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m início de tarde tão comum como qualquer outro nos
anos 70, não sei precisar a data. Estávamos sentado no ‘poleiro’ do 30, ainda em nossos uniformes de colégio,
colocando as conversas em dia e ouvindo as aventuras do Johnny.
Embora atrapalhássemos o fluxo dos transeuntes, as
pessoas já haviam se acostumado com a reunião de nosso grupo naquele ponto de
encontro. De repente, um passante mais apressado deixa cair um documento e
segue sem se aperceber. Sorrateiramente, Johnny aproxima-se do documento, o
leva a altura dos olhos e libera um sorriso. Displicente, guarda o documento no
bolso da calça para posteriormente entregá-lo nos Correios. Era uma carteira de
registro profissional do Conselho Regional de Economia...
Numa manhã seguinte, saindo para o Zaccarias, encontro
Johnny barbeado e perfumado, de terno e
gravata e uma mala 007 na mão (maus indícios). Quando Johnny ‘incorporava’ o
executivo, com certeza, alguém ‘seria executado’. Após os cumprimentos de
praxe, Johnny, enquanto aguardava o táxi já chamado, com um rápido movimento,
levou a mão ao bolso e me apresentou uma carteira do Conselho Regional de
Economia, em nome de ‘não sei quem’ e seu retrato (do JOHNNY!!). Tudo feito com
maior esmero, não havia como negar a autenticidade do documento. Diante da
minha cara de bundão, esclareceu-me que se tornara ‘empresário’, ou melhor,
corrigiu dentro de sua mania de grandeza: ‘industrial’. Abriu a maleta e ao
mesmo tempo em que dela retirou um folheto de propagandas, no qual se destacava
uma frase que jamais esqueci “DETERGENTE
LIMPIM, PURO CHEIRO DE JASMIM”, pegou um frasco do referido detergente
e me fez cheirá-lo para comprovar que a propaganda era verdadeira. Ainda não me
recuperara do estado catatônico, quando Johnny entrou no táxi. Só o ouvi
dizendo, a título de despedida: “Virei
empresário no ramo de limpeza”.
Resumindo a história: Johnny, incorporando o
personagem, conseguiu negociar uma linha de crédito, tornou-se proprietário de
uma fabriqueta (fundo de quintal) de produtos de limpezas no subúrbio, quebrou
o negócio (que já não ia bem), vendeu alguns ativos, não pagou a ninguém e
ainda guardou uns trocados. E os
envolvidos nessa aventura nunca ouviram falar de Johnny...
Acreditem, este era o Johnny.
Byra
Menos de uma semana para nosso próximo Encontro, o
14º dessa nossa sequência, e recebo uma cobrança do Byra sobre um texto que
nos enviou faz algum tempo (em 2008!!!). E aqui está sua colaboração, em que narra mais
uma das aventuras daquele que foi uma das maiores personagens de nossa turma,
Jhonny, o herói-bandido da Correa Dutra.
4 comentários:
Zé ele tambem tinha negocios com joias, e tambem uma mansão na Ilha Grande. um abração Manga
Manga
Tão logo ele voltou de suas "férias", nos encontramos na padaria (Marcinha) e batemos um bom papo. O cara estava bem vestido, tranquilo e me confidenciou que saiu numa boa e que estaria agora limpo, e pegou um portajóias, grande, com pulseiras e cordões de ouro (e acedito q eram mesmo)dizendo "que seu ramo de trabalho agora eram jóias". Foi a última vez q estive com ele.
Numa destas tardes no início dos anos 70 nós estavamos reunidos na casa de João Paulo Medina. Zoando a cara de todo mundo. Era uma tarde de Natal. A turma foi saindo, aos poucos. Antes de eu sair ainda consegui ter uma conversa com o Jaão Paulo, sobre solidão (a solidão dele). E ele chorou, bem ali na minha frente. Saí dali com um remorso daqueles.
PQD
As vzs me vejo tentando imadginar Como seria o Johnny do seculo 21. Quem sabe no nosso Encontro a gente nao saiba um pouco mais de nosso saudoso companheiro.
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