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sta entrevista é a primeira de uma série que Drinks&Kibe fará, principalmente com seus confrades. Iniciaremos, democraticamente, com a figura máxima desta confraria – nosso eterno e inoxidável presidente Zé Drinks.
Muito querido por todos, Drinks iniciou o trabalho de registros fotográficos de seus amigos da Correa Dutra, especificamente da “Correa de Baixo”, como ficou conhecida a metade da Correa Dutra próxima a Praia do Flamengo. Centenas de fotos, registraram os personagens que ali viveram. Alguns ainda permanecem por lá; outros se foram ainda jovens; outros lá já não mais residem, mas não perderam seu vínculo com aquela rua do bairro do Catete. A nossa rua. Cenário de tantas aventuras e episódios marcantes de nossa infância e juventude.
Zé teve a genial idéia de deixar registrado, nossas histórias, fotos, depoimentos de amigos, músicas da época; enfim, tudo aquilo que nos foi precioso e que guardamos na memória para que nossos filhos e netos conhecessem. Uma boa idéia (que não é a cachaça 51), mas que ao usar os recursos tecnológicos dessa época cibenértica marca-se assim, um pouco da história dos Amigos da Correa Dutra.
Essa entrevista foi concedida a mim – Claudio Kibe – amigo e parceiro na construção o blog Drinks&Kibe – em junho de 2011. E posso lhes dizer que é um grande prazer, poder registrar esse bate-papo; e que nossos amigos e parentes possam conhecer um pouco mais deste nosso amigo.
K – Diga seu nome completo, dia, mês e ano em que nasceu e como é conhecido na turma.
ZD – JOSÉ DE SOUZA NETO, drink criado em 15 de maio de 1954. Na Correa Dutra, fui Zé Byra e depois evolui para Zé Drinks, ou José Drinks, como me chama o Frango em bom som.
K - Nome do pai e da mãe.
ZD – Ubyrajára, o Byrão, e Dª Ilka, a mãezona.
K – Quando sua família chegou à Correa Dutra?
ZD – Chegamos de Além Paraíba (MG) em março de 1956, pouco antes de completar meus 2 anos.
K – Em quais escolas voces estudaram naquela época?
ZD – Eu e meu irmão (Byra), assim como uma boa parte de nossa turma, fomos iniciados num Jardim de Infância que funcionava na sede velha do Flamengo (ninguém é perfeito). Até hoje me lembro das bagunças, com corridas em cima das mesas e da hora do sono, quando a garotada tinha que deitar em esteiras e “fingir” que dormia.
O primário foi na antiga Escola Rodrigues Alves, na esquina da Silveira Martins, de onde guardo muitas saudades,. Foi a descoberta de uma primeira paixão, do prazer em escrever e de uma bela cicatriz na perna direita (+ de 50 pontos) resultante de uma perseguição ao meu grande amigo Tuta (Leo), que hoje se esconde, ou melhor, mora em Campos e é membro ativo nas conversas do Grupo da Confraria.
O ginásio e científico foram cursados em outro de nossos redutos: o Colégio Santo Antônio Maria Zaccaria, sendo que no momento atual, com apoio da dita cibernética, como você lembrou muito bem, já conseguimos contatos com vários companheiros daquela época, inclusive com o Professor Alexandre, de Inglês, que acredito que você e outros que também estudaram lá, o guardam na lembrança. Era, ou melhor, ainda é gente muito fina.
No 3º científico, tanto eu quanto o Byra, trocamos o Zacca pelo vestibular no Bahiense. E como bons irmãos continuamos na mesma Faculdade. Nos formamos em Engenharia Mecânica pela Gama Filho, outra Faculdade de muitos amigos da Correa.
Depois disso vieram uns cursinhos tradicionais, duas pós e me formei também em Direito. Me diverti bastante com os livros.
K – Tive pouco contato com seu pai, mas conheci um pouco sua mãe, quando estive no carnaval lá em Além Paraíba. Achei-a uma mulher muito legal, bem humorada, bem diferente de algumas outras mães que conheci. Voce acredita que essa sua irreverência venha um pouco dela?
ZD – Quem conhece meu pai o considera um senhor de bom papo, um verdadeiro contador de histórias. Vaidoso, de excelente memória, se diverte contando causos de sua época e de suas aventuras por esse Brasil. Minha mãe é isso mesmo que você descreveu. Conhecida por sua simplicidade e alegria foi, e até hoje, é considerada como mãezona por uma boa parte de nossos amigos, principalmente por aqueles que se hospedaram por um bom tempo em nossa casa. Lá era o verdadeiro exemplo de coração de mãe, sempre cabia mais um. Creio que se sou como sou, os culpados realmente são eles.
K – E essa irreverência, voce a tem desde criança ou acentuou-se mais tarde?
ZD – Quando criança, já no primário, com apoio da professora e ajuda de meu pai, que datilografava para mim, eu escrevia e editava um jornalzinho onde o foco principal era o dia a dia de nossa turminha. É claro que o que mais fazia sucesso eram as “fofocas de praxe”, ou então aquele toque “irreverente” de uma determinada situação. E a irreverência, na realidade, assim como o próprio sarcasmo, apesar de ferramentas úteis para quem se aventura por essas bandas, como você bem sabe, caminha por uma linha bem tênue entre o remédio e o veneno, e confesso que já levei alguns cascudos por causa disso.
K – Por que Drinks?
ZD – É uma história simples. Voltávamos de uma festa, nem me lembro de onde, mas já era dia e estávamos na Correa de Cima quando resolvi pedir uma água mineral, coisa inusitada pois realmente não era uma cena muito comum, o normal seria um drink, claro. Peguei a garrafa e virei. Desacostumado, o líquido entrou pelo “esgoto” e me engasguei. Saiu água pelo nariz e por tudo quanto é buraco, uma loucura, e o fato virou folclore como o “cara que passou mal por beber água”. E assim nasceu o Zé Drinks.
K – Como foi que surgiu essa idéia de fotografar o pessoal da Correa?
ZD – O gosto pela fotografia parece que já nasce com a gente. Está no sangue.
Sempre gostei de ver as fotos antigas de meus pais, de meus parentes, amigos e até mesmo de desconhecidos. O resultado não poderia ser outro e até hoje guardamos uma boa quantidade de fotografias por todos os cantos da casa. É algo em torno de uns 100 álbuns completos, fora as quase 5000 cadastradas no Orkut e outras mais no HD, sem contar as que já perdi por não fazer um backup adequado.
Quanto a idéia de fotografar o pessoal, na realidade não é uma coisa dirigida, diria que é uma conseqüência. É apenas uma parte do todo que tenho vontade de fotografar. É um pedaço daquele momento mágico que nunca mais deverá se repetir. Para mim, com a máquina na mão, da mesma forma que me satisfaz fotografar um amigo, também vibro com a foto de uma paisagem distante. O mais importante é o clique daquele instante .
K – Alguém mais fotografava contigo?
ZD – Eu e Roberto (Azulão) fotografamos muito. Fizemos um Curso de Fotografia e montamos um laboratório em minha casa que depois passou para o Carlinhos Levitanus, que de pupilo se tornou um mestre na arte. Naquela época, para desespero de Dª Ilka, o banheiro amanhecia com centenas de fotos espalhadas pelo chão e que ninguém podia tocar até termos a certeza que estavam bem secas. A qualidade era tanto que até hoje, cerca de 40 anos depois, várias fotos ainda permanecem intactas.
K – O acervo tem muitas fotos? Quantas, aproximadamente?
ZD – Só em papel, são mais de 100 álbuns, todos completos. No Orkut já mandamos quase 5000 e no nosso álbum no Picasa, se não me engano devem ser umas 700. Claro que algumas são comuns mas ainda falta muita coisa para ser copiada.
Com o advento das fotos digitais, muita coisa fica no computador e muitas são até abandonadas. Na verdade, minha preferência é pelo papel, mas entendo que é uma situação difícil, pois se de um lado ficou mais fácil fotografar, principalmente em relação à quantidade, fica a questão do custo da revelação e do lugar para guardar. O pior é que para mim tudo isso vale a pena.
K – Teve algum acontecimento inusitado por voce tirar uma foto de alguém que não quisesse ser fotografado?
ZD – No 52, onde além da família Silveira Lima (Dellaney, Antero, Paulão, Catarina e Bina), Falcão e outros confrades, morava também a Angélica, famosa chacrete dos melhores momentos do Velho Guerreiro. Ela ia para o Brejo e ficava desesperada quando via que chegávamos na praia. Cada um ia por um lado e a seguia até a Correa. Foram muitas fotos até que ela fez queixa para o noivo, o cantor Zé Roberto que tentou enfrentar a turma e quase se deu mal. Só para sacanear, fomos até a Tupi, quando a Discoteca do Chacrinha era na quarta-feira, e subimos no palco para fotografá-la e o pior, para ela, claro, o Chacrinha ainda mandava ela ficar quieta para não atrapalhar o fotógrafo, eu.
K – Tem alguém que voce gostaria de ter fotografado e não conseguiu?
ZD – Muita gente, muita coisa, muitos locais. Na verdade, tudo que não fotografei gostaria de ter fotografado ou de fotografar um dia.
K – Nossos encontros com os amigos no final do ano, tem sido uma boa oportunidade de nos reencontrar. Em que ano foi o primeiro encontro? Voce se lembra quem estava lá?
ZD – Foi um começo sem grandes pretensões. Eu e o Dellaney, muito eventualmente, quase sempre, nos esbarrávamos no Centro do Rio, lá na São José, no Dedinho. Momento para uns chopinhos e o cachorro quente, que pelo dedo do garçom a gente sabia se estava quente ou não. E num encontro casual com o Frango, resolvemos marcar um encontro num lugar onde poderíamos conversar. Numa sexta-feira seguinte fomos ao Pontinho, famoso barzinho de fim-de-tarde, com música, cerveja e gente bonita. Era o início de tudo, no ano de 1998. Guardo esta data porque logo depois, com a ajuda de um amigo que até hoje só conheço por email e que se amarrou na turma, me ajudou a criar a primeira página na Internet envolvendo a turma da Correa Dutra. Naquela noite, apesar da “música” um pouco alta, conseguimos conversar um pouco e decidimos que faríamos outras reuniões com mais frequência e a convocação da galera. Uns queriam mensais, outros que fossem mais espaçadas, e pelo bom senso, oficializamos os Encontros Anuais, que desde aquele ano nunca deixaram de acontecer. São 13 anos de muita emoção, com gente vindo da Bahia, São Paulo, Paraná e até dos EUA. É um sucesso muito além do que esperávamos.
K – Como foi a criação da Confraria da Correa Dutra e sua eleição para Presidente?
ZD – A Confraria foi apenas uma denominação que surgiu logo nos primeiros Encontros e a minha eleição, assim como as sucessivas reeleições, são frutos de reconhecimento de nossa luta pelo povo e para o povo da Correa Dutra e Arredores.
K – O blog Drinks&Kibe iniciou em maio de 2009 e apesar de ter poucos seguidores, já teve mais de 8.000 visitas; sendo que a matéria “O catecismo de Carlos Zéfiro” bateu recorde de visualização com mais de 1.000 visualizações. Como surgiu essa idéia do blog e a parceria Drinks & Kibe? E qual a sua expectativa em relação ao blog?
ZD – Como dissemos antes, em 1999/2000 criamos uma página para a Correa Dutra. Eram fatos, fotos e seções variadas de piadas, horóscopo e outras coisas mais. Página típica e trabalhosa mas o resultado não foi o desejado. Como sempre me interessei pelas novidades, o blog chegou e me conquistou logo de cara.
Antes do Drinks&Kibe já tinha ensaiado a criação de um blog. Crônicas, poesias, política, informática, uma gama de idéias mas que paravam no caminho pois tinha um algo mais que me prendia, a história de nossa rua, de nossos Encontros que já completavam uma década.
Em setembro de 2008 (de onde vc tirou o “maio de 2009” ?), após nosso reencontro, depois de vários anos, nos deparamos que tínhamos muita coisa em comum, lembra? Nosso gosto pela escrita, pela informática e acima de tudo pela vontade de guardar e contar as histórias e aventuras de nossa turma. Para o nascimento do blog foi um pulo. Estava criado nosso jornal eletrônico, nosso diário e ponto de encontro. O nome Drinks & Kibe para mim é um verdadeiro achado, bem significativo e com certeza, duradouro.
K – Hoje em dia, com essa febre de sites pessoais as pessoas estão interagindo mais, mostrando-se na “vitrine web” em busca de conhecer pessoas do mundo inteiro. Um fenômeno de comunicação que já rendeu livros, filme, teses, etc. Antes, tínhamos o Orkut, um “álbum” que hoje em dia está perdendo terreno para o Facebook e para o Twitter. Voce acha que Drinks&Kibe também migrará do blog para o Facebook? Ou é possível manter os dois?
ZD – O Orkut vc descreveu muito bem. É meu álbum de retratos. Esse foi e é meu principal objetivo nesta “vitrine”. O Face, depois de vários convites, também me inscrevi mas apesar de toda a tendência migratória, para o meu objetivo ainda prefiro o Orkut. O Twitter acho meio sem graça e com certeza perdeu muito com o avanço do Facebook. Quanto ao blog, é como se vc comparasse um jornal com uma dessas revistas com fofocas e reportagens diversas, ou seja, são segmentos distintos e que não se misturam, mas que podem se interagir. Vc mesmo tem usado esse recurso com o “cozinhando com amigos”. Creio que já estamos preparados para o Face do Drinks&Kibe, o que acha?
K – Voce deve ter reparado que mais de 90% da turma, mudou-se da Correa Dutra; mas mesmo assim, a ligação com aquele lugar é muito forte. A que voce atribui essa paixão pela Correa?
ZD – Creio que é uma atração natural. Foram 26 anos diretos na mesma rua. Infância, mocidade, juventude, o início da fase adulta, namoros, pequenas brigas e até mesmo casamentos, alguns com mais de 20 anos de duração. É realmente uma corrente muito forte e que promete durar ainda por muito tempo.
K - Voce mudou para Niterói. E o que mudou em voce, em relação a sua vivência em uma rua que tinha muitos amigos? Voce sente falta de alguém em especial ou de alguma coisa que tinha na Correa e que agora voce não tem mais?
ZD – Aprendi, principalmente com nossos Encontros, que o tempo não interfere em nossos sentimentos verdadeiros. Depois de 19 anos em Niterói, é como se ainda estivesse pela Correa. Ao mesmo tempo que estamos tão separados pela distância física é como se estivesse no dia a dia ao lado de cada um de vcs. È estranho mas sinto que não saí da rua e me parece que diariamente caminho por aquelas calçadas. E mesmo aqueles que já estão no andar de cima, os sinto por perto, escondidos mas presentes. Tenho também a certeza de que a participação no Drinks & Kibe nos ajuda nesta fantasia com cara de realidade, e para melhorar, basta que a turma participe pouco mais, dessa forma é certo de que ficaremos cada vez mais unidos.
K – Zé, é comum a gente ter saudades de alguém, de algum lugar, de alguns bons momentos. Voce tem saudades de que ou de quem?
ZD – É como respondi antes, uma sensação estranha, pois se por um lado sinto a falta de uns drinks aos sábados pela manhã, quando na ida para o Brejo, na maioria das vezes a gente ficava pelo caminho , por outro lado, e agora mais ainda quando escrevemos nossas lembranças, me parece que estou na própria Correa e que minutos atrás estive com o Frango, o Zé Franguinho, o Johnny, Antero e tantos outros amigos que povoam nossa vã imaginação (e olha que estou sóbrio).
K – Quem é Zé Drinks?
ZD – Um cara simples, amigo e que vc pode convidar para tomar uns drinks em sua casa.
K – Palavras finais:
ZD – Um beijão e um drink para cada um e vamos aguardar para ler a próxima entrevista. Quem será?
2 comentários:
Parabéns pela iniciativa.
Vocês conseguem, sempre nos surpreender.
Valeu Kibe, valeu mano Zé.
Abraços em todos,
Byra
Confrades,
hoje dei uma olhada no blog da nossa turma, está muito bom!!
É o que o nosso Presidente falou.... que o blog é igual aquela revista com temas variados e que nos interessa, que nos alegra quando lemos e lembramos dos nossos tempos
de outrora, dos nossos tempos de "mulekagem", de comemoracoes, onde tudo era só felicidade.... hoje lemos e nos recordamos desses nossos tempos e nos sentimos felizes e
gratos a Deus por termos tantos amigos com histórias e estórias para contar, que no fundo nao ficam como fantasias em nossas cabecas, mas sim como parte de nossas vidas,
vividas, esperimentadas e apaixonadas..... pq cada um que escreve uma simples frase como: "sentado no muro do aterro", todos nós sabemos o que é sentar no murro do
aterro, pq sentamos várias vezes.... a prai do flamengo, também fomos muitas vezes.... a chacrete apavorada com os "tarados", todos nós sabemos que ela existiu e nossos
"olhos" da alma, se lembram com perfeicao isso tudo... porque vivemos isso....
Amigos aqui vai um pps em homenagem ao nosso Presidente pela sua boa atuacao na Presidencia e aproveito para parabenizar a entrevista do Nosso Presidente.... mas diga-se
de passagem, que ele tava de "cara"... pena, poderia ter tomados uns Drinks primeiro e ter gravado para depois ir para o Blog como youtube.... e com o Della do lado, claro
que chorando né???
Só faltou isso.... mas nao nos impede de cantar o refrao: Mas isso nao impede que eu repita É BONITA É BONITA E É BONITA...... A vida realmente é bonita....
Eu achava que era só coisa de velho, ficar "rememorando" ou seja recordando e comemorando o passado... mas nao é para jovens como nós.... que ainda temos mais ou menos
meio século a viver pela frente.... assim eu espero!!!
Meus Queridos, deixo-os com o pps lindo e com um beijo no coracao de cada um.... com saudades imensas da nossa Vida que é BONITA É BONITA E É BONITA......
nos tempos de Correia Dutra....
Com carinho ta??? (gostou Byra??)
da
Rose
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