sábado, 26 de setembro de 2015

E por falar em CERVEJA...

A
 cerveja sempre foi, e ao que tudo indica, por muito tempo ainda será a referência em nossos copos.  É evidente que isso não implica em dizer que não apreciamos outras bebidas, como a cachaça (artesanal, claro), o velho whisky, a pura vodka, o santo vinho e outros drinks  que tão bem conhecemos ao longo de nossas andanças.

Em relação à nossa cervejinha, a moda atual é a cerveja artesanal, mais encorpada e de maior teor alcoólico e com diversas marcas no mercado.  É papo certo nas mesas dos botecos onde os mais entendidos normalmente iniciam seus comentários falando sobre o “grau alcoólico” e os  “processos de fermentação”. E é por aí que também resolvemos começar.
Após uma visita ao Museu da Bhoemia, em Petrópolis, que recomendamos para todos os apreciadores desse líquido salutar, e uma rápida pesquisa  na internet,  preparamos um breve resumo para ajudar nas trocas  de opiniões e na prorrogação dos drinks.

O mais interessante foi saber que no Código de Hammurabi, datado de 1730 a.C. , o primeiro Código de Leis que se tem conhecimento, escrito pelo Rei Hammurabi, da Babilônia, continham regras rígidas  relacionadas à cerveja, desde a qualidade  até a sua distribuição, e de acordo com o estatuto social de cada indivíduo.

O Rei falou e disse: “Quem produzir cerveja ruim será morto”.  Tida como o “néctar dos deuses” estava escrito na Lei que  “se uma cerveja de má qualidade chegar ao consumidor, o responsável por sua produção será punido com a morte por afogamento”. De lá para cá a cerveja rodou o mundo e certamente não irá parar de rodar, e nem nós, claro.

Mas para “molhar o bico” e deixar a conversa mais interessante, a primeira observação a ser feita é sobre o “tipo de cerveja”, e que esta depende principalmente do tipo de levedura utilizada, dos maltes e do lúpulo. Com certeza, todos em volta irão dar o primeiro brinde para que o assunto se desenrole.

- .. e a fermentação, deve ser de baixa ou de alta?  Sem dúvida será uma das primeiras perguntas.

É a dica para demonstrar o conhecimento, pois os tipos de fermentação, alta e baixa, definem 2 dos mais conhecidos e principais grupos de cervejas.

E a moda são as de alta fermentação.  São as cervejas conhecidas por Ale, palavra de origem nórdica que significa, nada mais nada menos, que  “cerveja”.  São as “fermentadas em temperaturas mais altas, entre 15 e 24ºC”,  e cuja fermentação dura entre 4 e 6 dias. Normalmente são as mais encorpadas, de maior teor alcoólico, e produzidas com sabores e aromas diferenciados. 

Existem vários subgrupos de cervejas do tipo Ale. Os mais conhecidos são:

ü  Abbaye, Abdij ou Abbey – cervejas originalmente desenvolvidas por abades na Bélgica e Holanda. Normalmente mais fortes e preparadas para se conservarem por longos períodos;
ü  Alt Bier – denominação comum na Alemanha para as cervejas de alta fermentação e coloração “cobreada”;
ü  Barley Wine – o “vinho de cevada (barley)” caracterizam algumas cervejas fortes, com teor alcoólico normalmente superior a 9%, e com carregamento maior de cevada em seu preparo;
ü  Bitter – de origem inglesa, é caracterizada pela grande quantidade de lúpulo, o que lhe confere o amargo (bitter) acentuado;
ü  Blanche ou Wit – origem Belga, feita a base de trigo, é extremamente refrescante e de sabor peculiar;
ü  Brown Ale – são as cervejas inglesas, com pouco álcool, ligeiramente adocicada por caramelo e de cor acastanhada (brown);
ü  India Pale Ale (IPA) – das mais populares, possui elevado teor alcoólico e uma boa dose de lúpulo. Criada pelos ingleses para que a bebida se conservasse durante as viagens por barco das tropas britânicas para a Índia;
ü  Kolsch – embora seja uma cerveja de fermentação alta, sua pouca produção de ésteres a coloca com características intermediárias entre uma Ale e uma Lager;
ü  Mild – cerveja inglesa mais suave (mild), com a quantidade de lúpulo mais moderada que uma Bitter;
ü  Pale Ale – designação comum para as cervejas com coloração pouco intensa (pálida);
ü  Porter – de coloração escura, no entanto mais leve e de sabor menos torrado que uma Stout;
ü  Stout  – muito escura, robusta (stout), produzida com recurso de malte e cevada torrados. Existem vários tipos de Stouts: Stout Irlandesa, seca e amarga; Sweet Stout, ligeriamente adocicada e com menor proporção de malte torrado; Imperial Stout, encorpada e com elevado teor alcoólico;
ü  Scotch Ale – (uma de minhas preferidas) cerveja escocesa forte, de alto teor alcoólico, muito encorpada e com uma forte presença do malte no aroma e no sabor;
ü  Trapista – cerveja produzida originalmente em abadias pelos monges trapistas. Dizem que os monges a bebiam em substituição às águas quando poluídas. Preocupados com sua conservação, era produzida com alto teor alcoólico (em torno de 12%) e com recurso de lúpulo e caramelo;
ü  Weisse, Weizen ou Weiss – cerveja alemã de trigo, turva, normalmente servida com a levedura em suspensão, neste caso toma o nome de Hefe-Weizen.

Lagers, palavra que deriva do alemão lagern, e significa armazenar.  É a denominação para as cervejas de baixa fermentação.  São  desenvolvidas em processo de fermentação inventado no século 19, com base em baixas temperaturas (entre 8 e 15 ºC). Graças ao processo produzem quantidades muito pequenas de ésteres e possuem aroma de lúpulo bastante "limpo".  Necessitam de um período de armazenamento mais longo, de 2 a 4 semanas e em baixa temperatura (entre 0-5 ºC) para se maturarem.  Em geral são cervejas mais leves e com graduação alcoólica entre 4% e 5%. 

As Lagers  são as mais vendidas nos EUA e no Brasil, que até pouco tempo detinha um consumo na ordem de 99% para esse tipo de cerveja.  Marcas como Brahma, Skol, Itaipava, Antártica, Schincariol,  e praticamente todas as mais conhecidas no país, pertencem ao subgrupo American Lager, também chamadas de cervejas pilsen.

Urquell Pils ou Pilsner Urquell, é a mais famosa cerveja Lager do mundo. Sua origem data de 1842 e vem da República Checa, província de Boêmia, cidade de Pilsen, cujo nome originou o tipo pilsener, ou simplesmente pilsen, como nós a conhecemos.

Alguns dos tipos mais conhecidos:

ü  Bock – cerveja do sul da Alemanha com elevado teor alcoólico, encorpada e de coloração escura;
ü  Dortmunder – cerveja originária de Dortmund, menos amarga que uma pilsener;
ü  Oktoberfest – cerveja exclusiva para a grande festa da cerveja em Munique, que decorre durante o mês de Outubro;
ü  Pilsener ou Pils – a cerveja mais difundida e bebida em todo o mundo. Originária da cidade checa de Pilsen é uma cerveja tipo lager, de cor clara, seca e com um bom amargor;
ü  Schwarzbier – da Alemanha, de coloração muito escura;
ü  Viena – cerveja austríaca, de Viena, de coloração ambar ou avermelhada.

O papo fica mais interessante quando alguém questiona se existe algum outro tipo de cerveja além dessas. E a resposta não vem de todos, pois no Brasil das pilsen, poucos conhecem as cervejas lambic, de fermentação espontânea.

É uma cerveja que fermenta espontaneamente, sem controle, com a exposição do mosto em ambiente aberto, ao vento, que provoca a reação pelos microorganismos existentes na atmosfera. Segue uma receita exótica, com leveduras selvagens existentes apenas no sudoeste da Bélgica. E devido a sua elevada acidez, muitas das vezes são misturadas com frutos e adoçadas.

A fermentação espontânea deu origem a primeira cerveja, e por isso as lambic são consideradas as “mães de todas as cervejas”. É considerada tão importante que é visto como uma obrigação o seu conhecimento por qualquer cervejeiro que deseja se aprofundar na matéria. Um bom motivo para um novo brinde.

As lambic mais conhecidas são as belgas Boon (Geuze Boon) e Cantillon, por exemplo:

ü  Gueuze – um blend (mistura de lambics) de diferentes idades. Cria uma efervescência como a de um espumante. É o estilo mais conhecido e consumido.
ü  Faro – a adição de açúcar e caramelo na cerveja servem para equilibrar sua acidez. É a mais rara nos dias de hoje.
ü  Kriek – são inseridas cerejas (krieken) na receita. Passam por um processo de dissolução que dura por volta de 6 meses.
ü  Framboise – uma porção de framboesa é inserida na produção, resultando em um sabor mais domesticado, como as lambic Kriek.

Depois de tanta informação, o melhor é retornarmos aos drinks, sendo que na falta de uma cerveja mais robusta, artesanal ou importada, como uma scotch ale (da Petra, por exemplo), as opções ficam por conta de nossas pilsens, com destaque para duas:

è  Serramalte – brasileira, da Cervejaria Serramalte, fundada em 1953, no Rio Grande do Sul e pela Antártica (hoje AMBEV) em1980. É uma cerveja tipo pilsen extra, de baixa fermentação, coloração mais forte e amargor acentuado, com 5,5% de teor alcoólico.
è  Bohemia – criada pelo alemão Henrique Kremer em 1853, é considerada a primeira cerveja pilsen a ser produzida no Brasil.  Também conhecida como a Pilsner Urquell  brasileira, foi apelidada pela família real de “Ouro liquido”.

Mas na falta delas,
que venha uma ale, large, pilsen, ou lambic,
que seja loura ou brown, moreninha,
ou mesmo uma índia, pálida ou negra,
não importa,
apenas que venha suada,
espumante,
e acima de tudo,
que esteja super gelada...


Tim tim e bons drinks aos amigos.

domingo, 6 de setembro de 2015

Dia do Irmão



 
D
epois de algum tempo descobrimos, graças às redes sociais, que hoje, dia 5 de setembro é o Dia do Irmão, e nada mais justo  que deixemos aqui registrado umas palavras para nossos irmãos.
No início a idéia era escrever umas palavras para meu irmão, Byra, para quem escrevemos algumas crônicas quando ele foi atropelado e praticamente ressuscitou, mas percebemos que nossa turma é constituída de diversos irmãos.  São os Neves, os Silveira Lima, Amaro, Vieira, Cabeça, Franguinho, Pintinho, e tantos outros com seus respectivos irmãos.
E entendemos que não deveríamos pensar simplesmente em nomes, pois acima de tudo somos todos uma verdadeira família, e com tudo que temos de direito, discussões, afagos, proteção e tudo mais. Cada um seguiu seu caminho mas nossa união permanece viva, amarrada num laço inquebrantável chamado de amizade.

Bob Marley, depois de umas baforadas da maldita, disse para um amigo que “se um dia, a nossa luz da amizade se apagar, foda-se irmão,  a gente acende uma vela”.  E é dessa forma que temos caminhados juntos por mais de meio século.  Em alguns momentos, entre um ou outro, a luz parece apagar, ou até mesmo se apaga, mas a verdade é que sempre ficará acessa a chama de uma vela.
E é graças a esta união que somos capazes de guardar e recontar as histórias de nossas juventudes com segurança, pois estão e estarão para sempre depositadas em cada um de nossos corações.
Dizem que “um irmão até pode não ser um amigo”, mas com certeza “um amigo será sempre um irmão”.  São palavras que já rodaram o mundo mas  que em nossa confraria, para nossa alegria, foram um pouco além, ou seja, os irmãos de sangue, apesar das diferenças naturais ao longo da vida, são também amigos, e esta talvez seja a verdadeira força que nos une cada vez mais, mesmo quando ausentes.
Poderíamos escrever muito mais sobre os sentimentos de ter um irmão, e mais ainda quando temos um irmão que é também um amigo, mas seria pouco para dizer tudo que sentimos pois se num irmão corre nosso sangue, por um amigo também doaremos nosso sangue.
É um sentimento para toda a vida, ou quem sabe, até para depois da morte, pois a amizade é um amor eterno, infinito, que não morre jamais.

Portanto, meus amigos, um FELIZ DIA DO IRMÃO, para sempre, e para todos nós.