sexta-feira, 29 de junho de 2012



“C
omo é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!É como óleo precioso derramado sobre a cabeça, que desce pela barba, a barba de Arão, até a gola das suas vestes.
É como o orvalho do Hermom quando desce sobre os montes de Sião. Ali o Senhor concede a bênção da vida para sempre.  (Salmos 133:1-3)

Um Salmo que expressa bem o sentimento de união e amizade entre pessoas que se aceitam ser  chamados de irmãos.  No decorrer desses tantos anos que convivemos em união muita coisa aconteceu e continua acontecendo. E não há como não deixar de destacar a corrente pela reviatalização do Byra. Passados 323 dias, o cara mostrou que realmente é forte, teimoso e claro, um grande cabeça dura, e nós mostramos o quanto podemos nos unir em torno de um objetivo fraterno.

Nessas últimas semanas mais alguns fatos chamaram nossa atenção. O primeiro foi a notícia do AVC de nosso amigo Peixe (Ulisses), antigo companheiro da turma da Correa de baixo e que foi para São Paulo há bem mais de 30 anos mas que sempre esteve presente em nossas mentes e corações.
 
Diria que infelizmente o tempo não para e a PVC está na nossa mira. E agora é a vez de juntar nossos pensamentos e mandarmos nossa corrente de fé para esse camarada que depois muitos anos voltou aos nossos contatos e inclusive se fez presente em nosso Encontro de 2010.

Para aqueles que não o conhecem, Peixe era, ainda é, e vamos torcer que ainda por um bom tempo, continue a ser, um cara legal, gente muito fina e companheiro fiel.  Fazia parte de um núcleo formado por Dellaney, Antero, Reginaldo, Carlos, Drinks e Pico-Pico. Destes, Carlos, foi há muito para Petrópolis e sumiu do mapa. Pico-Pico também não manda notícias desde muito, mas tanto um quanto o outro esperamos um dia rever.

Reginaldo, já faz uns sete anos que está na Bahia, mas sempre que pode aparece por aqui, como aconteceu agora quando veio para  trabalhar na Rio +20.


E quis o destino que numa noite de drinks em Niterói, para “bebermos as saudades”, junto com Dellaney e Reginaldo, nos unimos para mais uma corrente de energia e fé pela recuperação de Peixe, esse irmão que se encontra em São Paulo, já em casa e em plena recuperação. Como é bom e agradável conviver com essa união.

Por telefone fizemos contato com o Peixe. Como não poderia deixar de ser foi uma alegria contagiante e mesmo com pequena dificuldade na fala, ele nos passou confiança de que já superou a fase mais complicada e que agora encontra-se na fisioterapia para recuperar plenamente seus movimentos.   

Do Peixe lembramos de uma pequena história no início dos anos 70. Junto com Brasil, Dellaney e Jersey James, fomos para a sua formatura em Engenharia no ITA, em São José dos Campos. Uma festa bem além de nossas expectativas.

Logo na recepção fomos convidados para conhecer um alambique nos limites de São José.  Uma verdadeiro emoção. Era a primeira vez que iríamos conhecer uma legítima “fábrica de cachaça”, cena que guardamos bem nítida até os dias de hoje.

No caminho, fomos apresentados a uma maquininha para enrolar cigarros que também servia para outros tipos de fumo. Desnecessário comentar sobre o sucesso e sua significativa produtividade.

Já no local, uma clareira que no fundo era uma espécie de balcão grande, dividido por baias onde todo o processo de criação da cachaça artesanal estava bem definido. A moagem da cana. A fermentação e passagem pelo alambique até a saída das primeiras gotas, conhecidas como a “cachaça da cabeça”, que o mestre alambiqueiro fazia questão de provar apesar de recomendar que não era muito boa para beber.  Aliás, o cara era uma atração à parte. Com pouco mais de 30 anos parecia ter uns 50 e fazia questão que a gente provasse todas suas produções. Uma prova para ele e outra para nós. “Cabeça”, “coração” ou “membro”, não importava a fase, ele explicava e degustava. O cara era uma fera.

Como experimentar não custava nada, ficamos um bom tempo ouvindo, aprendendo e bebendo, claro. Na volta, lembro bem que comprei um litro de uma cachaça feita da folha do figo fermentada.  Uma maravilha que até hoje, passados esses mais de 30 anos, ainda sou capaz de lembrar daquele sabor diferenciado.


Do alambique, ainda no roteiro das boas vindas, fomos para uma pradaria, tipo uma lareira no meio do matagal, onde a rapaziada se uniu para ouvir música, fazer a maquininha trabalhar e catar uns cogumelos especias. E não mais do que de repente um colega abre o portamala de um dos carros e nos apresenta caixas e mais caixas das tradicionais e legítimas lanças perfumes argentinas.  Naquele tempo era o máximo e como tudo era festa confesso que por muito pouco não passei daquela para uma melhor pois num momento de empolgação joguei um jato direto do perfume nas narinas e vi muito passarinho voando em minha volta até acordar com um cara batendo no meu peito e outros em minha volta, com olhares fixos e estupefados, transformados em gritos e berros com o meu “retorno”.

Numa época de repressão, foi um dia de muita loucura.  Uma verdadeira curtição bem no seio da elite da aeronáutica brasileira. E não terminava ali pois a noite era de baile e não podíamos quebrar a corrente.

No salão, em cada mesa uma garrafa de whisky, fora os drinks em geral, e dessa vez quem não aguentou foi o Dellaney, que foi um pouco além dos limites.  Lembro bem da pequena ajuda que lhe dei, mesmo a contragosto, ao apertar-lhe profundamente o estomago fazendo-o expelir o excesso do que tinha comido e bebido no decorrer daquele dia de grandes emoções.

Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!  E mais agradável é quando essa união é fruto de uma longa amizade, estável e duradoura, que a cada dia que passa se renova com nossas lembranças e nossos encontros. 

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