sábado, 20 de junho de 2020

História de nossas histórias

 Tudo tem pelo menos dois pontos de vista, e até mesmo neste isolamento provocado pela pandemia da COVID19, existem situações interessantes. Uma delas são nossas conversas via as redes sociais. Ali se fala, ouve e escreve tudo e mais alguma coisa. São conversas de hoje, do passado e até mesmo do futuro. Como será depois da pandemia? É um questionamento presente em várias redes.

Em nossa rede de WhatsApp não é diferente, e de vez em quando surgem assuntos que favorecem um diálogo maior, com menos sacanagens, com dúvidas e até mesmo alguns esclarecimentos positivos.

E para que no futuro, nossos amigos que ainda se interessem pelas histórias de nossa história, resolvemos guardar um diálogo como exemplo de nosso ZAP, pois do jeito que é a velocidade na informática, com certeza daqui a pouco tempo outras ferramentas irão aparecer para monitorar nossas conversas.

Os trechos a seguir são de 19 de junho de 2020, e referem-se a uma conversa que tivemos com Raimundo, Serginho Pequeno, Cássio Pinga, Paulo Godá e Bibaca sobre nós e os anos 60/70, na época da Intervenção Militar de 1964, que veio a colocar o país num período que veio como um remédio para a democracia mas nos envenenou com o autoritarismo de uma ditadura.

































terça-feira, 9 de junho de 2020

Quarentena na Cozinha


S
ão mais de 60 dias em casa. Saídas somente as essenciais, realmente necessárias, como por exemplo quando desço até a Cantina do meu Condomínio para atender algum chamado importante, e aproveitando a oportunidade, alguns minutos de prosa e uns goles de cerveja, por baixo da máscara, só para não ficar de bico seco.
Em casa já consigo ir do quarto para sala, para a cozinha, varanda e em todos os cantos de olhos vendados. Já vi algumas séries na TV, algumas em apenas um ou dois dias. A TV, nesta guerra política, está muito chata de ver e ouvir. A leitura foi substituída pelo smart, agora um inseparável objeto de uso pessoal, talvez até mais do que uma escova de dentes. Com ele vc lê, vê, assiste, escreve, paga, cobra, faz mil e uma coisas e nosso principal ladrão de tempo, vc nem percebe e morreu mais um dia.
Mas sempre arranjamos outras coisas para fazer, e a culinária é uma atividade que quem gosta não para nunca. Claro que nem todos vão para dentro da cozinha, preferem curtir o resultado final, mas em nossa turma, temos alguns confrades que se arriscam nas panelas.
No meu caso, o churrasco tem sido meu carro chefe de muitos anos, uma herança de meu pai que era um aficionado, e que fazia questão até de se vestir com alguns paramentos que trouxe lá dos pampas em suas viagens.  Também me aventuro nas panelas e frigideiras e agora, na quarentena, até doces e bolos já saíram do fogão e do forno, e até agora acho que não estou fazendo feio.
Mas temos outros admiradores da arte, como a trinca familiar Mário, Frango e Tamba, responsáveis por feijoadas e outras paneladas, além de seus tradicionais churrascos já bem conhecidos pela turma, que sempre cobra novas eventos.
E dentre outros, nosso amigo Bibaca é mais um que tem aproveitado a quarentena na cozinha. Cada dia um prato diferente, uma salada colorida, uma carne bem assada e temperada, e que agora está tentando entrar com cardápios mais  light  para reduzir seu consumo de calorias, e melhorar sua cinturinha.
Além de nós amadores, temos em nossas fileiras, dois profissionais da culinária, dois Claudios. Um é o Qualirinha, que além de criar e montar seus pratos não deixava de saboreá-los com certa intensidade e no auge de seus 200 kilos foi obrigado a uma pequena intervenção cirúrgica e hoje curte seus 120kg de muita alegria e drinks para ajudar a se manter em forma.
O outro é nosso companheiro de blog Luiz Claudio Kibe, apreciador de uma cozinha bem elaborada, com olhos nos pequenos detalhes  e que quando nos encontramos não podemos deixar de lembrar de nossa Paella, um marco em nossos encontros, simplesmente inesquecível e que temos esperança de um dia conseguir repetir.  Kibe se aperfeiçoou na arte culinária, abriu um restaurante em Brasília, que no momento está fechado por causa da pandemia, e assina uma página no Face onde comenta sobre cozinha com amigos de toda a parte do mundo  ( https://www.facebook.com/cozinhandocomamigosg ).
E num final de semana desses, nossa amiga Estelinha gostou das conversas sobre pratos que tínhamos feito decorrente de nossa quarentena na cozinha e resolvemos presentear não somente ela, mas nossos amigos e leitores com três receitas simples e que esperamos que todos apreciem. E não vamos parar por aí, esperamos que a própria Estela, assim como outros confrades possam também colaborar e nos repassarem algumas novas dicas e recitas, inclusive lá da Alemanha da Rose.
Começamos com uma PANQUECA cuja receita aprendi faz muito tempo com minha mãe, D. Ilka, que neste mês, dia 26, comemora seus 90 anos, desesperada por não poder sair de casa e com suas broncas e costumeiros palavrões nos dá uma certa alegria pois demonstra que ainda tem muita força para passar por essa onda e ainda curtir mais um bom tempo entre nós. Parabéns minha mãe.
Sua receita é simples e tradicional, e a chamo de TUDO 1.
1 ovo,
1 xícara de leite
1 xícara de farinha de trigo (usei a de aveia e ficou muito boa, o Kibe sugeriu a de semolinha, vamos testar)
1 colher de sopa (bem cheia) de manteiga (margarina ou óleo, sem preconceitos)
1 (boa) pitada de sal
50g de queijo ralado  (opcional)
Para fazer, costumo bater o ovo com um pouco do leite e a manteiga ( se derreter é melhor) e depois coloco no liquidificador com o resto do leite e adiciono a farinha e o sal.
Bate por um minutinho ( ou um pouco menos ) e o milagre acontece, a massa está pronta.
O melhor é fritar numa frigideira antiaderente, até parece que panqueca foi feita para isso.  Eu sempre passo um pouquinho de manteiga para deixar as panquecas mais coradinhas.
Adoro panquecas, e comecei cedo, ajudando minha mãe, pois eu conseguia faze-las mais finas, mais fáceis de rechear e ela agradecia muito a ajuda.
O recheio foi uma carne moída, refogada no bacon, cebola, alho e tomate, com pitadas de alecrim e o tempero final abafado com uma pitada de cominho em pó, uma especiaria daquelas que serve para muita coisa: melhora a digestão, reduz a formação de gases, combate a retenção de líquidos, reduz cólicas e dores abdominais, fortalece o sistema imunológico e afirmam com certeza, que é afrodisíaco. E pelo sim e pelo não, é um tempero frequente em meus pratos.
Para rechear é só ter um pouquinho de calma. Primeiro frite e reserve-as num prato à parte e em outro (um prato raso de preferência), ou numa tábua, coloque uma panqueca de cada vez, com cuidado para não partir e distribua numa das metades, uma boa colher da carne moída, costumo também colocar um pouco de queijo ralado por cima da carne, mas é uma questão de gosto. Em seguida enrole e comece a montá-las em uma travessa. Faz assim com todas as outras, mais ou menos umas 10 unidades. E depois de feitas e arrumadas, polvilhe com o queijo ralado, está pronto para servir.  Se demorar um pouco e esfriar, coloque a traversa no forno quente (180º) por alguns minutos (10 min) e sirva em seguida.
Você pode variar um pouco a receita e preparar a famosa PANCAKE AMERICANA, uma panquequa mais fofinha, geralmente com recheio de geleias. O americano adora isso e come uma encima da outra com o recheio derramado por cima de todas.
Basta acrescentar 3 colheres (de sopa) de açúcar e uma colher (também de sopa) de fermento químico. O processo é o mesmo só que elas devem ser fritas e tamanhos menores e mais altas (fofas). Também é muito bom e vale a pena experimentar.

A receita seguinte é de nosso Chef Kibe. Uma recita típica do Brasil, mas com a formalidade e aquele toque refinado de quem entende do assunto.
Creme de abóbora com carne-seca, calabresa e requeijão cremoso.
Porção pra 6 pessoas
½ abóbora kabocha
1 kg de carne-seca (pode ser charque ou carne de sol)
1 linguiça calabresa
3 colheres de requeijão cremoso
1 cebola grande
3 dentes de alho fatiados
2 tomates maduros picados sem sementes
1 colher de sopa de cebolinha
½ xícara de polpa de tomate
Pimenta do reino a gosto
Sal a gosto
Fazendo.
Corte a carne-seca em cubos e dessalgue-a de um dia pro outro, trocando a água várias vezes.
Coloque a carne-seca com água até cobri-la em uma panela de pressão e deixe cozinhando em fogo baixo, por aproximadamente 30 minutos, depois de ferver.
Escorra a água e reserve. Em uma frigideira pré-aquecida, doure a cebola e o alho; acrescente a carne-seca e a calabresa fazendo um bom refogado. Junte o tomate em cubos, a polpa de tomate e os demais ingredientes (sal e pimenta-do-reino).
Descasque a abóbora e corte-a em cubos e cozinhe até ficar bem macia, desmanchando. Em seguida, escorra a água e misture a abóbora à carne-seca. Acrescente o requeijão, mexendo até formar um creme homogêneo. Corrija o sal, se necessário.
Sirva acompanhado de arroz e uma boa farofinha com banana-da-terra.
Bom apetite!

E fechamos essa edição com as dicas de nosso sommelier Marcos Bibaca, que em breve vai nos presentear com um texto comentando sobre os vinhos de nossa terra.
Está receita eu aprendi com um chef de cozinha e proprietário do restaurante Mediterrâneo, quando eu trabalhava na Heublein. Ele mergulhava e trazia uns peixes frescos pra fazer no almoço.
Um dia ele me convidou pra almoçar com ele, se chamava Angelo, italiano com uma cultura gastronômica toda do mediterrâneo, por isso o nome de restaurante homenageando sua terra.
Eu não conhecia nada de salada, a não conhecia outra a não ser alface, tomate e agrião. Essa ele preparou na minha frente, usou alface crespa, americana, rúcula  e almeirão, depois ele cortou os tomates sem semente, cebolas partidas ao meio, bem fininhas. Acrescentou azeitonas verdes e pretas sem caroços, colocou salmão triturado (desfiado), rasgou as folhas com as mãos, jogou tudo numa vasilha, preparou um molho a base de azeite, shoyu, vinagre, mostarda, meio limão e meia laranja seleta espremidos, e misturou tudo na vasilha com 2 espátulas grandes. Arrumou tudo num prato e decorou com ovos cozidos.
Ficou ótimo nunca tinha comido uma salada tão intensa, isso acompanhado por belo vinho branco resling italiano bem frutado. Depois saboreamos o peixe que ele fez no forno.  Um pargo recheado com farofa de alcaparras na manteiga. Deixa eu ir comer que me deu até fome. Espero que tenha atendido as perspectivas.
Claro que atendeu, Bibaca, e pelo horário que fechamos o texto, também estou indo fazer uma boquinha. Voltamos em breve.