sábado, 24 de novembro de 2012

JOHNNY: “O EMPRESÁRIO”


U
m início de tarde tão comum como qualquer outro nos anos 70, não sei precisar a data. Estávamos sentado no ‘poleiro’ do  30, ainda em nossos uniformes de colégio, colocando as conversas em dia e ouvindo as aventuras do Johnny.

Embora atrapalhássemos o fluxo dos transeuntes, as pessoas já haviam se acostumado com a reunião de nosso grupo naquele ponto de encontro. De repente, um passante mais apressado deixa cair um documento e segue sem se aperceber. Sorrateiramente, Johnny aproxima-se do documento, o leva a altura dos olhos e libera um sorriso. Displicente, guarda o documento no bolso da calça para posteriormente entregá-lo nos Correios. Era uma carteira de registro profissional do Conselho Regional de Economia...

Numa manhã seguinte, saindo para o Zaccarias, encontro Johnny  barbeado e perfumado, de terno e gravata e uma mala 007 na mão (maus indícios). Quando Johnny ‘incorporava’ o executivo, com certeza, alguém ‘seria executado’. Após os cumprimentos de praxe, Johnny, enquanto aguardava o táxi já chamado, com um rápido movimento, levou a mão ao bolso e me apresentou uma carteira do Conselho Regional de Economia, em nome de ‘não sei quem’ e seu retrato (do JOHNNY!!). Tudo feito com maior esmero, não havia como negar a autenticidade do documento. Diante da minha cara de bundão, esclareceu-me que se tornara ‘empresário’, ou melhor, corrigiu dentro de sua mania de grandeza: ‘industrial’. Abriu a maleta e ao mesmo tempo em que dela retirou um folheto de propagandas, no qual se destacava  uma frase que jamais esqueci “DETERGENTE LIMPIM, PURO CHEIRO DE JASMIM”, pegou um frasco do referido detergente e me fez cheirá-lo para comprovar que a propaganda era verdadeira. Ainda não me recuperara do estado catatônico, quando Johnny entrou no táxi. Só o ouvi dizendo, a título de despedida: “Virei empresário no ramo de limpeza”.

Resumindo a história: Johnny, incorporando o personagem, conseguiu negociar uma linha de crédito, tornou-se proprietário de uma fabriqueta (fundo de quintal) de produtos de limpezas no subúrbio, quebrou o negócio (que já não ia bem), vendeu alguns ativos, não pagou a ninguém e ainda guardou uns trocados.  E os envolvidos nessa aventura nunca ouviram falar de Johnny...

Acreditem, este era o Johnny.

Byra





Menos de uma semana para nosso próximo Encontro, o 14º dessa nossa sequência, e recebo uma cobrança do Byra sobre um texto que nos enviou faz algum tempo (em 2008!!!).  E aqui está sua colaboração, em que narra mais uma das aventuras daquele que foi uma das maiores personagens de nossa turma, Jhonny, o herói-bandido da Correa Dutra.

4 comentários:

Manga disse...

Zé ele tambem tinha negocios com joias, e tambem uma mansão na Ilha Grande. um abração Manga

J Drinks disse...

Manga

Tão logo ele voltou de suas "férias", nos encontramos na padaria (Marcinha) e batemos um bom papo. O cara estava bem vestido, tranquilo e me confidenciou que saiu numa boa e que estaria agora limpo, e pegou um portajóias, grande, com pulseiras e cordões de ouro (e acedito q eram mesmo)dizendo "que seu ramo de trabalho agora eram jóias". Foi a última vez q estive com ele.

Beto Olsen disse...

Numa destas tardes no início dos anos 70 nós estavamos reunidos na casa de João Paulo Medina. Zoando a cara de todo mundo. Era uma tarde de Natal. A turma foi saindo, aos poucos. Antes de eu sair ainda consegui ter uma conversa com o Jaão Paulo, sobre solidão (a solidão dele). E ele chorou, bem ali na minha frente. Saí dali com um remorso daqueles.

J Drinks disse...

PQD
As vzs me vejo tentando imadginar Como seria o Johnny do seculo 21. Quem sabe no nosso Encontro a gente nao saiba um pouco mais de nosso saudoso companheiro.