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maioria de nossos
confrades são nascidos a partir de 1954, com alguns poucos remanescentes ao
período 1950-1954, o que significa dizer que na Revolução de 64, nossa turma
era formada por garotos e garotas na faixa de 10 anos de idade. As preocupações
para nós, naquela conturbada época, eram as peladas (de bola, claro), as
primeiras festinhas e as tradicionais fofoquinhas femininas que já davam o ar
da graça e estão presentes até os dias de hoje, claro.
Em 1970, no auge da repressão, o mais importante para
nós era curtir os Festivais de Música e vibrar com a Copa do Mundo. Os jogos
das eliminatórias e a própria Copa, as músicas da Jovem Guarda, os Beatles e
Rolling Stones, o cinema novo, foram momentos que hoje sabemos ajudaram o
Governo militar a encobrir os movimentos políticos e subterrâneos que hoje
conhecemos um pouco mais. Era uma turma, que na faixa de 15/16 anos, tinha
clara preferência pela alienação política.
Não fossem raríssimas exceções, que não avançaram além
de pequenas manifestações estudantis e a efetiva participação de uma militante de
esquerda (armada), conhecida por alguns de nós, pouco teríamos para contar
desse conturbado período de nossa história.
Hoje, quando estamos próximos aos 60, temos a
consciência de que fomos, e ainda somos, a principal força motora do país. Dizíamos não gostar da política, o que é
confirmado ao percebermos que não conseguimos enumerar mais do que 2 ou 3 nomes
de amigos e/ou conhecidos que engajaram nessa linha de ação.
Formamos diversos profissionais, atletas e até artistas.
Para nossa alegria, raros foram os casos daqueles que ficaram à margem da
sociedade. Sofremos com os tempos mais difíceis e hoje somos testemunhas de que
o Brasil cresceu, mudou, e nos dá esperança por dias melhores.
E mesmo assim, talvez decorrente de nosso próprio
comportamento ao longo desse tempo, é evidente que o perfil de nosso grupo é mais
de comentaristas do que ativistas (partidários) e como dito anteriormente, poucos
são aqueles que estão engajados em Partidos, sejam como políticos (candidatos)
ou mesmo militantes.
Ao longo do tempo reclamamos de muita coisa. Dos militares e sua longa duração no poder. Da
inflação, que hoje está mais controlada. Dos impostos, que nos elevam a uma situação
até constrangedora perante diversas outras nações. Da corrupção, que parece não
ter fim. Dos políticos, cuja preocupação principal nos parece ser a tendência
de fazer do Congresso uma verdadeira fábrica de enriquecimento próprio. E
apesar de tudo isso, ou por isso, optamos por deixar a vida nos levar para longe
desse complexo jogo de poder, onde até o voto é um ato obrigatório, que no meu
entender mascara a vontade do povo.
E nesse sentido, recebi pela Internet um texto que expressa
bem o que passou, o que está passando, e
pelo visto, o que vai se passar ainda por um bom tempo. Uma pequena aula de política, escrita entre 1643 e 1715, porém pertinente e extremamente
atual.
UMA AULA DE POLÍTICA
Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault:
Diálogo entre Colbert e Mazarino durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault:
Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que
enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que
me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado
até o pescoço…
Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está
coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado é diferente!!! Não se pode
mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se… Todos os Estados
o fazem!
Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criamos
todos os impostos imagináveis?
Mazarino: - Criando outros.
Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre
os pobres.
Mazarino: - Sim, é impossível.
Colbert: - E sobre os ricos?
Mazarino: - Os ricos também não. Eles parariam de
gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.
Colbert: - Então, como faremos?
Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico
de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as
que trabalham sonhando enriquecer e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos
lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos,
mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório
inesgotável. É a classe média!
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