segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Falando de Marco Frango de Juca Melão


Teve como nome de batismo o mesmo do militar e político romano, Marco Antônio. Nascido em uma família com mais 5 irmãos, Marco chegou a Correa Dutra creio que no final dos anos 60 e início de 70. Logo fiz amizade com aquele que durante um bom tempo de minha infância e adolescência compartilhou comigo tristezas e alegrias.

Mas só sua mãe o chamava pelo pomposo nome. Frango foi o nome com que ficou conhecido por nós. Uma coisa é certa, não fomos nós que o “batizamos” com o nome do famigerado galináceo. Mas assim nos chegou e pegou.

“O Frango é um ‘preto’ diferente”, dizia o Ceará – com seu enorme cabeção e um bigode a lhe esconder bocas e dentes – lá no bar de “Don José de los Pentejos Verdes”, um espanhol baixinho, proprietário do estabelecimento que ficava ao lado da barbearia do seu Monteiro (pai do Tchona) e cujas sobrancelhas pareciam duas taturanas pretas.

- Mas diferente porque? Perguntavam os freqüentadores costumeiros.

- Diferente, por que não é flamenguista, é ruim de bola, não sabe sambar e não vai na macumba.

A gargalhada era geral. Mas se ao Frango não lhe davam o crédito por não saber sambar, não podiam dizer que ele não era bom na percussão. Tarol, repenique, tantãs, latas e até das capotas de fusquinhas, o samba fluía de suas mãos com a facilidade tão característica do sambista carioca. Isso quando ele não soltava a voz imitando Alcione, cantando: “Sabe, meu menino sem juízo...” em pé, sobre o carrinho da Light. Era o seu palco. Dona Ruth na janelinha de seu apartamento olhava a tudo com um sorriso na face. As pessoas que passavam, ouviam e viam aquele “maluco” cantando. A galera do bar aplaudia e gritava como se estivessem no Canecão a aplaudir o ilustre artista.

Era assim o Frango, conhecido por um monte de gente. Conhecia todo mundo e as pessoas se simpatizavam com ele com facilidade. Talvez por isso, as portas se abriam para ele com a mesma facilidade, pois enquanto a gente pelejava para ir a uma festa, um show, uma boate, Frango já estava lá. Alguém conhecia alguém que era amigo do amigo do...Frango. Entrou.

O tempo passou, perdemos contato e agora há cerca de uns quatro anos, retomamos contato. Reencontro-o como o vice-presidente da Confraria da Correa Dutra. Título honorífico que caberia a Marco Antônio, o militar-político, mas não teria a mesma graça e simpatia do que este título designar Frango Del Macumba (confesso que não gostei do sobrenome, prefiro a forma original, mas enfim...).

Para minha surpresa (e esse danado sempre nos faz surpresas), agora recebo um convite para assistir a um show no Grajaú – Samba na Cabeça – com a participação de “Juca Melão”, percussionista e voz com seu grupo de samba a comandar a promissora noitada. Irei com certeza! Quero conhecer esse novo amigo, com nome artístico – como se “Frango” não o fosse. É. Talvez não fosse mais.

Todo o sucesso pra ti, amigo Marco Frango de Juca Melão!

Claudio Kibe.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

FELIZ NATAL

"...por isso uma força me leva a cantar ...", são palavras que ouço do Especial de Roberto Carlos, um programa que parece que nunca vai acabar, e que nos remete aos tempos da Jovem Guarda e de tudo mais que estamos revendo e revivendo em nossas conversas, e que aos poucos vão sendo registradas no Drinks & Kibe.
E se não temos a mínima competência para cantar, reuníamos ideias para deixar no blog uma mensagem de nosso primeiro Natal. Pensávamos num texto bem elaborado, com palavras bonitas, bem escritas, mas infelizmente, talvez pela emoção, ou por uma outra razão qualquer, não conseguíamos expressar da forma como gostaríamos, e como um presente do bom Velhinho, fomos agraciados com uma simples e verdadeira mensagem de Natal. São palavras de nosso amigo Beto "Narina", como o Amaro gosta de chamá-lo, e que a registramos como a mensagem de um FELIZ NATAL para todos nós:

"Amigos,

Incorporo os meus votos de feliz natal a todos voces com o desejo de um 2009 com grandes realizações e novas oportunidades para outros encontros.
Nem sempre há disponibilidade por motivos varios para podermos participar mais ativamente tanto da lista como das reuniões.
Mas é assim mesmo.
O importante é estarmos com o coração aberto e ligado àquelas amizades que não devem ser esquecidas.
Especial menção aos dois "animadores" desse imenso grupo - Zé e Cláudio, que tanto fazem para mantermos tudo isso ligado. E a cada dia fazem mais. O poster do encontro de novembro feito pelo CK está muito legal.
Tive oportunidade de estar em BSB tres meses atrás com o CK e Goda e foi uma noite maravilhosa ao revivermos tantas e tantas situações que passamos e que estavam adormecidas mas não esquecidas.
Ao ver fotos na galeria colocada no blog faz-se uma verdadeira viagem as origens de nossas vidas, ao que somos de verdade e aquilo que pudemos construir enquanto pessoas. A "reanimação" destes arquivos em nossas memórias trazem muitas, mas muitas mesmo, alegrias
Nem todos se conhecem afinal a tribo era muito grande e dividida por uma linha imaginária na Rua do Catete. Junte-se a isto os agregados de outras tribos do nosso entorno e até de tribos mais longínquas
Hoje observando tudo isso vemos quão grande era essa energia que nos agregava em torno de temas que foram evoluindo conforme íamos crescendo e envelhecendo. Passamos muitas fases sempre como uma tribo - juntos e em grande número.
Conversas de rua noites afora, cervejas nos bares, jogos de porrinha, o futebol que unia as duas tribos ao final do ano, os jogos memoráveis de volei onde nos enfrentávamos furiosamente em jogos de nada deixavam a desejar ao que se fazia de melhor à época, bailes de carnaval no Botafogo, festas aos domingos também no Botafogo, viagens com nossos times de futebol AVEC e SEDE, os carros (Itamarati) e a cinquentinha (que não era dele) do querido Zé Augusto, festival de surfe em Saquarema, a fase das conquistas amorosas e da busca incessante do sexo oposto, ensaios da Portela, seresta no Santa Luzia ou Internacional, passeios de bicicleta que saiam da Correa e terminavam em São Conrado, subindo por Santa Teresa, empurrando as bikes pela Estrada do Cristo, Mirante Dona Marta, Paineiras, Vista Chinesa, Estrada do Alto, Estrada das Canoas e a volta para casa já a noite, as pescarias na Praia do Flamengo e Urca, as pizzas na casa do CK tomando pesseguete, enfim é uma infindável lista que vai brotando e sendo passada pelo teclado para essa mensagem.
Dois pontos ainda presentes não posso deixar de destacar.
O nosso amor eterno e incondicional ao BOTAFOGO, pelo menos na correa do lado de cá, que nos levou por anos ao Maracanã e em viagens por todos os lados, com particiapação ativa no clube e na torcida. A Torcida Jovem do Botafogo fundada na Miguel Lemos e acolhida e reforçada pela turma da Correa Dutra. Todos os jogos o Mário batendo repinique por horas na arquibancada, nós com bandeiras, taróis, bambus, morteiros (aquela época era permitido e que espetáculo bonito ficava), eu, frango, vieira, mario, derzemar, sergio moita, serginho castor, amaro, bibaca e talvez outros que esteja esquecendo agora, eventualmente a participação de outros que não eram Botafogo como CK, Zé Augusto, Shaolim e outros. As idas ao meio dia dos domingos para o Maraca no ônibus 405 - São Salvador/Praç a da Bandeira fumando enormes charutos para espantar todo mundo dentro do ônibus. O Bibaca que tragou varias vezes de um desses charutos e foi direto para o serviço médico do estádio onde ficou por um bom tempo. As porradas que tivemos que correr muito para não apanhar nas saídas já tarde da noite pelo portão 18. Uma delas somente terminando na Praça da Bandeira com parte da torcida do Vasco atrás da gente. A turma do polo aquático - amigos do Godá, que viraram nossos amigos - Carlinhos, Mauro, etc. E por aí vai. Acho que dá um livro de tantas memórias.
Outro ponto que sempre nos uniu e acabou levando alguns de nós muito cedo para o andar de cima é a bebida. Como bebíamos naquela época !!!!!! De bares em bares indo para os bailes no Botafogo, a parada na Rua da Passagem para tomarmos vinho quinado com creme de ovos, os traçados e sargentos, fogo paulista (que deus o mantenha longe de mim), conhaque Dreher com calor de 40 graus, noites e dias no Bar do Manolo, ao lado da galeria e depois da barbearia do Seu Monteiro - pai do Chona. Um reveillon na casa dos Neves quando moravam na vila ao lado do Zaccarias onde poucos conseguiram sair de lá andando antes da meia noite, com garrafões de sangue de boi. Os dias de natal na casa do querido Maurinho tanto na CD como depois em Laranjeiras com seu Juvenal e Dna Virgínia nos aguentando comendo e bebendo para depois irmos para a rua. Mas o álcool sempre foi presente e marcante em nossas passagens para a adolescência e dessa para a idade adulta. Diferente de nossa geração anterior que tinha uma relação mais próxima com drogas ilícitas, a nossa, com algumas excessões, era mais ligadas no álcool mesmo.
Fiz uma retrô rapidinha conforme as caixinhas de minha memória foram se abrindo. Talvez seja a emoção do Natal. Hoje meus dois filhos já crescidos - uma casada e outro ainda solteiro, minhas duas enteadas - filhas de minha segunda mulher, já com duas netas, todos aqui em casa e todo esse movimento mágico proporcionado pelo Zé (Drinks) e pelo Claudio (Kibe) nos fazem reviver tudo isso.
De todo coração um grande beijo em voces todos.
Ainda não pude pessoalmente participar mas de coração e alma estou junto a voces.
Feliz Natal e que em 2009 possamos fazer um grande encontro.

Beijos

Ficou tão grande que acho que vou botar no Blog !!!!!! Com a palavra os moderadores CK e Zé
Beto CD

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Conga, Kichute e Bamba


Meus queridos amigos e amigas,

Um dia desses, lemos alguns comentários a respeito dos tênis que costumávamos usar em nossa adolescência - o Conga e o Bamba lideraram em nossa preferência um bom tempo, e quando o Kichute chegou, já não nos seduziu tanto quanto seus antecessores.
"Sapeando" pela Net, encontrei um texto muito legal, que pelo estilo, parece muito com a forma com que escrevemos aqui; e pelo conteúdo, diz exatamente, o que tenho certeza, pensamos igualzinho. O texto é de um mineiro do interior, Adriano de Paula Rabelo, mas mereceu essa oportunidade pela forma gostosa com que nos fará recordar e conhecer alguma coisa a respeito desses "pisantes" tão legais.

Bjs.

Claudio Kibe
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De vez em quando, passeando pelo passado, não resisto a escrever alguma crônica de memória. Não sou saudosista nem tenho qualquer simpatia pela postura nostálgica e retrô. Como tudo, a vida segue para frente. Meu olhar para o passado é simplesmente uma busca por dar sentido ao presente, criticá-lo, elogiá-lo, rir dele, compreendê-lo.

Ontem à noite, coloquei para tocar o disco Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges, lançado em 1972. Enquanto ouvia as canções desse clássico da MPB, fiquei por algum tempo contemplando a capa, que estampa dois meninos muito parecidos com os cantores – um negro como Milton Nascimento e outro branco, a cara de Lô Borges. Ambos estão sentados num chão de terra batida, numa paisagem interiorana e mesmo rural. Logo atrás se vêem um mato, um grosso tronco de árvore e um fio de arame farpado que atravessa a cena. Os garotos estão sujinhos, vestem roupas meio esfarrapadas e fazem pose de grandes parceiros de travessuras. Um está descalço, e o outro, o negro, traz nos pés um indefectível e surrado Conga azul. Esse calçado é que, como verdadeira madeleine, desencadeou em mim todo um processo proustiano de memória. “Podomemórias”, algum aficcionado de neologismos poderia dizer.

Fui menino interiorano durante os anos 70 do século passado. Recordo-me de que, como para toda a minha geração, três espécies de tênis compuseram a história de meus pés durante a infância: Conga, Kichute e Bamba. Os três eram horrorosos mas baratos e duráveis. Desapareceram no início dos anos 80, com o surgimento dos tênis aeróbicos, mais confortáveis, mais bonitos, com desenhos, cores e formas variadas, acessíveis e multiuso.

O Conga parecia um sapo. Levíssimo, de borracha e lona, ambas finas e pouco resistentes. Havia duas opções: ou todo branco ou azul com sola e ponta branca. Era o mais barato e mais ordinário dos três. Usei-o bastante para passear, ir para a escola, jogar bola.

O Kichute, por sua vez, era todo preto, de lona mais grossa e resistente, sola e bico de borracha, grandes travas quadradas e longos cadarços com os quais se dava um laço logo acima do tornozelo ou uma volta por baixo da sola. Havia quem cortasse os cadarços para pudessem ser amarrados normalmente. E havia quem engraxasse as partes de borracha do calçado, para exibi-lo bem lustroso na escola. Todo fechado, escuro e usado indiscriminadamente, não raro acumulava suor dos pés e passava a exalar um cheirinho pouco convidativo. Duravam muito – um ano e meio a dois anos –, ainda que utilizado dia após dia para o futebol em campinhos de terra.

Já o Bamba era caracterizado como “monobloco”, já que sola, ponta e calcanhar compunham uma única peça de borracha branca, sem travas. O resto também era feito de lona muito resistente. Lembro que havia umas duas ou três variações de cores, mas o mais popular era o Bamba todo branco. Machucava muito no início e levava algum tempo para amaciar. Eram ótimos para o futebol de salão nas aulas de educação física, pois a ponta de borracha era dura e excelente para os chutes fortes de bico. Se não me engano, era do Bamba uma propaganda de televisão em que um carro perdia os freios, e o motorista – calçado de Bamba, claro – freava o veículo com o pé esquerdo no chão, a poucos centímetros de um desfiladeiro!

Quando se chegava na escola com algum desses tênis recém-comprados, usados ali pela primeira vez, quase todos os colegas vinham “estreá-lo”, ou seja, pisavam em cima deles e os sujavam. E ai de quem reclamasse ou se indispusesse contra os que faziam isso. Era derrubado no chão e vítima de um “bolinho”, quando todos os outros garotos saltavam-lhe em cima, formando sobre ele um amontoado humano. Não só o tênis, mas toda roupa lhe ficava suja, além da possibilidade de alguns arranhões e hematomas.

Verdadeiros heróis da resistência, Conga, Kichute e Bamba suportavam até mesmo peladas no pátio de cimento da escola, na hora do recreio, com pedras, tampinhas de garrafa ou um fruto duro e redondo chamado lobeira, que nunca mais vi.

Fui um menino provinciano. Não sei se nas cidades grandes os garotos da minha geração viveram essas mesmas experiências com esses calçados que hoje parecem ter existido não décadas atrás, mas há centenas de anos, tão completamente desaparecidos eles foram.

Os anos correram, vieram a adolescência e a idade adulta. Outros calçados – mais bonitos, mais caros e menos duráveis – fizeram a história de meus pés. Foram-se os calçados, ficaram os pés. Assim como passou a cidade pequena de interior, vieram as metrópoles importantes, outros países, outras experiências, mais complexidade, os pesos da vida... Certa vez, conversando com um amigo paulistano num bar da avenida Paulista, este símbolo brasileiro do cosmopolitismo, disse-lhe que continuo sendo, para sempre, para meu bem e meu mal, apenas um menino do interior de Minas.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

...e as meninas da Correa de Baixo – 2ª Parte

Quando sugerimos ao Kibe que postássemos um texto que versasse sobre as meninas da Correa Dutra, tinha a certeza que ele saberia fazê-lo de uma forma simples e gostosa de ler, e não me decepcionei, aliás, nós não nos decepcionamos, pois o resultado foi muito bom, além de nos remeter a um tempo que difere do “ficar” de hoje.
E não tínhamos opção, era certo de que ele iria se concentrar na privilegiada Correa de Cima e caberia a nós, do outro lado, a responsabilidade de retratar as meninas da Correa de Baixo.
O Byra se antecipou e ajudou bastante em seu comentário, o que faz com essa postagem seja um texto em quatro mãos, e só assim para competir com a Correa de Cima neste quesito.
Em sua escalação inicial, num perfeito 4-4-2, o técnico Byra, por ser mais jovem, cria um time em que mistura talentos juvenis com as mais experientes, e Catarina, por tradição da família, é a goleira e sua principal atleta.
Colocou na defesa: Bina, grande promessa dos juvenis, irmã de Catarina, hoje ambas residentes em Brasília, Helena, São e Tete, outra jovem, e juntas formavam um parada dura difícil de ser batida.
Estela, Arminda, Erika e Norminha, foram escaladas no meio de campo, sendo que Estela e Cachórros, e Erika, hoje com o Byra, estão presentes e ativas até hoje no time de veteranas.
Georgette e Iluska, formaram o ataque. E que ataque. A primeira, apesar de também juvenil, não era uma promessa, era craque e artilheira, a ponto de ser considerada como a favorita do Brasil. Iluska fez razoável sucesso e foi transferida para o exterior.
As reservas, na maioria oriundas de equipes vizinhas, eram de primeira linha: Silvinha, Lílian e Marcinha (grande amiga da Catarina), treinavam ao lado de Ritinha, da Buarque, Liege, namoradinha do André, e Alana Cristina de Moraes, que sofria nas mãos do preparador físico PQD. Todas em busca de vaga no time titular.
Do Máximus, vieram Lucinha, Eloah e Fatinha, outra que fez sucesso na Correa e no Brasil. As gemeas-louras da Dois de Dezembro, Iracema e sua irmã, disputavam vaga com as gemeas-morenas Yvanize e Iperaci.
Oldecléa (do Betinho Chahaira) e Valéria (ex-Byra), cuja irmã Verônica veio para o infantil e é treinada até hoje pelo nosso eterno goleiro, Antero, eram titulares de Botafogo, mas treinavam em nosso time.
As irmãs Neam, Jean e Geni, eram promessas que tinham um cuidado especial do treinador Jonnhy e seus assessores. Eram da época de Ana, que foi namorada do Roberto Azulão e adorava ser fotografada, tanto que fizemos um belíssimo ensaio com ela e só não foi melhor porque o filme acabou no auge dos movimentos. Infelizmente faleceu em um desastre de automóvel.
Sonia e sua irmã Sandra, também falecida, chegaram em plena Copa de 70. Sonia, ainda juvenil estreou no time de cima e até hoje está ao nosso lado, no posto de Primeira Dama da Confraria.
Algumas veteranas foram transferidas para outras equipes: Magali, Malú e Áurea, respectivamente irmãs de nossos confrades, Chahaira, Edu “Maluco” e Fábio, tiveram pouca participação em nossas atividades.
A equipe ainda possuía um outro grupo de jogadoras. Craques em suas posições, mas que por problemas de comportamento treinavam à parte. Maria Amélia, veterana, cheia de ginga e dribles desconcertantes, e com atuações brilhantes no time principal, era a líder do grupo. Fiel a Correa Dutra, não aceitava transferência apesar de inúmeros convites. Chegou a ser emprestada, mas o coração falava mais alto e ainda hoje está presente na Correa de Baixo.
Rosinha Puta batia um bolão. Tinha o espírito amador e dava preferência às peladas e saunas com os rapazes. Zé Negão era seu admirador e a protegia sempre.
O grupo era inquieto, com brigas e disputas constantes pela liderança. Uma outra atacante, de menor prestígio, Neide, se não me engano, volta e meia ia às brigas de fato com Maria Amélia que nunca levou desaforos para casa.
Caso especial foi o de Yasmim, jogadora de futuro, captada por Maria Amélia, nunca mais saiu da marginalidade. Ficou muito conhecida fora das linhas, quando prestes a ser mãe, em crise no bar do Manolo, sua bolsa estourou e ninguém se manifestava para ajudá-la, quando conseguimos socorrê-la e levá-la ao hospital, onde o parto foi feliz e nasceu uma linda menina. Confessamos que esta foi uma das maiores alegrias em nossa vida e que até hoje relembramos com muito orgulho e satisfação. Tempos depois a encontramos em Juiz de Fora com uma equipe de meninas que iriam disputar algumas partidas de exibição na cidade, não é preciso dizer que a alegria foi mútua e que o time era de profissionais.
Na verdade o elenco da Correa de Baixo sempre foi muito dinâmico, e se alterava à medida que algumas atletas chegavam e outras saíam, e assim como bem disse o Kibe, vai ser difícil deixar de esquecer um ou mais nomes, mas vamos aproveitar nossa memória ainda ativa, e tentar complementar o time com algumas outras atletas. Do meio de campo da Correa de Baixo, não podemos deixar de mencionar “Fatiman e Batman”, famosa dupla que deu muito trabalho na área adversária. No mesmo espaço, lembramos de outra Fátima, uma magrinha do primeiro andar, que passou por nosso treinamento particular, e Sandra, irmã de Carlos, um grande amigo. Ambos deixaram saudades, saíram cedo da turma e nunca mais voltaram. Em complemento a este meio de campo, as irmãs Sonia e Rose. A primeira tem uma linda filha com Sérgio Falcão e é uma participante ativa de nossas reuniões e a segunda foi casada com Serginho Pequeno, separou-se e foi transferida para a Alemanha onde vive hoje com seus filhos e o neto Diego, sua maior paixão nos dias de hoje.
Complementa a equipe, Narla, que foi casada com Renato Rivelino, e mãe dos primeiros de seus 6 filhos (por isso que ele está cada vez mais careca) e as irmãs Helena, que casou com o Paulinho, irmão do Miltinho, que foi Secretário Particular do Agnaldo Timoteo por muito tempo, e Rita, que namorou o falecido Topo Gigio, afogado nas águas do Amazonas. Elas se concentravam no prédio da Sonia, a Primeira Dama, onde também residia Solange, filha do Seu Geraldo, o Porteiro, gente muito fina. Tinha vários irmãos, mas destacamos o amigo Gerardo, que veio a ser nosso vizinho, no condomínio que residimos até hoje, em Niterói. O mundo é mesmo pequeno, e ainda bem, pois sendo assim tivemos a alegria de reencontrar uma família de grandes amigos.
E por fim, agradecemos ao Cláudio Kibe por nos deixar registrar os nomes de Cecé e Moniquinha, além de Martinha, todas do time da Correa de Cima mas que também bateram um bolão na Correa de Baixo.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

As meninas da Corrêa de Cima – 1ª Parte

Ahhhh! As meninas do lado de cá de nossa rua. O Zé Drinks diz que éramos privilegiados, pela abundância (perdoem-me as senhoras, pela cacofonia) de meninas no lado de cá de nossa rua. Mas observações marotas à parte, aproveito para dizer que talvez nosso lado da rua tivesse mais meninas por que éramos agraciados com adesões da Bento Lisboa e Tavares Bastos. Loirinhas, morenas de pele branquinha, morenas bronzeadas, mulatinhas, índias, negrinhas, até japonesa um dia apareceu – quem se lembra de Yocie Suzuki Suzane (namorada e atual mulher do Eduardo Benatti Salgado)?

Pois bem, a lista é grande (me auxiliem se não citar o nome de alguma ou algumas), e farei o possível para não me deter em minha primeira paixão – Jane (infelizmente não correspondida) – e por quem suspirei um bom tempo.

Lá na rua, teve a Marta (irmã do Milorge), Jane (irmã do Maurinho), Silvana (irmã do Eduardo “Puck”), Marília (irmã do Sérgio “Castor”), Simone (irmã do Sérgio Maciel), Guadalupe (para mim a mais linda de todas), Lídia, Camila, Denise e Mônica (irmãs do Uií – Carlos Eduardo), Nina e Beth (irmãs amazonenses – namoradas do Godá e do Moita, respectivamente), a Márcia (foi namorada do Maurinho e morava em um prédio em frente ao 117), Janice (a “princesinha do nordeste” e que namorou o Ricardo Turano); Célia, Cláudia e Conceição (as três pertencentes ao clã dos Neves – Mário Jorge e Frango) e Isabel (filha do Seu Roberto e que hoje participa eventualmente de nossos encontros). As que nos honraram com suas presenças, vindas da Tavares Bastos, foram a Sandra (minha primeira namorada), Marinês, Márcia (parente do Lumumba), Cristina “Barata” (ex-MJ Neves), Leila – irmã da “Barata” (outra que namorou o Maurinho) e Leila “Macaquinha”. Da Bento Lisboa, Leila (irmã do Zé Alexandre), Andréia e a irmã (uma bem gordinha que não me lembro o nome. As duas eram filhas de um húngaro que tinha uma cicatriz no rosto, passeavam com um cachorrinho lá na rua e moravam no prédio ao lado do Alex “ai minha cabexa”, onde tinha uma pequena oficina da Bosch. Vale lembrar que houve uma festa que merece um capítulo especial a ser trazido aqui) e Cláudia (que era amiga da Andréia e da irmã). Vieram outras de ruas e bairros diferentes, tais como, Débora (minha afilhada de casamento que foi casada com o Beto), Yocie (conforme citei no início), Claudia “Bill” (hoje casada com o Vieira), a Márcia (namorada do Zé Franguinho) e sua irmã (namorada do Zé Augusto), Juíra (namorada e ex-esposa do Zé Franguinho).

As tardes de domingo eram tão esperadas por nós, pois as que seus pais deixavam, iam ao baile lá no Mourisco; e era a oportunidade de tê-las nos braços (mesmo que por uma música) embalados ao som das músicas lentas. O suor a escorre em nossos rostos, contrastava com o cheiro do Gelatti, perfume argentino, muito comum naquela época.

Dançávamos e a maioria parecia ter lordose, tal era a postura de jogar a bumbum pra trás para não ficar colada ao nosso corpo. Os cabelos caprichosamente arrumados e alisados pelas “toucas” que desde cedo eram meticulosamente arrumadas. Naquela época não tinha chapinha, né mesmo!?

As calças boca de sino cobriam os sapatos “cavalo-de-aço”, as camisas justas delineavam nossa magreza ou mesmo ressaltavam algumas gordurinhas que teimavam em sair pelas laterais. Lembro-me que o Paulinho Malandro me disse que a boa era comprar camisa pólo lá na Petit balet, na N. Senhora de Copacabana e que na Barata Ribeiro tinha um sapateiro que fazia uns “pisantes” bem legais.

Nossa meninas eram mais generosas no vestir, calça “cocota”, sapatinho boneca ou tamancos brancos, a barriguinha de fora era o destaque, pois a camisetinha de malha, dois números menor do que elas deveriam usar, antecederam a baby-look atual. Lindas.

Poucos de nós se casaram com alguma delas. Mas por essas coisas do destino, atualmente somente dois de nós continuam casados com meninas do lado de cá de nossa rua. Sei lá, não tem explicação, ou se tem, eu não me arriscaria a dizer.

Ahhhh! As meninas do lado de cá de nossa rua.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

o Encontro de 2008

Só existe uma coisa melhor do que fazer novos amigos, conservar os velhos”, frase de Elmer Letteman, que traduz claramente nosso pensamento a respeito da amizade. E nossos encontros é a pura materialização desta idéia. É a demonstração do carinho que está entre nós. É a alegria de rever uma pessoa depois de mais de 20 anos e constatar que a amizade não diminui, ao contrário, fica mais forte, mais bonita, mais sincera, quem sabe fruto do próprio amadurecimento do homem.
O sentimento de amizade é bem diferente de outros que possuímos, pois para que se concretize não existe a necessidade de um contato físico permanente. Os encontros que fazemos nos provam isso, e não é apenas a nossa turma, outras também se reúnem para o mesmo fim e concluem, como nós, que o verdadeiro amigo não precisa ficar ao nosso lado todos os dias, basta sabermos que ele vive e existe, e isso é o suficiente.
O mundo moderno criou uma legião de amigos virtuais. São listas e grupos de pessoas que em muitas das vezes nunca irão se conhecer. E nem por isso se consideram mais ou menos amigos que os tradicionais, na verdade, todos os amigos devem ser vistos como de igual importância.
São mais de dez anos que nossa turma, que agora chamamos de confraria, se reúne, e somos capazes de apontar com muita certeza os nomes do núcleo mais constante, aqueles que por felicidade, ou facilidade, conseguiram participar de todas ou da maioria das reuniões, e nem por isso consideramos menos amigos os que por qualquer motivo ou razão não conseguiram estar junto a nós.
O número de presentes não deve ser visto como o mais importante, mas sim a vontade que o evento se realize. E a cada ano que passa, o sentimento de reafirmação de nossa amizade, fiel e verdadeira, se solidifica, cresce, assim como o próprio grupo, que com a ajuda da Internet, nos faz rever os que se encontram em terras mais distantes, inclusive no exterior.
Este nosso Encontro, de 2008, foi sem sombra de dúvidas, um dos mais incríveis que já participamos. Não há como explicar a emoção de rever um companheiro que veio de Macaé apenas para estar conosco por um pequeno espaço de tempo. Gaguinho, mesmo envolvido com problemas familiares, saiu de casa na tarde desta sexta-feira, chegou no Baixo-Gago, até parece que foi uma homenagem para ele, passou algumas horas ao lado de amigos de infância e juventude, que já não via por mais de 20 anos, e após o encerramento das conversas e dos drinks, retornou de imediato para sua cidade sem se importar com o cansaço do corpo, apenas feliz e emocionado com a certeza de que a distancia e o tempo não mancharam a amizade que existe entre nós.
Outras duas novas presenças enriqueceram o Encontro: Sérgio Columá e Walter Curi. Sérgio era mais ligado ao pessoal da Correa de cima (Catete) e Walter, à Correa de baixo (Flamengo). Ambos relembraram histórias, inclusive de como se conheceram, e deixaram claro para todos nós a felicidade de estarem ali, naquele momento. Assim como Gaguinho, Walter Curi estava afastado da turma por mais de 20 anos e reside agora, com sua família, em Jacarepaguá. Sérgio, que ainda mora na Glória, é uma figura mais fácil para os que residem pela área, mas para outros, como eu e Dellaney, que moramos na terra de Araribóia, já não o víamos por mais de uma década.
Mário, um dos mais constantes em nossas reuniões, irmão do Frango Del Macumba, Vice-Presidente eleito da Confraria, e que comandou o som ambiente, apareceu com o pé engessado, de muleta, e afirmou que viria de qualquer maneira. Outro exemplo que muito nos emocionou.
Soninha e Érika representaram a ala feminina. Em menor número mas não menos importantes para nossa história. Sonia e Falcão, hoje apenas amigos, foram casados e são pais de uma linda menina. Érika e Byra vivem juntos por quatro anos, depois de uma amizade de quase trinta anos.
Jorge Luiz Cachórros e Marquinho Cabeça estão com ares de mais velhos. Cabelos brancos e uma extensa calvície lhes dão uma aparência de mais idade do que realmente possuem. O mesmo acontece com o Betinho PQD e sua barba totalmente cerrada e branca.
Amaro e Moita, ambos da Correa de cima, fazem parte do núcleo mais constante em nossos Encontros. Sempre presentes, seus sorrisos sinceros são símbolos de nossa alegria e de nossa união.
Com suas testas cada vez mais longas, Chiquinho e Zé Franguinho, dois craques na bola e na amizade, representam a geração saúde. O primeiro é professor de tenis e tem na família campeãs nacionais de um esporte que não era comum entre nós. O Zé continua com sua eterna preocupação de manter o corpo em forma, principalmente o tanquinho abdominal, que está cada vez mais parecido com uma máquina de lavar.
Vieira e Dellaney representavam um pequeno núcleo de oposição à atual (e permanente) Diretoria e que virou purpurina. Vieira, após intensas negociações, aceitou o cargo de Vice-Presidente para Assuntos Aleatórios e o Della continua como membro do Conselho, presidido pelo Byra, irmão do Presidente.
Mascote da reunião, em sua primeira participação, Cláudio Qualira, ou Qualirinha, como era chamado, é filho do grande e saudoso Qualira, um amigo de nossos pais mas que apesar da diferença de idade, participou de forma ativa em nossa turma. Um “merdífaro, bostífaro, cagonífaro”, como gostava de nos chamar.
E não poderíamos fechar este Encontro, sem fazer referencia e agradecer ao amigo, Betinho Chahaira, que pouco antes do encontro fez questão de enviar uma mensagem de solidariedade e lamento por não estar presente, e também a Kibe, Derzemar e Cecé, que de forma pontual, às 21 horas, se fizeram presentes com telefonemas diretos, onde foi possível reduzir a expectativa de décadas de separação.
Diante dos fatos narrados, não há como negar a importância deste nosso Encontro de 2008. A presença física de amigos que não se viam por mais de vinte anos, assim como dos telefonemas de outros que ainda não os revemos por igual período, mas que sabemos estarem firmes e fortes, geram "tantas emoções" que nem Roberto Carlos saberia melhor expressar.
E assim como o Byra postou para nós, ressaltamos os versos de Miltom Nascimento: “Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar...”, e que esse Encontro seja para breve, e sempre melhor a cada ano que passe.
Um beijo, e um drink, no coração de cada um.
J Drinks