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Em relação à nossa cervejinha, a moda atual é a cerveja
artesanal, mais encorpada e de maior teor alcoólico e com diversas marcas no
mercado. É papo certo nas mesas dos botecos
onde os mais entendidos normalmente iniciam seus comentários falando sobre o “grau
alcoólico” e os “processos de fermentação”. E é por aí que também resolvemos
começar.
Após uma visita ao Museu da Bhoemia, em Petrópolis, que
recomendamos para todos os apreciadores desse líquido salutar, e uma rápida
pesquisa na internet, preparamos um breve resumo para ajudar nas
trocas de opiniões e na prorrogação dos
drinks.

O Rei falou e disse: “Quem
produzir cerveja ruim será morto”. Tida
como o “néctar dos deuses” estava escrito na Lei que “se uma
cerveja de má qualidade chegar ao consumidor, o responsável por sua produção
será punido com a morte por afogamento”. De lá para cá a cerveja rodou o
mundo e certamente não irá parar de rodar, e nem nós, claro.

- .. e a fermentação, deve ser de baixa ou de alta? Sem dúvida será uma das primeiras perguntas.
É a dica para demonstrar o
conhecimento, pois os tipos de fermentação, alta e baixa, definem 2 dos mais
conhecidos e principais grupos de cervejas.
E a moda são as
de alta fermentação. São as cervejas conhecidas por Ale,
palavra de origem nórdica que significa, nada mais nada menos, que “cerveja”.
São as “fermentadas em temperaturas mais
altas, entre 15 e 24ºC”, e cuja fermentação
dura entre 4 e 6 dias. Normalmente são as mais encorpadas, de maior teor alcoólico, e produzidas com sabores
e aromas diferenciados.
ü
Abbaye, Abdij ou Abbey – cervejas
originalmente desenvolvidas por abades na Bélgica e Holanda. Normalmente mais
fortes e preparadas para se conservarem por longos períodos;
ü
Alt Bier – denominação comum na
Alemanha para as cervejas de alta fermentação e coloração “cobreada”;
ü
Barley Wine – o “vinho de
cevada (barley)” caracterizam algumas cervejas fortes, com teor alcoólico
normalmente superior a 9%, e com carregamento maior de cevada em seu preparo;
ü
Bitter – de origem inglesa, é caracterizada
pela grande quantidade de lúpulo, o que lhe confere o amargo (bitter)
acentuado;
ü
Blanche ou Wit – origem Belga,
feita a base de trigo, é extremamente refrescante e de sabor peculiar;
ü
Brown Ale
– são as cervejas inglesas, com pouco álcool, ligeiramente adocicada por
caramelo e de cor acastanhada (brown);
ü
India
Pale Ale (IPA) – das mais populares, possui elevado teor alcoólico e uma
boa dose de lúpulo. Criada pelos ingleses para que a bebida se conservasse durante
as viagens por barco das tropas britânicas para a Índia;

ü
Mild – cerveja inglesa mais
suave (mild), com a quantidade de lúpulo mais moderada que uma Bitter;
ü
Pale Ale – designação
comum para as cervejas com coloração pouco intensa (pálida);
ü
Porter – de coloração escura,
no entanto mais leve e de sabor menos torrado que uma Stout;
ü Stout – muito escura, robusta (stout), produzida
com recurso de malte e cevada torrados. Existem vários tipos de Stouts: Stout Irlandesa, seca e amarga; Sweet Stout, ligeriamente adocicada e com menor proporção de malte
torrado; Imperial Stout, encorpada e
com elevado teor alcoólico;
ü
Scotch Ale – (uma de minhas preferidas) cerveja
escocesa forte, de alto teor alcoólico, muito encorpada e com uma forte
presença do malte no aroma e no sabor;

ü
Weisse, Weizen ou Weiss –
cerveja alemã de trigo, turva, normalmente servida com a levedura em suspensão,
neste caso toma o nome de Hefe-Weizen.
Lagers, palavra
que deriva do alemão lagern, e significa armazenar. É a denominação para as cervejas de baixa fermentação. São desenvolvidas
em processo de fermentação inventado no século 19, com base em baixas
temperaturas (entre 8 e 15 ºC). Graças ao processo produzem quantidades
muito pequenas de ésteres e possuem aroma de lúpulo bastante
"limpo". Necessitam de um período de armazenamento mais longo, de 2 a 4 semanas e em baixa temperatura (entre 0-5 ºC) para se maturarem. Em geral são cervejas mais leves e com graduação alcoólica entre
4% e 5%.

Urquell Pils ou Pilsner
Urquell, é a mais famosa cerveja Lager do mundo. Sua origem data de
1842 e vem da República Checa, província de Boêmia, cidade de Pilsen, cujo nome
originou o tipo pilsener, ou
simplesmente pilsen, como nós a
conhecemos.
Alguns dos tipos mais conhecidos:
ü
Bock – cerveja do sul da Alemanha
com elevado teor alcoólico, encorpada e de coloração escura;
ü
Dortmunder – cerveja originária
de Dortmund, menos amarga que uma pilsener;

ü
Pilsener ou Pils – a cerveja mais difundida e bebida em todo o
mundo. Originária da cidade checa de Pilsen é uma cerveja tipo lager, de
cor clara, seca e com um bom amargor;
ü
Schwarzbier – da Alemanha, de
coloração muito escura;
ü
Viena – cerveja austríaca, de
Viena, de coloração ambar ou avermelhada.
O papo fica mais interessante
quando alguém questiona se existe algum outro tipo de cerveja além dessas. E a
resposta não vem de todos, pois no Brasil das pilsen, poucos conhecem as cervejas lambic, de fermentação
espontânea.
É uma cerveja que fermenta
espontaneamente, sem controle, com a exposição do mosto em ambiente aberto, ao
vento, que provoca a reação pelos microorganismos existentes na atmosfera. Segue
uma receita exótica, com leveduras selvagens existentes apenas no sudoeste da
Bélgica. E devido a sua elevada acidez, muitas das vezes são misturadas com
frutos e adoçadas.

As lambic mais conhecidas são as belgas Boon (Geuze Boon) e Cantillon,
por exemplo:
ü
Gueuze
– um blend (mistura de lambics) de diferentes idades. Cria uma efervescência como
a de um espumante. É o estilo mais conhecido e consumido.
ü
Faro
– a adição de açúcar e caramelo na cerveja servem para equilibrar sua acidez. É
a mais rara nos dias de hoje.
ü
Kriek
– são inseridas cerejas (krieken) na receita. Passam por um processo de
dissolução que dura por volta de 6 meses.

Depois de tanta
informação, o melhor é retornarmos aos drinks, sendo que na falta de uma
cerveja mais robusta, artesanal ou importada, como uma scotch ale (da Petra, por exemplo), as opções ficam
por conta de nossas pilsens, com destaque para duas:
è Serramalte – brasileira, da Cervejaria
Serramalte, fundada em 1953, no Rio Grande do Sul e pela Antártica (hoje AMBEV)
em1980. É uma cerveja tipo pilsen extra, de baixa fermentação, coloração
mais forte e amargor acentuado, com 5,5% de teor alcoólico.

Mas na falta delas,
que venha uma ale, large, pilsen, ou lambic,
que seja loura ou brown, moreninha,
ou mesmo uma índia, pálida ou negra,
não importa,
apenas que venha suada,
espumante,
e acima de tudo,
que esteja super gelada...
Tim tim e bons drinks aos amigos.