Abril passou muito rápido, bem mais do que imaginava, com vários
acontecimentos, alguns tristes, e acabou por atrasar a publicação da Entrevista
do Mês, mas antes um pouquinho fora do horário do que nunca, e é assim que vamos
fazer, nos últimos minutos de abril, e antes do raiar do sol de maio, conseguimos
fechar a homenagem a mais um dos nossos amigos, conhecido como um dos maiores CDF
da turma, cresceu, conquistou seu espaço graças à sua determinação e dedicação
ao estudo, e hoje é mais um baiano entre nós.
Reginaldo Pinheiro Nogueira, ou simplesmente Regis, por incrível que pareça,
nasceu no Acre (
acreditem, nasce gente lá... ) e ele aturou muito nossas
piadas e gracejos em relação à sua origem. Mas acima de tudo era, e ainda é,
daqueles amigos que o tempo não atrapalha e a gente nunca esquece, e que só se
afastou da turma porque muito jovem foi estudar na Marinha, depois no IME, e
daí seguiu seu caminho, e é um pouco de sua história que vamos conhecer agora.
Quanto ao título, dado pelo próprio Regis, é mais um para a coleção, mas
que ele vai explicar direitinho quando chegar no Rio, com uma garrafa de whisky
nas mãos, claro.
Mas antes, nossos PARABÉNS para a grande turma de abril:
02 - ELOÁ LYRIO
06 - MARCOS LYRIO
09 -
José (
neto GODÁ GODEI )
10 - MILTINHO
11 -TAMBA
11 - RÉGIS
14 - Dr. ARI
16 -
FÁBIO (Correa
de Baixo)
16 -
Be-be-bel ( Gaguinho )
17 - FRANGO DEL
17 - Dª
EVA ( mãe
Armandinho - faz 102 anos)
18 -
BIEL (neto
DRINKS)
20 - SÉRGIO FALCÃO
22 - ZÉ FRANGUINHO
23 -
ISMAEL ( in memorian )
25 -
Paulinho (neto DRINKS)
26 - NELSINHO
28 -
MAURINHO ( in memorian )
29 -
Pedro (filho
KIBE)
29 - ÇABECA DE CAROPI
29 -
Patrícia (filha FRANGO)
e
11 – PQD FDP (todos
os meses)
1
De onde você veio?
Nasci em Rio Branco, Acre. Acho até que vcs já sabem, ou, pelo menos, sabem
mas esqueceram. Sempre sou zoado por causa disso (nasce alguém no Acre?). O
fato é que meus pais eram de Xapuri (meu pai João Augusto) e Brasiléia (minha
mãe Regina). Vieram de famílias bem humildes e trabalhadoras. Meu pai não tinha
o primário e chegou a trabalhar como seringueiro. Com esforço e criatividade,
aprendeu a profissão de alfaiate, virou comerciante em Rio Branco, depois
comprou uma olaria e fazia tijolos e vendia para a prefeitura. Quando eu
cresci, já tínhamos um padrão de vida bom, para a cidade. Rio Branco, naquela
época, era isolada, sem acesso por estrada. Só se chegava lá de barco no
período da cheia (Novembro a Março) ou de avião, duas viagens por semana, um
DC-3 da Cruzeiro do Sul, para os barões, e outro da FAB, pelo Correio Aéreo
Nacional, antigo CAN, para a galera sem grana como nós, que ficávamos na lista
de espera, aguardando vaga.
Minha mãe veio foi ao Rio, nos idos de 1958, para tratamento
de saúde. Na época era funcionária concursada do IBGE. Ficou uns poucos meses
até encerrar o tratamento. Só que quando viu o Rio decidiu que não iria criar
os filhos no Acre, aquele fim de mundo. Arrumou uma transferência para o IBGE
do Rio, que era a sede por ser o DF, e, dois anos depois, desembarcava comigo e
minha irmã, na Cidade Maravilhosa. Meu pai topou, mas só iria quando encerrasse
seus negócios em Rio Branco. O fato é que, três meses depois, arribava também,
deixando a liquidação do seu patrimônio nas mãos de procurador. Como era
previsível, deu merda, e o procurador não mandou nada, motivo de algumas
dificuldades que passamos.
Mas, apesar de difícil, sempre agradeci a minha mãe por essa
decisão, meio louca, mas de muita coragem. E coragem e iniciativa não lhe faltavam.
A vida dela daria outra entrevista ou livro, bem interessante, por sinal.
Quando fomos morar na Ferreira Viana, no 56, a previsão era no
tempo da “chuva passar”, ou seja, receber o dinheiro do Acre, que nunca veio.
Mas isso é outra história que não interessa aqui.
Cresci, portanto, na Ferreira Viana, no 56, um conjugado. Lá,
fiz amizades, me integrei na turma, e me diverti muito, superando os problemas.
Cedo, descobri que eu, sozinho, teria que me desenvolver e progredir. Meu pai,
por mais inteligente que fosse, não tinha “background” para me aconselhar na
vida profissional. Minha decisão foi estudar, e foi o que fiz, desde pequeno.
Em todo o ginásio, no Rivadávia Correia, perto da Central do Brasil, só tive
duas notas vermelhas. No 4º ano, a menor nota de todas foi um oito.
2
Como chegou na Correia Dutra, mesmo morando em
outra rua?
Vida que segue. Eu tinha um amigo, vizinho, chamado Milton.
Andávamos sempre juntos e ele, apesar de vascaíno, começou a fazer judô no
Flamengo, na sede Velha. Eu gostei da ideia, mas não tinha como pagar uma
academia. Comecei a encher o saco de meu pai para ser sócio do Flamengo, para
frequentar as aulas de judô.
Isso demorou bastante
tempo, mas meu pai, com todo o sacrifício, comprou o tal título de sócio
patrimonial. Só que, aí, o entusiasmo tinha diminuído. Não me matriculei
imediatamente. Aí é que entra a turma da sede Velha.

Já nessa época, eu era fissurado em jogar bola, participar de
uma pelada. Eu ia para as quadras do aterro e ficava pedindo vaga nos grupos já
formados. Cheguei a fazer amizades por lá. Num desses dias. Tinha um baba num
espaço de atividades físicas, que não sei se ainda existe. Ficava num plano
mais baixo, em frente à Correia Dutra, ao lado do local onde, depois,
instalaram um avião da Varig, como museu. Eu, como sempre fazia, parei do lado
e pedi vaga. Dois garotos me deixaram participar. Jogamos até escurecer. Quando
terminou, papo vai, papo vem, eu falei que era sócio do Flamengo. Aí, foi
festa, as portas das peladas das tardes foram abertas. Os garotos que me
deixaram jogar eram o Carlos, que depois foi para Petrópolis, e o Della. Na
pelada conheci alguns dos outros, como o Zé e o Byra. Havia alguns outros, mas
eu não saberia dizer se estavam no aterro nesse dia. Mas tinha o Chiquinho,
Gaguinho, Ari, Palito, o Gordo, goleiro, Ismael, Anderson, Betinho, Manga,
Antero, Boiadeiro, Peixe... caramba, bons tempos. Tinha mais, se eu me lembrar, eu falo.
3
E quais são suas lembranças de nossa época?
Muitas. Muitas.
Eu estudava de manhã. Chegava em casa por volto do meio-dia,
almoçava e sumia para a sede Velha. Lá, normalmente já havia alguns fominhas e
ficávamos sentados encostados nas paredes laterais, na sombra, em cima das canaletas
de águas pluviais que havia nas laterais, esperando os demais chegarem. Quando
tinha o suficiente para dois times, dividia ali, na hora, e mandava ver. Quem
chegava depois disso tinha que formar o time de fora e esperar o jogo terminar.
Quem vencia ficava, quem perdia saía. Isso rolava todos os dias, exceto
domingos, que a sede Velha fechava.
Nessa hora, há que se falar e lembrar da caravana que
montávamos para ir à sede da Gávea. Lá pegávamos piscina e disputávamos as
quadras com a turma de lá, o que gerou ciúmes dos “inimigos”. Eu lembro que uma
vez nós ganhamos deles no salão. Aí, eles desafiaram para jogar campo (havia um
campo ao lado do muro do posto). Ganhamos também, e deu briga.
Mas quem viabilizava essa caravana era o “Seu” Arimatéia, com
sua Vemaguete. Enchia o carro de crianças, e lá íamos. E voltávamos. Grande seu
Ari.

Por falar em briga de pelada, lembro também de um jogo contra
a turma do Russel, no campo deles. Ganhamos de 3 a 2, eu fiz os nosso três. Mas
o ambiente era tão pesado que o juiz, que era deles me ameaçou, quando marquei
o segundo gol. Ele chegou meu ouvido e falou que se eu fizesse mais um eu iria
apanhar tanto que voltaria para casa de ambulância. Quando marquei o terceiro,
ele passou a apitar do meu lado. Eu ia para um canto, ele ia atrás, andava para
o outro, ele também. Eu pensei, tô fudido. Quando faltavam pucos minutos para
terminar, o Della (acho que foi), veio me avisar que quando alguém deese o
sinal, sairíamos correndo, mesmo antes da partida terminar, e os pertences de
cada um já tinham sido levados, era só correr. Parece que todos estávamos marcados.
E foi o que aconteceu. Alguém gritou e nós disparamos. Eu só parei na grade do
Palácio do Catete.
Bons tempos.
Lembro do Tião, que mandaram da Gávea para nos “treinar”. Se
não me engano, era às terças e quintas. Eu jogava de pivô, gostava de fazer
gol. Tião, não sei por que, achou que eu era goleiro, e me fazia treinar como
tal. Eu dizia: Tião, eu não sou goleiro, o Antero agarra muito mais. O Manga
também. Ele só respondia que sabia o que estava fazendo. Essas histórias são de
1966. Até que, no início de 1967, ele me levou para treinar com o time de
futebol de salão do Flamengo, na Gávea. Eu chamei o Tião, de novo, e pedi para
chamar o Antero, Manguinha, Betinho, que eram melhores. Ele insistiu. O técnico
de salão da época era um camarada chamado Telê (não sei se era o grande Telê,
antes de treinar os profissionais do Flu, acho que não). Tião me levou até ele
e me apresentou como o futuro goleiro de futebol de salão do Flamengo. Eu
gelei, nessa hora.
Mas frequentei os treinos por todo o mês de fevereiro. Telê me
colocava no time reserva. O goleiro titular era um sujeito bem maior do que eu,
meio gordinho. Eu sei que os caras vinham trocando passes, chegavam perto da
área e mandavam ver um foguete, com aquela bola infantil de futebol de salão.
Eu nem via por onde entrava. O gordinho do outro lado pegava tudo. E eu
pensava, o que estou fazendo aqui?
Quando chegou Março, as aulas do Curso Tamandaré começaram,
pela tarde. Aí, conflitou com os treinos na Gávea. Eu decidi me dedicar ao
Curso. Tinha resolvido fazer concurso para o Colégio Naval e fui fazer o que
sabia, estudar. Comecei a me separar da turma da CD nessa fase.
Outra coisa que lembro da turma da CD, aí, já fora das
quadras. Nos domingos à tarde costumávamos ir ao cinema. Vestíamos a
domingueira e íamos; Asteca, São Luiz, Politheama, dependia da grana. De vez em
quando havia uma festa, em que também íamos em grupo.

Tem uma coisa interessante, tipo coincidência, que me matou de
vergonha na época, mas logo virou motivo de risada. As meninas que eu me lembro
eram, entre outras, a Catarina, a Emebene (pequena, mascote na época), a irmã
do Betinho, que vim a conhecer melhor alguns anos mais tarde, na Ferreira Viana
mesmo, e tinha a Beth, com quem cheguei a brincar de namoro. O fato é que a
Beth, além de bonita, era um doce de pessoa. Muito simpática, amável e bastante
receptiva em termos sociais. Algum tempo depois que eu me afastei, estávamos,
nós da turma Ferreira Viana, num sábado, sem ter o que fazer. Alguém chega e
diz que tem uma festa na CD, mas ele não conhecia os donos, mas achava que
podíamos chegar lá. E fomos os três, subimos, a porta estava aberta, entramos.
Me dei conta, então, de que a festinha era na casa da Beth. Eu chamei o Beto, um dos colegas da Ferreira,
e avisei, olha vou sair fora. Conheço a dona da festa e não quero que ela me
veja. O Beto, nem deixou eu terminar. Foi do outro lado da sala, chamou a Beth,
a trouxe dizendo “é essa menina que é sua amiga?. Eu queria me enterrar na
areia, mas a receptividade foi grande. Ela formalizou convite para os dois que
foram comigo e foi uma noite agradável.
Bons tempos.
Alguns anos depois, teve ainda a história da irmã de um amigo
da Silveira, chamado Luiz Antonio, ou Gordo. Ele tinha uma irmã, não me lembro
o nome, um pouco mais nova. Uma moça muito bonita, sempre conversávamos. Nessa
época, eu já estava na marinha e só vinha para casa em fins de semana de 15 em
15 dias. Era nesses finais de semana que eu me integrava com o pessoal da
Ferreira e outros conhecidos, inclusive o Gordo. Essa menina, irmã dele, um dia
passou por mim e trouxe uma amiga para me apresentar. Era a Beth. Rimos
bastante, mundo pequeno. Beth já era moça formada. Se já era bonita, estava muito
mais. Mas não tocamos no assunto do namoro. Adolescência é uma fase tímida.
Bons tempos.
4
Vc sumiu por algum tempo. Por onde vc andava? O
que vc fez?
Como eu disse, em 1967 decidi fazer concurso para o Colégio
Naval. Fiz o Curso Tamandaré, que ficava no Largo de São Francisco. Estudava no
Rivadávia de manhã e cursava á tarde. Não tinha mais tempo para jogar bola na
sede Velha. Outra coisa que já citei é que, cedo, descobri que se não
estudasse, iria ficar andando de lado a vida toda. Por isso, a dedicação era
integral.
Felizmente, passei no concurso em primeiro lugar. Por isso,
sou “zero um” de turma e meu número de identificação (espécie de CPF naval) termina
com 01. Aliás, só como registro, depois que saí da Marinha, sempre mantive
contacto com a Turma, e sou ainda chamado de zero um da turma, o que me
lisonjeia bastante. Tenho muitos amigos lá.
Passei 2 anos em Angra dos reis, de onde só vinha ao Rio de 15
em 15 dias. Chegava na sexta-feira de noite e voltava domingo depois do almoço.
Meu tempo era muito curto e, normalmente, não dava para fazer tudo o que queria
ou precisava. Algumas vezes, tinha compromisso de família. Algumas vezes,
namorada. Outros compromissos com os colegas da turma do CN. Enfim, perdi
contacto com muita agente.
Depois do CN, ensino médio, vem a Escola Naval, na Ilha de
Villegaignon, atrás do Santos Dumont. Só que, mais uma vez, resolvi mudar o
rumo da minha vida. O raciocínio era simples. Eu decidi ser engenheiro. Na
Marinha, precisava esperar 7 anos para me qualificar par o Quaro de
Engenheiros, quando começaria a cursar engenharia na USP. Então, pensei, se eu
queria ser engenheiro, por que esperar os 7 anos para começar, se eu poderia sair
e fazer vestibular aqui fora. Aí, decidi que se era para fazer isso, só
serviria o IME, por diversas razões que não vem ao caso. Nem o ITA serviria,
pois não tinha como me sustentar em S. J. dos Campos.
Então, fiz o Curso Bahiense e passei. Fiquei lá de 1971 a
1975. Também, nessa época, decidi ganhar um pouco de dinheiro. Sempre levei uma
vida muito apertada. Não me faltava nada do básico, mas a falta de grana era um
problema. Comecei a dar aula no Bahiense em 1971. Comprei meu primeiro carro
com 20 anos. Em 1972, comecei no MCB. Em 1973, me empreguei numa firma de
instalações elétricas, em 1974, comecei a fazer estágio na Light. Então, nesse
ano, eu tinha compromissos com o IME, dois cursos para dar aula, um emprego de
assistente técnico, e um estágio. Pifei. Os cursos me davam a vida social que
queria (não faltavam alunas querendo sair), os empregos a grana para pagar essa
vida social (custa caro!!) e o IME, a perspectiva de futuro. Mas não deu para
continuar assim.
Pedi demissão do emprego na empresa de eletricidade, diminuí
minhas aulas e fiquei só com dois dias em cada curso, à noite, e mudei o
estágio para a Eletrosul. Tudo melhorou, passei a administrar melhor meu tempo,
meu rendimento na faculdade subiu, e muito, e passei a dormir melhor.
Isso explica por que não tinha como estar próximo de vocês, na
CD. Nessa fase, me afastei involuntariamente até dos amigos da Ferreira.
Quando saí da faculdade, tinha a oportunidade de mudar para
Florianópolis, com a Eletrosul, mas decidi ficar aqui no Rio. Fui trabalhar na
Nuclebrás, fui chamado pela Internacional de Engenharia (que Deus a tenha), fui
para a Albras, montei uma empresa de redes e telecomunicações, e, finalmente,
decidi ir para a Receita Federal. Fiz concurso para Auditor em 1994 e entrei em
1997. Todas essas passagens têm histórias, que dariam outra entrevista.
5
E a família? Conte como foi nesse tempo todo?
Em todo esse tempo, fiz duas famílias. Tenho quatro filhos.
A primeira foi com uma ex-aluna do Bahiense (só me aproximei
dela e começamos a namorar algum tempo depois do curso!!! Não foi affair
professor-aluna). Mas começamos a namorar, e ficamos nisso até 1978, quando me
casei. Ela também é engenheira, formada na PUC. Também estudou no Pedro II do
Humaitá e foi colega do Sirico (acho que é esse o nome dele, oh! Memória) da
Silveira Martins.
Com a Angela tive 2 filhos: Victor e Larissa. Victor é
engenheiro metalúrgico UFRJ, com mestrado em engenharia oceânica pela Coppe.
Hoje, trabalha e mora em Houston, no Texas. Larissa também é engenheira,
química, pela UFRJ. Tem mestrado e Doutorado pela Coppe em engenharia de
produção, especialização planejamento energético. Mora e trabalha em Amsterdã, mas
em processo de mudança para Bonn, na Alemanha, para trabalhar na IRENA, agência
da ONU para energias renováveis.
Em 2000 me separei e me casei novamente em 2002 com uma baiana.
Em 2005 decidi sair do Rio e mudei para Salvador, aproveitando a estrutura
familiar já montada. Cíntia é advogada e, quando nos casamos, já tinha
escritório próprio em Salvador, que não conseguiu tocar do Rio. Então, virei
baiano.
Com Cíntia tive mais dois filhos. Giullia, com 19 anos,
fazendo faculdade de programação de jogos. E Luiz Felipe, 14 anos, ainda no 9º
ano EF.
6
E hoje? O que vc faz? Já se aposentou?
Hoje eu trabalho exclusivamente na Receita Federal.
Quando fiz o concurso, a pretensão era garantir uma
aposentadoria melhor que a do INSS. Eu tinha a empresa e, como todo empresário
sabe, o futuro é incerto para os empreendedores no Brasil A Receita era uma
saída que se mostrava factível Fiz o concurso e passei.
Só que as mudanças da CF88 de 1998 e 2003 acabaram com essas
pretensões. Então, quando decidi mudar para Salvador, saí da empresa.
Já poderia me aposentar há mais de 10 anos atrás, mas continuo
na ativa, por decisão própria. Meu maior medo é me aposentar e ficar em casa.
Sempre tive uma vida muito agitada para ficar parado. Tanto que mesmo
aposentável, com mais de 70 anos, acabei de concluir o Mestrado em
Administração na UFBA. Defendi a Dissertação em fevereiro. E vou procurar mais
coisas para fazer.
7
Considerações finais.
Zé, demorei para começar a escrever ou responder a essas
questões básicas sobre minha vida. Mas, agora, que começamos e engrenamos, as
lembranças vêm à tona e, se não parar de escrever de ofício, continuo por
horas. É muito bom relembrar o passado, quando se foi feliz com ele.
Como deixei transparecer, tive uma vida muito difícil. Algo
que deveria ser fácil, como a transferência de meu pai para o Rio, se tornou o
grande problema de vida.
Mas essas dificuldades não representaram, nunca, infelicidade.
Fui uma criança, um adolescente e um homem feliz. E ainda sou, graças a Deus.
Sempre tive o básico e mais o amor e respeito de meus pais e minha irmã. Não
tenho arrependimentos. Talvez, com a experiência de hoje, faria algumas coisas
de forma diferente.
Assim, relembrar tudo isso foi fantástico. Tenho um pouco de
inveja quando vocês publicam no grupo fotos e contam histórias dos carnavais,
acampamento, penetras no Mourisco (isso eu fiz também), mas eu também vivi
histórias parecidas. Turmas que mantêm esse convívio de tantos anos, eu só
conheço entre os militares, dado o seu espírito de corpo.
Espero que tenha contribuído, com as minhas histórias, ou minha
visão dos fatos, para trazer outras lembranças à turma.
Planejo ir ao Rio em Julho. Aviso com antecedência para
organizarmos um encontro fora de época. Eu levo o whisky.
Um grande abraço