tentativas e uma desistência.

D&K: - E por falar de coração, mesmo com todos os seus cuidados, você sofreu um knockdown, que reagiu e voltou mais forte. O que aconteceu?

Boi: - Aqui em Saquarema, temos diversos campos de futebol sintético, e o programa da rapaziada é bater aquela pelada. A
maioria joga muito bem, e eu jogava uma média de 2 partidas por semana. Numa dessas fomos jogar contra um time de jovens, em média 35 anos, e o meu time entre 50 a 60 anos. Consegui meter 2 golaços, aí me senti como na época do Sede Velha, com 16 anos, e comecei a correr e participar do jogo intensamente, foi quando um garoto disse aí tio você tá legal? Vc tá branco igual uma vela. Estava tonto, me ampararam e botaram num chuveiro ao lado do campo, dei um tempo, melhorei, mas meus filhos assustados pediram para irmos para casa! Despedi da galera e fomos para casa. Lá chegando meus filhos falaram para a mãe  sobre o acontecido, ela prontamente pegou seus instrumentos e me deu uma geral, e disse que eu tinha tido um princípio de infarto. No outro dia fomos parar em Cabo Frio, onde ela me levou para fazer um monte de exames. E um médico cardiologista, meu xará Dr. LUIZ FERNANDO, SÓ QUE TRICOLOR, fez um cateterismo e decidiram fazer  a colocação de 6 stents. Tive que fazer uma reeducação alimentar, na academia só exercícios físicos em aparelhos e esteira de forma moderada, esportes de explosão, futsal, volei de praia, futebol de praia , futvolei, tudo foi interrompido, agora só no sapatinho.  Um abraço, meus amigos e irmãos, BJS para todos.


E assim conhecemos um pouco mais de nosso amigo, e irmão, Luiz (ou José Carlos) Fernando Hildenbrand, nosso querido Luizinho Boiadeiro, ou simplesmente o Boi, da Correa de Baixo.

 

Até o próximo aniversariante.







quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Meu corpo dói (Betinho PQD)

Vamos iniciar dando os PARABÉNS para os aniversariantes de setembro, mês do início de nossa muitlouca Primavera, estação com chuva e sol, calor e frio, às vezes tudo no mesmo dia.

Mês especial para a turma do Dellaney e de outros amigos. São eles:

                03 – Laura, Humberto e Helena (filhos Dellaney)

                05 – SIMONE

                09 – Karina (filha Qualirinha)

                11 – Lívia (filha Dellaney)

                14 – RENATO RIVELINO

                19 – Sandra (esposa Dellaney)

                20 – Sonia (esposa Drinks)

                21 – JUIRA

Em especial:      11 – PQD FDP        (aniversário mensal

E agora chegamos em outubro, e os PARABÉNS para nossos amigos outubrinos:

               04 – TUTA

                05 – SÉRGIO MOITA

                06 – DUCLISTEI

                07 – ROSE

                07 – SANTALUCIA (in memoriam)

                07 – ALEXANDRE PENINHA

                11 – PQD FDP

                13 – PAULO GODÁ

                13 – ARON (filho Boiadeiro)

                16 – AMARO

                21 – EUDES XIBUNGO

Mês bem recheado, e vamos destacar nosso querido UBERTO OLSEN, conhecido por nós como BETINHO PQD, PQDFDP, ou também como PQD COCÔ DE AVIÃO, o cara que, segundo o próprio, faz aniversário todos os meses, em especial para o colorido mês primaveril de outubro.

E para conhecer melhor essa figura que chegou na Correa Dutra meio de mansinho, em seu Karman Guia vermelho, na época de sua incorporação no exército, mais exatamente no pelotão de paraquedistas, nosso querido Charuto, que o conheceu bem depois, fez a seguinte observação a seu respeito: 

-  UBERTO OLSEN, é reconhecido pela inteligência aguda, pela intenção clara e pelo discernimento maduro. Privilégio de poucos. 

E depois de tantos anos de convívio, até hoje ele nos surpreende com suas histórias, inclusive em relação à sua origem, já que sempre teve um perfil conservador em relação à família.

Então veio a ideia de fazer     uma entrevista, com o objetivo de tirar o véu deste camarada e mostrar para os amigos um pouquinho de suas histórias, mas sem a intenção de mostrar tudo, pois aí certamente teríamos que fazer um livro, e de muitas páginas. Vamos nessa.

D & K: - Seu nome?

PQD: - Uberto Fernandes Lage

E nem começamos a entrevista, já veio à tona uma primeira história, pois sempre soubemos que o nome do PQD era Uberto Olsen, um nome que por si só já era um pouco diferente, mas não tanto quanto imaginávamos.  E com aquela risada, que é uma de suas características, resolveu nos contar uma espécie de segredinho familiar que ele nunca nos tinha falado.

PQD: - Nasci na Policlínica do Estado da Guanabara, no Centro do Rio, dia 11 de outubro de 1952, às 17h, registrado como Uberto Fernandes Lage, mas tive a certidão alterada para Uberto Fernandes Olsen.

São mais de 50 anos de amizade e era a primeira vez que ele comentava sobre este assunto, e pelo visto ainda tinha muita coisa para contar.

PQD: - Minha mãe casou... anos mais tarde... com Ronald Olsen.

PQD: - Ela se separou do Ronald anos mais tarde.

PQD: - Por volta de meados dos anos 70 ela resolveu me contar essa história da troca dos nomes e da certidão original.

PQD: - Ela casou e fez uma nova certidão para afrontar meu pai biológico... que se chamava Uberto Diniz Lage.

PQD: - Assim que eu achar a certidão original eu mando foto pra vc

PQD: - Ela chegou a tirar uma 2ª via,  em um cartório de São Cristóvão... e me deu

PQD: - Para a justiça, Uberto Diniz Lage é dado como desaparecido.

Neste ponto eu já estava meio sem folego. Como esse cara guardou isso de seus amigos? E prosseguiu, parecia que finalmente ele estava se apresentando para nós.

PQD: - A Ana me ajudou, e convenceu minha mãe neste processo de esclarecimentos.

PQD: - Minha mãe chegou a promover um encontro com meu pai biológico. Meu pai tinha um aspecto físico parecido com o seu... com a diferença que o meu não tinha um braço... perdido em um acidente.

Como é uma entrevista sem roteiro, fiquei um pouco preocupado para não me perder logo no início de nossa conversa. O cara estava com a metralhadora ligada e queria falar (escrever) mais.

PQD: - Cheguei na Corrêa através do Anderson... amigo do Roberto Azulão, em meados de 1970.

Parecia que o PQD ia evoluir para a sua chegada na Correa Dutra, mas foi só uma pausa, para continuar os comentários sobre sua família.

PQD: - Quando ele (meu pai biológico) se encontrou comigo, expressou o desejo de me levar para conhecer minha tia, irmã dele que o criou. Ela era a maior fazendeira de café de Vassouras... onde mora a família até hoje.

PQD: - Ele me disse que ela foi a responsável pelo acerto dele me registrar e quem criou meu pai. Ela não tinha filhos e queria me criar... mas minha mãe não aceitou. Eu poderia ter herdado a Fazenda kkkkkkkk.

PQD: - Ufa! Cansei

Em menos de uma hora de conversa, um papo incrível, com descobertas que nunca passariam por nossas cabeças.

D & K: - E você teve novo contato com seu pai biológico?

PQD: - Um tempo depois, Ana se empenhou em encontrar meu pai... aí descobriu que ele foi atropelado na Pres. Wilson... meio mamado... e morreu no meio da rua.

PQD: - Pelo que mamãe contava, ele era Fluminense roxo... um dos fundadores do Bola Preta (saia em todos carnavais no Bloco das Piranhas do Bola e só voltava pra casa na 4ª de cinzas), era mulherengo... gostava de encontrar os amigos pra beber... amigo íntimo de Tenório Cavalcante e Juscelino Kubitscheck. Comunista e chegado a uma corrupçãozinha... se é que me entende rs rs.

PQD: - Depois eu
conto uma passagem que ele e Tenório apanharam do povo quando foram inaugurar uma caixa d'água numa comunidade no Méier

Eu, ou qualquer um de nós, nunca iríamos imaginar que o PQD fez  parte de uma verdadeira novela global. E demos mais um empurrãozinho no seu discurso.

D & K: - Meu amigo, conta um pouco mais sobre isso.

PQD: - Eles inauguraram uma caixa d'água... e colocaram na surdina 2 baldes d'água. Deu merda rs rs r

PQD: - A caixa d'água não tinha conexão com a rede de distribuição de água... só encanamento fake

PQD: - Juscelino... General Lot... Jango... Tenório e Brizola iam lá em casa, no bairro de Botafogo. Tem é história viu?

D & K: - E como tem...

PQD: - Minha mãe tinha história dos bastidores políticos da época.

PQD: - Mamãe era filiada ao PDT, e cheguei a ver Brizola aqui no apartamento de Santa Teresa algumas vezes. O Chefe da Divisão administrativa do Centro era um tal Delmondes que vinha sempre aqui em casa com o Brizola. Esse Delmondes era uma figura... era escarrado aquele cara que fazia aquele político na Praça é Nossa. Inclusive fisicamente e no modo de falar. Eu adorava ele. Uma vez arrumei uma encrenca em um bar de Santa Teresa... perto do Arnaldo. Ele foi naquela delegacia de Santa Teresa e me tirou na hora.

Nossa conversa já tinha umas duas horas e a cada momento vinha uma lembrança e eu tinha que ter o cuidado de não perder o fio. Queria registrar tudo e evitar uma mistura dos fatos e dos tempos. Era uma surpresa atrás da outra.

PQD: - Zé, agora vou comer um podrão no buteco, ou boteco...

Mas ele não resistia em continuar nosso papo.

PQD: - Lembrei... Região Administrativa. Acho que era a 5ª.

PQD: - Minha mãe era a cara escarrada de uma atriz italiana chamada Gina Lolobrigida.

PQD: - Fui...  (para o podrão)

Disse para ele que do jeito que estávamos indo, sua entrevista teria que ser por capítulos. E antes dele partir para o rango, resolvi tirar umas dúvidas em relação à sua chegada na Correa Dutra.

D & K: - Beto, o Anderson que você se referiu era o Mau Mau?

D & K: - Se não me engano você chegou pouco antes de servir, acho q foi no período que estava entrando no quartel, e por isso o apelido de PQD, certo?

PQD: - Não... era um amigo do Roberto.

PQD: - Exatamente, o PQD era porque eu estava no paraquedismo.

PQD: - Esse Anderson serviu no ano anterior ao meu e eu o via aqui pelo Bairro de  Fátima.

PQD: - O que me fixou na turma foi meu namoro com a Alana, ou seja, os responsáveis pela minha fixação na turma foram o Roberto e a Alana.

PQD: - Mas ainda não terminou o capítulo do seu Uberto e dona Cândida rs rs rs.

PQD: - Esses dois eram do cu riscado rs.

Ele estava empolgado, acho que ele esperava por muito tempo uma oportunidade de contar essa história. E continuou no ritmo.

PQD: - E isso é do que eu sei.

PQD: - Do Tenório e seu Uberto tem até tiroteio em Duque de Caxias.

PQD: - Tem o povo correndo atrás deles pra linchá-los.

PQD: - Tem o caso da caixa d'água... onde o povo os deixou desmaiados numa vala de esgoto.

E se ele estivesse ao meu lado iria perceber minha cara de espanto, de surpresa, e também de alegria pela oportunidade de aprender um pouco mais de uma história que a gente não lê nos livros, mas que agora vão ler no blog.  Continua PQD...

PQD: - Eles viviam nos "braços" do povo... se é que me entende kkkkkk

PQD: - A primeira vez que vi os dois pareciam o Capa Preta e o Amigo da Onça rs

PQD: - Meu pai usava aqueles bigodinhos fininhos.

PQD: - Você não faria negócios com eles nem sob tortura no Pau de Arara.

PQD: - Paulo Malluf e Ademar de Barros fizeram escola com tipos como eles ...

PQD: - Tá bão pra cumeçá né?!

Enquanto Beto parecia se divertir, eu ficava cada vez mais ansioso e já tinha a certeza de que nossa conversa era um papo de botequim, e que merecia muitos drinks. E ele não parava de rever o seu baú de memórias. E que memórias.

PQD: - Tem delegados como Juber Baesso... um tal de Diamante... um que esqueci o nome e que era titular na 14ª no Leblon... todos tinham coisas com papai e Tenório e isso me livrou de uma encrenca nos anos 60.

PQD: - Era tudo farinha do mesmo saco ...

PQD: - Acho que os corruptos de hoje não chegam nem perto dos antigos.

PQD: - Quando eu me lembrar do delegado da 14ª DP te informo. Era muito conhecido na zona sul. Tudo da mesma curriola.

Neste ponto eu já imaginava em como apresentar este texto, apenas na apresentação já tinha um recheio de histórias e novidades. E voltamos nossa conversa para a Correa Dutra.  

D & K: - Alana estava se enturmando na Correa e você foi logo a capturando. E gerou um dos casais mais famosos na turma, principalmente pela paixão dela e a sua performance em carinhos mais pesados, certo? Se lembra do irmão dela?

PQD: - Não lembro. Só sei que ele deu um sacode no folgado do Derzemar rs

PQD: - Esse tal de Anderson "ficou" com a Alana em uma festa em Gramacho. E ela tomava uns tapas porque eu era uma grande babaca. Acredito que ela foi a mulher que mais gostou de mim e eu fodi com a vida dela. Triste né?

PQD: - O tempo todo do meu tempo no quartel ela ia lá em casa de noite pra transar comigo e voltava pra casa. No final troquei ela pela despirocada da Ana.

PQD: - Troca mal feita. Se eu mantivesse a Alana, hoje talvez ela ainda estivesse ao meu lado.

PQD: - Eu era um desajustado, sem miolos. Aliás... eu só fui tomar vergonha na cara no século 21. Foram 48 anos de escrotidão.

PQD: - Tô começando a achar que a história de seu Uberto e dona Cândida é mais bonita e interessante rs rs rs

D & K: - E por falar em Alana (minha querida amiga - só isso), algum tempo atrás  me disseram que ela tinha saído do Rio e ido para o interior, e nunca mais se ouviu falar dela, pelo menos na Corrêa.

D & K: - Quanto à história de Uberto & Cândida, pode ser um capítulo à parte, quem sabe a Globo não se interessa?

D & K: - Eu acho que Ana (também uma amiga nossa) tem uma grande importância para você. O tempo nos molda, nos transforma, e mais tarde, quando olhamos para trás, nós julgamos nossas ações daqueles tempos com o que pensamos hoje, e aí podem aparecer as controvérsias.

Tem muita gente que diz que não se arrepende
de nada do que fez, mas eu me arrependo de muita coisa que fiz e de muito que deixei de fazer, por qualquer motivo que seja. E é isso que torna nossas vidas diferentes e interessantes. Temos que viver com intensidade para contar nossas histórias.

PQD: - Exatamente isso amigo. Eu não vejo seu passado com muito do que se arrepender. Você sempre foi um ser humano do bem... e ainda é.

PQD: - Eu ouvia muito, em grupos de meninas que não moravam na Corrêa, que elas achavam a rua que mais tinha meninos bonitos. Eu conhecia mais meninas de outras ruas do Flamengo. Na época eu não dei muita atenção. Mas era uma verdade. Na Corrêa de baixo tinha o famigerado Zé, Byra e seus belos cabelos, Godá, André, Santalucia, Ari, Marcão, Cobro Naja, Barbicha e Léo da Vila. Na Corrêa de cima era uma porrada deles, Vieira, Amaro, Zé Augusto, Kibe, Serginho Moita, Zé Franguinho, Mario, Klerton e Derze, e seus cabelos grisalhos, e mais uns dez que não lembro dos nomes. Tava lembrando aqui. Godá, Léo da Vila e Marcão era de dá raiva kkkkkkk”.

PQD achava que o Léo, com aquele jeitão de surfista, era o garoto mais bonito do Flamengo. E é seu brother até hoje.

PQD: - Léo era um garoto bonito por fora e lindo por dentro. A última vez que o vi foi quando era casado e morava no Leblon, ele apareceu com sua noiva, uma loirinha bonitinha, arquiteta. Casaram e montaram um negócio em Itaipu.

PQD: - Lembro que numa época, eu, Léo e Santalucia, todas as sextas-feiras e sábados, saíamos com Augustinho, em dois carros para as boates, e o pessoal achava q tinha alguma coisa entre ele e o Augustinho. Íamos muito no bar do Manolo e no Marrakeche, no Leblon. A gente gastava muito.

PQD: - O pessoal só parou de falar quando o Augustinho casou.

D & K: - Você foi um dos primeiros papais de nossa turma. Conta um pouco sobre isso.   

- Tenho 6 filhas com 3 mulheres diferentes. A primeira, filha de uma namoradinha, Ana Maria, é Ana Claudia, que nasceu em 1969 e me deu 2 netas e um neto, um garotão bonito igual o avô. Depois casei com a Roberta, que muitos conhecem, e nasceu Tereza Cristina, mãe do Francisco, meu netinho mais novo. Depois veio a Cristina, com quem vivi por cerca de 7 anos, e nasceram as gêmeas, Júlia e Mariana, mãe de Maria, mais uma netinha, Bruna e Rafaela, sendo que estas 4 vivem debaixo das minhas asas. A mais nova (26 anos) se formou em Direito e trabalha na Estácio. E a avó materna das 4 ainda diz que sou um pai omisso.

PQD: - E ainda tem a Cristal... a sonsa safada. É da Mariana e me adotou...

PQD: - Minha mãe dizia que eu não precisaria nem estudar nem trabalhar, pois ela teria dinheiro suficiente para minha manutenção.

PQD: - Fui pai aos 15 anos, e como disse antes, logo depois fui pai novamente e me casei. E dos 28 em diante passei a estudar. Me formei em 90, em Ciência da Computação, e fui trabalhar.

PQD: - Me graduei na Estácio de Sá, fiz uma porrada de cursos e ganhei uma bolsa, foi quando estudei fora do país por 7 meses.

Mais uma experiência que poucos conhecem e quem sabe, mais um capítulo em nossa conversa.

PQD hoje está aposentado, e segundo ele, com o suficiente para sobreviver. O problema é que, de acordo com suas palavras, algumas filhas ainda dependem dele.

PQD: Minha mãe morreu em 2019 e deixou alguns imóveis sublocados (inclusive comerciais) e um imóvel próprio, onde moro com minhas filhas, mas meu interesse é que elas cuidem desse patrimônio, pois eu quero apenas viver de minha aposentadoria.

Depois dessas duas horas de uma conversa que só não foi melhor porque estávamos de bico seco, entramos num tema político, mas que preferimos deixar para uma outra hora, e para fechar perguntamos para ele como estava de saúde.

PQD:

- Eu nunca tinha tido nada, não sentia nada, mas em 2006, aos 54 anos, tive um infarto, coloquei um stent, e de lá para cá começaram a aparecer alguns probleminhas. Minha vitalidade caiu mais de 60%. Tenho pedras enormes na vesícula e devo operar para tirar tudo, inclusive a vesícula. Estou pesado e a diabete apareceu e tenho que tomar remédio para o controle. Preciso fazer outra cirurgia porque minhas femorais estão com 70% de entupimento, e isso me dá uma sensação de peso nas pernas e pode me trazer mais problemas. Tenho uma postura ruim para dormir por causa de dores no braço esquerdo, devido a uma artrose. Uma vez doeu tanto que pensei que era um AVC. E devido à postura, minha bacia tem um deslocamento e também dói. Meu corpo dói e o Dr. Antero me disse que meu problema é na coluna, no nervo braquial esquerdo e que tenho q fazer fisioterapia. Tem uns 15 dias que parei de fumar, foi depois que senti as pernas bambas, tentei levantar e cai inteiro, que nem um coqueiro. Bati com a cabeça no chão, esperei um tempo para ver se sentia mais alguma coisa, mas não deu nada e consegui me levantar. E para fechar, um tempinho atrás, apareceu um cancerzinho no meu ombro decorrente de uma verruga antiga.  No resto está tudo bem. Beijão pra vocês.  


Meus amigos, é claro que nossa conversa não termina aqui, com certeza ainda teremos novos capítulos da vida e da intimidade de nosso querido amigo Betinho PQD, o Cocô de Avião.

 

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Um pinto no lixo

 

E

m geral contamos aqui nossas histórias vencedoras, as derrotas ficam para os outros contarem, o que não significa que não podemos contar algumas. E tenho uma para contar desse final de semana. 

Para variar fomos convocados pela QG de minha filha para dar uma “mãozinha” num rodízio de pizzas que minha neta, Marina, 13, criou com alguns amiguinhos da escola. E eu, o Vovô Dureza, não tenho como dizer não.

Eram cerca de 6 jovens mais 2 casais e nós, os vovós e os papais. E fui logo assumindo minha posição de pizzaiolo. Avental, chapéu e arriscando uns malabarismos com queijo (essa foi por minha conta) e massa de pizzas.

Claro que além dos refrigerantes, meu combustível estava separado, e algumas IPA foram devidamente degustadas até que minha filha trouxe uma canelinha, uma cachaça de gosto que ela comprou em Paraty, um verdadeiro refresco de canela, e eu que estou afastado dos drinks “desti lado”, resolvi também degustar algumas canelinhas.

Foi tudo muito bem. A garotada montou algumas pizzas, assim como as senhoras e eu cuidei do forno, que na verdade era a churrasqueira com uma pedra especial  com abafador. No início passou um pouquinho mas logo chegamos num ponto adequada de caloria e tudo seguiu numa boa.

Fomos até 1h da manhã, quando a galera se despediu e o Vovô Dureza, deu uma geral e sentou para mais umas cervejinhas apreciando o Rock in Rio, por cerca de mais umas duas horas.

Deixamos tudo mais ou menos arrumado, e tomei o remedinho noturno com meio copo d’água, o que não é muito comum, pois geralmente bebo com suco, um café com leite ou chocolate, dificilmente com água.

Dia seguinte, domingo, almoçamos e retornamos para casa, e aí o time que estava ganhando começou a perder. Transito bom, pela Av das Américas, comecei a sentir um mal estar. Na Lagoa, depois de passar por determinado ponto onde o cheiro não é dos melhores, iniciou um calafrio que me fez acelerar. Não quis preocupar Da. Sonia, mas ela já estava sentido que nem tudo ia bem e começou um pequeno interrogatório, cada vez enchendo mais o saco, claro, e ao entrar da Francisco Bicalho, quase bati num motociclista e o enjoo ficou mais forte, o suficiente para perceber que não teria como entrar na Ponte naquelas condições.

Parei no recuo do ponto de ônibus e saltei apressadamente do carro. Sonia queria ir para o hospital, e eu não sabia direito o que iria acontecer, pois  um reboliço intestinal também ameaçava acontecer. Se juntava ao enjoo, mãos frias, suor, e as pernas meio bambas.

Parei e iniciei uma respiração abdominal, procurei manter a calma, mesmo com os gritos da madame com medo de assalto e querendo que eu entrasse no carro de qualquer maneira.

Fiz minha meditação e entrei no carro. Ela dirigiu e conseguimos chegar em casa sem outros atropleos. Eu pálido, com frio e todo embrulhado, não sabia o que poderia ter me feito mal. Talvez a pinga de canela, ou quem sabe aquele meio copo d´água que usei para tomar o remédio, e que não estou muito habituado?

Fui direto para a cama. Estava frio mas sabia que não estava com febre. Sonia, minha cuidadora, foi na coleção de remédios dela e me deu um omeprazol, depois veio com um chá de hortelã, e acho que ajudaram na definição do jogo.

Passado uma meia hora, começou o enjoo com mais força, assim como o aviso que as demais saídas também deveriam ser liberadas, foi quando levantei e fui para o banheiro, e começou o espetáculo. A força do que saia da minha boca, faz muito tempo que não experimento esta sensação, e que parecia não querer parar. E se fosse só isso, não teria muito problema, mas minha próstata deve ter ficado com ciúme e se manifestou com uma vontade de urinar naquele exato momento, e aí fica minha pergunta: alguém já mijou e vomitou ao mesmo tempo, sóbrio? É uma merda. E por falar nisso, o que faltava acontecer veio também com vontade que não deu para segurar.

Vomitar não é bom, mijar em conjunto, pior, e sentar no trono para o número 2, é quase um quebra-cabeça. Qual seria a melhor posição? Em pé? Sentado? No box? Foi realmente uma derrota, mas que considero o jogo empatado, pois a urina já tinha se espalhado e consegui cortar temporariamente o vômito, foi quando sentei no trono e me aliviei, mas não por muito tempo, pois tive que me levantar rápido para as últimas golfadas, aquelas quase secas que só fazem virar os olhinhos. 

Foi quando me apoiei na parede e dei uma rápida olhada naquele ambiente, mas nem me preocupei com o trabalho da limpeza que viria logo a seguir, senti um prazer indescritível, verdadeiro “pinto no lixo”

Meus amigos, fiz questão de contar essa historinha, quase macabra, mas que com o passar do tempo, e devido à nossa faixa etária (melhor idade?) pode ser que novas aventuras desse tipo aconteçam com qualquer um de nós. E digo mais, depois de tudo isso, fiquei muito bem, sem novos enjoos e dormi igual neném.