sexta-feira, 7 de maio de 2021

Dia 6 de abril deu Jacarezinho na cabeça!

 

    Dia 6 de abril

deu Jacarezinho na cabeça!


                    Foto: Mauro Pimentel/AFP/Getty Images

A incursão policial na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, no dia 6 de abril de 2021, pareceu um daqueles thrillers de guerrilha urbana que assistimos na Netflix ou talvez um daqueles jogos de vídeo, onde a meta é matar o maior número de “inimigos”. Ao final, o “mocinho” ou o policial sempre vence (apesar de sempre ter uma baixa em seu contingente).

Pois bem, estou falando de realidade, de vidas humanas; de uma realidade latente no Rio de Janeiro, que é o domínio das comunidades pobres pelas facções criminosas – milícias e traficantes. Um “estado” paralelo que exerce poder sobre a população que ali habita, submetendo-a à sanha das diversas formas de ganhos que estes criminosos à submete. Taxa de segurança a moradores e comerciantes, venda de bujão de gás, água mineral, transporte, internet pirata entre outras; e mais recentemente, sequestrando torres de telefonia. Estou falando de bandidos e criminosos, pois quem se recusar a pagar pode ser morto e por muito menos ter sua moradia tomada pelo tráfico ou milicianos.

A situação é complexa, o Governo do Estado quando exerce seu poder, agora limitado por uma decisão do STJ, fica de mãos atadas em determinadas circunstâncias. Agir com o rigor, que vimos ontem, causa um frisson em determinados segmentos sociais, que me parece que estes não vivem em mundo real. Que acreditam que um “guerrilheiro” entupido de cocaína e com problemas mentais mudará o rumo de sua vida com terapias ocupacionais. Isto só acontece, com boas exceções, com quem não entrou na roda-viva do crime. Depois que entra, só sai no saco preto.

Ontem, as imagens da televisão mostraram vários criminosos armados de fuzis, com mochilas carregadas de armamentos (granadas e munição), saltando de casa em casa, fugindo da polícia. Certamente não eram trabalhadores ou estudantes fugindo do tiroteio. Até porque estes não carregam fuzil em seus ofícios.

Os “especialistas” em segurança, acompanhados pelos organismos de direitos humanos sempre afirmam que existem protocolos de abordagem eficazes, que devem ser utilizados quando de uma operação policial desta magnitude. Com o objetivo principal de sempre preservar vidas e prender os suspeitos(?) para irem a julgamento e eventual condenação. Mas até hoje, não conheço, nenhum destes órgãos que exerçam o poder de convencimento para que tais criminosos se entreguem, pois eles não podem fazer o que fazem.

É muita ingenuidade ou visão destorcida da realidade. Tenho certeza que estas pessoas nunca tiveram (graças a Deus) uma filha ou esposa, estuprada na frente deles; nunca viram um filho, um irmão ou um pai ser queimado dentro de uma pilha de pneus. Nunca tiveram suas casas invadidas por criminosos e foram expulsos por estes mesmos criminosos, levando apenas a roupas do corpo.

Isto não é exercício de imaginação, nem ficção, isto que relato é realidade. É o mundo real.

O saldo da operação foi a morte de 24 “suspeitos” e de 1 policial; vários “suspeitos” presos, vários fuzis e outros armamentos apreendidos e pasmem, uma enxurrada (previsível) de lamentos e reclamações de ONGs e de outros simpatizantes da Worldland (mundo da fantasia).

Uma pena que isto não resolverá o problema da criminalidade e da segurança do Rio de Janeiro. Este é e sempre será um trabalho complexo que envolve muito mais do que uma operação policial; envolve comprometimento do poder judiciário, do Congresso Nacional e demais parlamentares das esferas estaduais e municipais (identificando e extirpando aqueles que estejam envolvidos com o crime organizado), para que o Estado se faça presente de fato na solução deste problema tão grave, que sangra por todas as comunidades cariocas e onde haja a contaminação de um poder paralelo.

Pedir investigação independente para saber se houve excesso, porque 25 criminosos foram mortos, é pertinente. Eu acho. Mas havendo ou não excesso, isto não resolve o problema, pois há um contingente efetivo de criminosos armados e dispostos a tudo que ainda precisa ser dissolvido; infiltrados nas comunidades onde mais de 95% da população são de pessoas honestas.

Dizer que o Estado precisa dar apoio e trazer pra si, a responsabilidade da educação e amparo às crianças das comunidades, para que elas não caiam nas mãos do tráfico, é justo e óbvio. É o que se quer. Mas que os intelectuais e românticos digam também, como extirpar o cancro que contamina e mata muitas crianças e adolescentes, abraçadas pelos traficantes.

No mais, ainda restam muitos criminosos que escaparam da ação policial e que estão escondidos na comunidade do Jacarezinho. Alguns foram promovidos, outros estão em uma geladeira do IML.


Luiz Machado - correspondente de Brasília 

3 comentários:

Unknown disse...

Essa sua visão sobre os fatos acontecidos no jacarezinho eu compartilho com vc. Não existe uma explicação lógica pra tanta hipocrisia das pessoas que dão seu parecer ético mais não o realizam dentro de uma comunidade que vive esse dia a dia de mais tratos e sendo usurpada de seus direitos de ir e vir muito menos de residir humildemente dentro da comunidade.

J Drinks disse...

Meu amigo,foi muito importante e pertinente o seu texto, pois quando propomos o blog, e já se vai mais de uma década, nossa ideia básica seria escrever nossas histórias e outras, que de uma forma ou de outra, nos envolvesse em nossos dia a dia, e este acontecimento envolve a todos nós, e de vários ângulos, sendo que para mim, o pior deles é a politicagem que tentam fazer com o fato.
Como vc deixa muito claro, esta ação policial não vai ser solução para os graves problemas q a comunidade possui, mas ela tem seu lado positivo, pois foi realizada para cumprir mandados de prisão, procedimento comum, necessário, e independente de qualquer ação social para a comunidade. No entanto, como deveria ser esperado, foram recebidos a bala e granadas, e evidentemente, houve o conflito, que resultou em 28 mortos, sendo 1 policial.
E ficam algums questionamentos, em geral realizados por parentes e amigos dos que morreram, de entidades que colaboram na favela, e de alguns politicos que normalmente se aproveitam da oportunidade para tirar algum proveito.
A operação em si, não tem como não considera-la vitoriosa, pois apesar da baixa de um policial, não se teve notícias de balas perdidas, q geralmente são atribuidas aos policiais. As casas invadidas foram todas monitoradas e muito material bélico apreendido. Mas e daí? Wual o proximo passo? Outras ações desse nível virão de forma mais constante? O Estado, a Prefeitura vão providenciar melhoras necessárias para a Comunidade? Sempre disse q as favelas são monstros que os Governos irresponsáveis deixaram nascer, crescer e reproduzir, agora eles tem a obrigação de cuidar e tratarcom dignidade. Favelas, ou Comunidades, são bairros mal cuidados, alguns maiores q pequenos municípios, que merecem uma atenção especial dos governos, em todos os níveis, municipal, o primeiro, estadual e federal. Mas infelizmente sabemos q a grande maioria de nossos políticos só aparecem nas áreas para pedirem votos e prometerem o q não vão cumprir.

Vlw Kibe, até o próximo.

J Drinks disse...

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