cerveja sempre foi, e
ao que tudo indica, por muito tempo ainda será a referência em nossos
copos. É evidente que isso não implica
em dizer que não apreciamos outras bebidas, como a cachaça (artesanal, claro),
o velho whisky, a pura vodka, o santo vinho e outros
drinks que tão bem
conhecemos ao longo de nossas andanças.
Em relação à nossa cervejinha, a moda atual é a cerveja
artesanal, mais encorpada e de maior teor alcoólico e com diversas marcas no
mercado. É papo certo nas mesas dos botecos
onde os mais entendidos normalmente iniciam seus comentários falando sobre o “grau
alcoólico” e os “processos de fermentação”. E é por aí que também resolvemos
começar.
Após uma visita ao Museu da Bhoemia, em Petrópolis, que
recomendamos para todos os apreciadores desse líquido salutar, e uma rápida
pesquisa na internet, preparamos um breve resumo para ajudar nas
trocas de opiniões e na prorrogação dos
drinks.

O mais interessante foi saber que no Código de Hammurabi,
datado de 1730 a.C. , o primeiro Código de Leis que se tem conhecimento,
escrito pelo Rei Hammurabi, da Babilônia, continham regras rígidas relacionadas à cerveja, desde a qualidade até a sua distribuição, e de acordo com o
estatuto social de cada indivíduo.
O Rei falou e disse: “Quem
produzir cerveja ruim será morto”. Tida
como o “néctar dos deuses” estava escrito na Lei que “se uma
cerveja de má qualidade chegar ao consumidor, o responsável por sua produção
será punido com a morte por afogamento”. De lá para cá a cerveja rodou o
mundo e certamente não irá parar de rodar, e nem nós, claro.

Mas para “molhar o bico” e deixar a conversa mais
interessante, a primeira observação a ser feita é sobre o “tipo de cerveja”, e
que esta
depende
principalmente do tipo de levedura utilizada, dos maltes e do lúpulo. Com
certeza, todos em volta irão dar o primeiro brinde para que o assunto se
desenrole.
- .. e a fermentação, deve ser de baixa ou de alta? Sem dúvida será uma das primeiras perguntas.
É a dica para demonstrar o
conhecimento, pois os tipos de fermentação, alta e baixa, definem 2 dos mais
conhecidos e principais grupos de cervejas.
E a moda são as
de alta fermentação. São as cervejas conhecidas por Ale,
palavra de origem nórdica que significa, nada mais nada menos, que “cerveja”.
São as “fermentadas em temperaturas mais
altas, entre 15 e 24ºC”, e cuja fermentação
dura entre 4 e 6 dias. Normalmente são as mais encorpadas, de maior teor alcoólico, e produzidas com sabores
e aromas diferenciados.

Existem vários subgrupos de
cervejas do
tipo Ale. Os mais
conhecidos são:
ü
Abbaye, Abdij ou Abbey – cervejas
originalmente desenvolvidas por abades na Bélgica e Holanda. Normalmente mais
fortes e preparadas para se conservarem por longos períodos;
ü
Alt Bier – denominação comum na
Alemanha para as cervejas de alta fermentação e coloração “cobreada”;
ü
Barley Wine – o “vinho de
cevada (barley)” caracterizam algumas cervejas fortes, com teor alcoólico
normalmente superior a 9%, e com carregamento maior de cevada em seu preparo;
ü
Bitter – de origem inglesa, é caracterizada
pela grande quantidade de lúpulo, o que lhe confere o amargo (bitter)
acentuado;
ü
Blanche ou Wit – origem Belga,
feita a base de trigo, é extremamente refrescante e de sabor peculiar;
ü
Brown Ale
– são as cervejas inglesas, com pouco álcool, ligeiramente adocicada por
caramelo e de cor acastanhada (brown);
ü
India
Pale Ale (IPA) – das mais populares, possui elevado teor alcoólico e uma
boa dose de lúpulo. Criada pelos ingleses para que a bebida se conservasse durante
as viagens por barco das tropas britânicas para a Índia;
ü
Kolsch – embora seja uma
cerveja de fermentação alta, sua pouca produção de ésteres a coloca com
características intermediárias entre uma
Ale e uma
Lager;
ü
Mild – cerveja inglesa mais
suave (mild), com a quantidade de lúpulo mais moderada que uma Bitter;
ü
Pale Ale – designação
comum para as cervejas com coloração pouco intensa (pálida);
ü
Porter – de coloração escura,
no entanto mais leve e de sabor menos torrado que uma Stout;
ü Stout – muito escura, robusta (stout), produzida
com recurso de malte e cevada torrados. Existem vários tipos de Stouts: Stout Irlandesa, seca e amarga; Sweet Stout, ligeriamente adocicada e com menor proporção de malte
torrado; Imperial Stout, encorpada e
com elevado teor alcoólico;
ü
Scotch Ale – (uma de minhas preferidas) cerveja
escocesa forte, de alto teor alcoólico, muito encorpada e com uma forte
presença do malte no aroma e no sabor;
ü
Trapista – cerveja produzida
originalmente em abadias pelos monges trapistas. Dizem que os monges a
bebiam em substituição às águas quando
poluídas. Preocupados com sua conservação, era produzida com alto teor
alcoólico (em torno de 12%) e com recurso de lúpulo e caramelo;
ü
Weisse, Weizen ou Weiss –
cerveja alemã de trigo, turva, normalmente servida com a levedura em suspensão,
neste caso toma o nome de Hefe-Weizen.
Lagers, palavra
que deriva do alemão lagern, e significa armazenar. É a denominação para as cervejas de baixa fermentação. São desenvolvidas
em processo de fermentação inventado no século 19, com base em baixas
temperaturas (entre 8 e 15 ºC). Graças ao processo produzem quantidades
muito pequenas de ésteres e possuem aroma de lúpulo bastante
"limpo". Necessitam de um período de armazenamento mais longo, de 2 a 4 semanas e em baixa temperatura (entre 0-5 ºC) para se maturarem. Em geral são cervejas mais leves e com graduação alcoólica entre
4% e 5%.

As
Lagers são as
mais vendidas nos EUA e no Brasil, que até pouco tempo detinha um consumo na
ordem de 99% para esse tipo de cerveja. Marcas
como Brahma, Skol, Itaipava, Antártica, Schincariol, e praticamente todas as mais conhecidas no
país, pertencem ao subgrupo
American Lager, também chamadas de
cervejas
pilsen.
Urquell Pils ou Pilsner
Urquell, é a mais famosa cerveja Lager do mundo. Sua origem data de
1842 e vem da República Checa, província de Boêmia, cidade de Pilsen, cujo nome
originou o tipo pilsener, ou
simplesmente pilsen, como nós a
conhecemos.
Alguns dos tipos mais conhecidos:
ü
Bock – cerveja do sul da Alemanha
com elevado teor alcoólico, encorpada e de coloração escura;
ü
Dortmunder – cerveja originária
de Dortmund, menos amarga que uma pilsener;
ü
Oktoberfest – cerveja exclusiva
para a grande festa da cerveja em Munique, que decorre durante o mês de Outubro;
ü
Pilsener ou Pils – a cerveja mais difundida e bebida em todo o
mundo. Originária da cidade checa de Pilsen é uma cerveja tipo lager, de
cor clara, seca e com um bom amargor;
ü
Schwarzbier – da Alemanha, de
coloração muito escura;
ü
Viena – cerveja austríaca, de
Viena, de coloração ambar ou avermelhada.
O papo fica mais interessante
quando alguém questiona se existe algum outro tipo de cerveja além dessas. E a
resposta não vem de todos, pois no Brasil das pilsen, poucos conhecem as cervejas lambic, de fermentação
espontânea.
É uma cerveja que fermenta
espontaneamente, sem controle, com a exposição do mosto em ambiente aberto, ao
vento, que provoca a reação pelos microorganismos existentes na atmosfera. Segue
uma receita exótica, com leveduras selvagens existentes apenas no sudoeste da
Bélgica. E devido a sua elevada acidez, muitas das vezes são misturadas com
frutos e adoçadas.

A fermentação espontânea deu origem
a primeira cerveja, e por isso as lambic são consideradas as “
mães de todas as cervejas”. É
considerada tão importante que é visto como uma obrigação o seu conhecimento
por qualquer cervejeiro que deseja se aprofundar na matéria. Um bom motivo para
um novo brinde.
As lambic mais conhecidas são as belgas Boon (Geuze Boon) e Cantillon,
por exemplo:
ü
Gueuze
– um blend (mistura de lambics) de diferentes idades. Cria uma efervescência como
a de um espumante. É o estilo mais conhecido e consumido.
ü
Faro
– a adição de açúcar e caramelo na cerveja servem para equilibrar sua acidez. É
a mais rara nos dias de hoje.
ü
Kriek
– são inseridas cerejas (krieken) na receita. Passam por um processo de
dissolução que dura por volta de 6 meses.
ü
Framboise
– uma porção de framboesa é inserida na produção, resultando em um sabor mais
domesticado, como as lambic Kriek.
Depois de tanta
informação, o melhor é retornarmos aos drinks, sendo que na falta de uma
cerveja mais robusta, artesanal ou importada, como uma scotch ale (da Petra, por exemplo), as opções ficam
por conta de nossas pilsens, com destaque para duas:
è Serramalte – brasileira, da Cervejaria
Serramalte, fundada em 1953, no Rio Grande do Sul e pela Antártica (hoje AMBEV)
em1980. É uma cerveja tipo pilsen extra, de baixa fermentação, coloração
mais forte e amargor acentuado, com 5,5% de teor alcoólico.
è Bohemia
– criada pelo alemão Henrique Kremer em 1853, é considerada a primeira
cerveja pilsen a ser produzida no Brasil.
Também conhecida como a
Pilsner Urquell brasileira, foi apelidada pela família real
de “
Ouro
liquido”.
Mas na falta delas,
que venha uma ale, large, pilsen, ou lambic,
que seja loura ou brown, moreninha,
ou mesmo uma índia, pálida ou negra,
não importa,
apenas que venha suada,
espumante,
e acima de tudo,
que esteja super gelada...
Tim tim e bons drinks aos amigos.