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omo
é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!É como óleo precioso derramado sobre a cabeça,
que desce pela barba, a barba de Arão, até a gola das suas vestes.
É como o orvalho do Hermom quando desce sobre os
montes de Sião. Ali o Senhor concede a bênção da vida para sempre.” (Salmos
133:1-3)
Um Salmo que expressa bem o sentimento de união
e amizade entre pessoas que se aceitam ser chamados de irmãos. No decorrer desses tantos anos que convivemos
em união muita coisa aconteceu e continua acontecendo. E não há como não deixar
de destacar a corrente pela reviatalização do Byra. Passados 323 dias, o cara
mostrou que realmente é forte, teimoso e claro, um grande cabeça dura, e nós
mostramos o quanto podemos nos unir em torno de um objetivo fraterno.
Nessas últimas semanas mais alguns fatos
chamaram nossa atenção. O primeiro foi a notícia do AVC de nosso amigo Peixe
(Ulisses), antigo companheiro da turma da Correa de baixo e que foi para São
Paulo há bem mais de 30 anos mas que sempre esteve presente em nossas mentes e
corações.
Diria que infelizmente o tempo não para e a PVC
está na nossa mira. E agora é a vez de juntar nossos pensamentos e mandarmos
nossa corrente de fé para esse camarada que depois muitos anos voltou aos nossos
contatos e inclusive se fez presente em nosso Encontro de 2010.
Para aqueles que não o conhecem, Peixe era,
ainda é, e vamos torcer que ainda por um bom tempo, continue a ser, um cara
legal, gente muito fina e companheiro fiel.
Fazia parte de um núcleo formado por Dellaney, Antero, Reginaldo,
Carlos, Drinks e Pico-Pico. Destes, Carlos, foi há muito para Petrópolis e
sumiu do mapa. Pico-Pico também não manda notícias desde muito, mas tanto um
quanto o outro esperamos um dia rever.
Reginaldo, já faz uns sete anos que está na
Bahia, mas sempre que pode aparece por aqui, como aconteceu agora quando veio
para trabalhar na Rio +20.
E quis o destino que numa noite de drinks em
Niterói, para “bebermos as saudades”, junto com Dellaney e Reginaldo, nos
unimos para mais uma corrente de energia e fé pela recuperação de Peixe, esse irmão
que se encontra em São Paulo, já em casa e em plena recuperação. Como é bom e
agradável conviver com essa união.
Por telefone fizemos contato com o Peixe. Como
não poderia deixar de ser foi uma alegria contagiante e mesmo com pequena
dificuldade na fala, ele nos passou confiança de que já superou a fase mais
complicada e que agora encontra-se na fisioterapia para recuperar plenamente
seus movimentos.
Do Peixe lembramos de uma pequena história no início
dos anos 70. Junto com Brasil, Dellaney e Jersey James, fomos para a sua formatura
em Engenharia no ITA, em São José dos Campos. Uma festa bem além de nossas
expectativas.
Logo na recepção fomos convidados para conhecer
um alambique nos limites de São José.
Uma verdadeiro emoção. Era a primeira vez que iríamos conhecer uma legítima
“fábrica de cachaça”, cena que guardamos bem nítida até os dias de hoje.
No caminho, fomos apresentados a uma maquininha
para enrolar cigarros que também servia para outros tipos de fumo.
Desnecessário comentar sobre o sucesso e sua significativa produtividade.
Já no local, uma clareira que no fundo era uma
espécie de balcão grande, dividido por baias onde todo o processo de criação da
cachaça artesanal estava bem definido. A moagem da cana. A fermentação e
passagem pelo alambique até a saída das primeiras gotas, conhecidas como a “cachaça
da cabeça”, que o mestre alambiqueiro fazia questão de provar apesar de
recomendar que não era muito boa para beber.
Aliás, o cara era uma atração à parte. Com pouco mais de 30 anos parecia
ter uns 50 e fazia questão que a gente provasse todas suas produções. Uma prova
para ele e outra para nós. “Cabeça”, “coração” ou “membro”, não importava a
fase, ele explicava e degustava. O cara era uma fera.
Como experimentar não custava nada, ficamos um
bom tempo ouvindo, aprendendo e bebendo, claro. Na volta, lembro bem que
comprei um litro de uma cachaça feita da folha do figo fermentada. Uma maravilha que até hoje, passados esses
mais de 30 anos, ainda sou capaz de lembrar daquele sabor diferenciado.
Do alambique, ainda no roteiro das boas vindas,
fomos para uma pradaria, tipo uma lareira no meio do matagal, onde a rapaziada
se uniu para ouvir música, fazer a maquininha trabalhar e catar uns cogumelos
especias. E não mais do que de repente um colega abre o portamala de um dos
carros e nos apresenta caixas e mais caixas das tradicionais e legítimas lanças
perfumes argentinas. Naquele tempo era o
máximo e como tudo era festa confesso que por muito pouco não passei daquela
para uma melhor pois num momento de empolgação joguei um jato direto do perfume
nas narinas e vi muito passarinho voando em minha volta até acordar com um cara
batendo no meu peito e outros em minha volta, com olhares fixos e estupefados,
transformados em gritos e berros com o meu “retorno”.
Numa época de repressão, foi um dia de muita
loucura. Uma verdadeira curtição bem no seio
da elite da aeronáutica brasileira. E não terminava ali pois a noite era de
baile e não podíamos quebrar a corrente.
No salão, em cada mesa uma garrafa de whisky,
fora os drinks em geral, e dessa vez quem não aguentou foi o Dellaney, que foi
um pouco além dos limites. Lembro bem da
pequena ajuda que lhe dei, mesmo a contragosto, ao apertar-lhe profundamente o
estomago fazendo-o expelir o excesso do que tinha comido e bebido no decorrer
daquele dia de grandes emoções.
Como é bom e agradável quando os irmãos
convivem em união! E mais agradável é quando
essa união é fruto de uma longa amizade, estável e duradoura, que a cada dia
que passa se renova com nossas lembranças e nossos encontros.
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