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egunda-feira
de Carnaval, o Carnaval da Pandemia, que com certeza ficará gravado nas nossas
mentes para sempre. E para mim, um dia que começou bem agitado.
Recebo uma
ligação de meu filho, antes das 8:00h, o que já assusta qualquer um, e veio a
notícia, ele e família, ou seja, mulher e 4 crianças, estavam chegando de Belford
Roxo e esqueceram as chaves de casa, e não tinham como entrar. O que fazer?
Ligar para o papai.
Eu no
Recreio, mais ou menos uns 70km de distância, mas por sorte, ou por aquela prevenção
do mais idoso, sempre carrego uma cópia das chaves deles no meu chaveiro, e
tinha que decidir qual a melhor e mais rápida decisão a tomar.
É fácil
imaginar a situação do caos. Minha neta com 2 anos, os outros com 3, 5 e 7, todos
com fome, ela chorando, fazendo xixi ou cocô, quem sabe, e tendo que ficar na
rua, na calçada, parados em frente à casa. E do outro lado do Rio de Janeiro.
Logo chega a
avó, elas tem um ouvido extremamente sensível às merdas que acontecem com os
filhos, e quando percebe que naquela hora eu conversava com um filho longe de
onde estávamos, já pergunta o que está acontecendo com aquele jeito meio
desesperado de mãe querendo saber o que aconteceu. E para ajudar no imbróglio chega
minha filha, também já questionando o que houve.
Minha
primeira preocupação foi em acalmá-las. Disse que estava tudo bem, mas que
tinha um probleminha para resolver. Pedi que meu filho esperasse um pouco e que
iria ver a solução mais rápida, pois eu estava com as chaves e o problema era apenas fazer chegar até ele.
Minha filha foi
logo decidindo por chamar um aplicativo (UBER ou 99) e pronto, no que concordava
a mãe. Parecia o mais indicado, no entanto, mesmo numa segunda-feira de
Carnaval, e no meio de uma Pandemia, a solução não era tão simples. O tempo para
chegar onde estávamos era de mais ou menos, 15 minutos, e o valor em mais de
130 reais, e por esse valor, e a demora para chegar o carro, que poderia até
ser maior, resolvi ir para Niterói, chegaria mais rápido, saindo naquele
momento, e com um custo muito menor, e iria fazer um passeio de ida e volta,
além de dar um alô para meu filho e minha nora e claro, um beijão bem grandão nas
crianças.
Para dar um
toque a mais, começou a chover no caminho, o que me obrigou a ter um cuidado
maior na direção, mas mesmo assim, um trajeto que costumo fazer em tempos
normais, sem pressa, no máximo em 1 hora
e 30, consegui chegar exatamente em 1 hora.
Na minha
chegada reparei uma viatura policial parada do outro lado da rua e até pensei
que eles poderiam ter pedido alguma ajuda, mas não disse nada e estacioneir na
rua ao lado da casa. Para minha surpresa, minha nora e os três meninos estavam
na área interna do prédio, em conversa com meu filho que carregava minha neta,
de 2 anos no colo, já com cara de choro. Soube então que minha nora tinha
escalado e puladoa grade com as 3 crianças, foi a forma que eles acharam para
proteger e acalmar os meninos, no entanto não esperavam que este ato, principalmente
num período de carnaval, e a cidade com pouco movimento, fosse interpretado por
um vizinho como uma possível invasão de domicílio, e chamaram a polícia para ir
ao local.
E mal
cheguei os policiais encostaram e foram nos questionar o que estava
acontecendo. Por sorte chegamos praticamente juntos e deu tempo para abrir o
portão e entregar as chaves para o apartamento, que fica no próprio andar térreo,
e fui conversar com os policiais.
Não tinha o que
reclamar. Nessa época de dificuldades, a cena de uma mulher pular uma grade com
três crianças e ficar conversando com o parceiro e mais uma criança no colo,
poderia realmente ser caso de polícia. Pode até ter sido um pouco de
precipitação, mas preferimos aceitar como prevenção. Os policiais também
entenderam a situação e um deles chegou a me questionar se tinha algum apartamento
para alugar no prédio.
Assinei a
ocorrência e fui conversar com eles, foi quando soube que minha nora ia sair para trabalhar e que estava encima da
hora, e se eu não chegasse naquele momento, ela teria que faltar ao trabalho, e
seria mais um problema, que por graça não aconteceu e ela pode ir, meio que apressada,
para o seu serviço.
Bom, o mais
importante é que todos estavam bem e o vovô pode ajudar, mas claro que não
terminou a historinha. Todos em casa e vovô para o mercado e para a cozinha.
Meu filho,
apesar de já estar se familiarizando com as panelas, ainda não é um
especialista, então ele cuidou da casa e das crianças, e eu fiquei para fazer
um almoço rápido, mas antes peguei minha netinha e fui dar uma volta com ela
para tentar achar um Chaveiro 24 horas, pensei até em chamar meus amigos Márcio
e Renato, mas preferi passear e não consegui achar um “24 horas” que estivesse
funcionando.
De volta,
fui para a cozinha, preparei uma bela macarronada, deixei um lanche encaminhado,
aproveitei para comprar umas cervejinhas em promoção e retornei para o Recreio.
Confesso que gostei do passeio, de ver e brincar com a garotada, de puxar as
orelhas de meu filho que estava apenas com um jogo de chaves para eles. Só não
sei dizer se já fizeram cópias das chaves para eles, pois quero as minhas de
volta.
Por fim, o
carnaval não pode passar sem uma história pra contar, mesmo numa pandemia.