quinta-feira, 3 de abril de 2025

Uma Verdade em Abril

 

A

bril é um mês diferenciado. O quarto do calendário gregoriano. Seu nome vem do latim “aprilis” e refere-se ao tempo de abertura das flores na estação da Primavera na Europa. É também uma homenagem à deusa grega do amor e da beleza, Afrodite, e no sincretismo religioso é o mês de São Jorge, o Santo Guerreiro, representado como Ogum, no Rio de Janeiro, e Oxóssi, no candomblé da Bahia.

Como se não bastasse, carrega o estigma do 1º de abril, conhecido como o Dia da Mentira, ou Dia dos Tolos, que teve origem em 1564, na França, quando o Rei Carlos IX trocou a comemoração do Ano Novo, de 1º de abril para 1º de janeiro. Como uma parte da população não queria aceitar a mudança, passaram a ser alvos de brincadeiras que geraram o Dia da Mentira, ou dos Tolos.

Mas para comemorar o mês das mentiras saudáveis, vamos publicar uma história incrível, verdadeira, que se passou com uma de nossas amigas dos tempos da Rodrigues Alves, que viemos a nos reencontrar alguns anos depois, ao lado de nosso querido Wellington Gaguinho.

Antes das palavras de Maria Isabel, os PARABÉNS para a turma do mês de Abril, um dos mais populosos de nossa Confraria.

02 - ELOÁ LYRIO
06 - MARCOS LYRIO
09 - José ( neto GODÁ GODEI)
10 - MILTINHO
11 -TAMBA
11 - RÉGIS
14 - Dr. ARI
16 - FÁBIO (Correa de Baixo)
16 - Isabel-bel-bel ( GAGUINHO )
17 - FRANGO DEL
17 - Dª Eva ( mãe ARMANDINHO)
       (faz 104 anos)
18 - BIEL   (neto DRINKS)
20 - SÉRGIO FALCÃO
22 - ZÉ FRANGUINHO
23 - ISMAEL ( in memorian )
25 - Paulinho  (neto DRINKS)
26 - NELSINHO
28 - MAURINHO ( in memorian )
28 - Paulinho ( neto DRINKS)
29 - Pedro (filho KIBE)
29 - ÇABECA DE CAROPI
29 - Patrícia  (filha FRANGO)

15 de junho de 1974, um sábado ensolarado, saí de Copacabana, onde morava, para encontrar meu pai, que separado da minha mãe, se encontrava comigo todos os sábados no Catete, na rua Santo Amaro, na casa de minha tia Adélia, que por sinal morava no mesmo prédio onde morei por 17 anos e meu pai era o porteiro. 

Bem cedo, junto com minha amiga Gloria, que morava na Praça São Salvador e havia dormido em minha casa, peguei o 571 (Glória – Leblon), ônibus da empresa São Silvestre, que apesar de não servir para ela, íamos juntas, fazendo companhia uma para a outra.

O motorista corria demais e discutia com a namorada. Pedi para minha amiga que pegássemos outro ônibus pois estava com medo, mas ela não quis descer, preferiu seguir. Na subida do viaduto Pedro Álvares Cabral, com as rodas do ônibus fazendo zig zag, bateu na mureta da curva, no ponto mais alto, e despencou caindo com as rodas para cima. Tonta e atordoada com o barulho do motor, vi todas as armações dos bancos no teto do ônibus e meu assento em baixo de mim. Logo apareceu um rapaz que quebrou o vidro traseiro, me tirou do ônibus e me colocou na calçada do Mourisco para aguardar o atendimento médico. Pedi que ele pegasse a Glória e ele voltou ao ônibus para ajudar nos outros resgates. Várias pessoas olhavam, mas ninguém ajudava. Para mim, foi Deus que colocou um anjo no meu caminho. Ele chamou um taxi e me levou para o Hospital Rocha Maia. Informado que não poderia ser atendida, ele me encaminhou para o Miguel Couto, onde fiquei internada por 28 dias. Lá começou minha luta pela vida. Foram 72 horas no CTI, com traumatismo no tórax e no baço. Hemorragia interna, duas costelas quebradas que perfuraram meus pulmões. 48 horas sem sentir minhas pernas e quase perdi minha orelha direita, que ficou pendurada. Nessa tragédia foram 136 pontos na barriga, entre internos e externos. Neste período contei com 2 amigos, Wellington e Tiago, que fizeram plantão por 2 dias porque não tinha meu tipo de sangue no hospital. Quando fui para a enfermaria, não posso esquecer a dedicação e amizade da irmã do Wellington, Célia Nina, enfermeira no hospital e mais um anjo naqueles dias terríveis. Após os 28 dias, tive alta e fui para casa, sobrevivi, mas minha amiga Glória perdeu avida aos 26 anos de idade. Tentei achar o rapaz que me socorreu, mas como saí como vítima fatal nos jornais, talvez por isso ele não tenha me procurado.

Em casa não foi nada fácil. Minha mãe estava retornando para casa depois de 3 meses internada. Tive que fazer um tratamento de recuperação por vários meses até me sentir renovada, e foi então que comecei a namorar o Wellington Gaguinho, um amigo de infância, como outros desse nosso grupo.

Com isso, apesar de ser muito nova, passei a ver a vida com outros olhos, e agradecer a Deus até hoje, a chance que Ele me deu. Amo a vida.


Bel nunca antes tinha frequentado a Correa Dutra, estudamos juntos no Rodrigues Alves, e depois ela seguiu seu rumo e viemos nos reencontrar depois de muitos anos, agora morando com o Gaguinho, formando um belo casal que torcemos para que aproveitem ao máximo essa nova vida que ganhou de presente.

Parabéns Bel, e obrigado pela sua história, que não tem nada de mentira.