domingo, 22 de outubro de 2017

Uma grande emoção



E
moção, talvez seja a melhor palavra para descrever um encontro inesperado que valorizou em muito essa nossa viagem.
Como tem sido nos últimos anos, eu e Raphael, meu filho, viajamos em suas férias para assistir um jogo do Fluminense e conhecer um pouco da cidade onde ocorre a partida. Desta vez a partida escolhida foi contra a Chapecoense, na Arena Condá, na cidade de Chapecó, no oeste de Santa Catarina.
Chapecó é uma cidade moderna, planejada, e considerada a capital brasileira da agroindústria. Segundo informações em seus folhetos turísticos, possui cerca de 185 mil habitantes, e é a sexta cidade mais populosa de Santa Catarina. No Brasil encontra-se entre as 20 cidades de melhores condições de vida para se morar, o que é fácil constatar ao andar em suas ruas. Um povo educado, alegre, e pelo que vimos, a cidade inteira parece torcer pela Chape.
As ruas são largas, limpas, bem sinalizadas, com diversas rotatórias e poucos sinais, porém o pedestre é sempre respeitado e com preferência nas travessias.
Depois de uma viagem um tanto cansativa, com escala em Floripa, chegamos na sexta-feira, na parte da tarde e aproveitamos o dia chuvoso para descansar.  
No dia seguinte, sábado, mais chuva, e a melhor opção foi dar um passeio no shopping, onde dei uma volta num simulador de corridas que não conhecia e foi uma sensação incrível. Se não fosse uma “pequena derrapagem” na primeira volta, teria chance de pódio, segundo o narrador da corrida, Muito maneiro.
Em seguida almoçamos e fomos dar mais um reconhecimento pelo local antes de voltarmos. No meio do caminho um pequeno aglomerado em frente à Livraria. Era o lançamento do livro de Neto, zagueiro da Chape, sobrevivente ao desastre do ano passado. Não podíamos deixar de dar uma passadinha no local.
Uma fila razoável, todos com o livro na mão, e Neto, sentado numa banca, era só sorriso e simpatia. E uma forte dose de emoção nos contagiou. Eu, não sei se por acaso, vestia a camiseta da Chape com a inscrição da Corrêa Dutra, que fizemos em respeito e homenagem à própria Chape, em nosso 18º Encontro, no dia 2 de dezembro, poucos dias depois do trágico acidente.
Foi realmente uma situação irresistível. Nós tínhamos que estar com ele. Mostrar para ele nossa singela homenagem mas que representava todos os corações unidos de nossa turma que uníamos em nossa fé pela melhora dos heróis sobreviventes, entre eles, Neto, que estava agora junto a nós.
Fomos para a fila. Comprei o livro e esperamos nossa vez. Invariavelmente todos comentavam o acontecimento, e mais ainda a condição daquele cara cordial, pronto para autógrafos e fotografias, que nada parecia com um sobrevivente de um grande desastre aéreo, quase um super-homem para nós.
Não demorou muito e chegou a nossa vez. Como não poderia deixar de ser, Raphael, que vestia um casaco do Fluminense, foi logo notado por Neto, que o cumprimentou e de imediato avisou que a Chape não podia perder o jogo. Virou-se para mim e mais uma vez a emoção bateu forte. Mostrei a ele a camiseta com a  data e a inscrição da Corrêa Dutra e expliquei para ele quem somos. Ele ficou impressionado quando comentei sobre nossos Encontros e nossa amizade por mais de cinquenta anos. Contei com mais detalhes sobre a homenagem nas camisetas e nossa fé pela recuperação dos sobreviventes, onde ele estava certamente incluído.  Foi a vez de Neto deixar claro a sua emoção. Se disse impressionado, e nos deixou como lembrança e reconhecimento, não somente seu autógrafo no livro, mas também em nossa camiseta, que não é só minha mas de todos nós da Confraria da Corrêa Dutra.
 
Valeu a pena. Como disse no início, não sei se foi por acaso, mas o fato de estar naquele local, com uma camiseta feita não somente para homenagear, mas acima de tudo para unir nossas mentes e corações na fé pela recuperação dos sobreviventes, foi uma das grandes emoções que eu e meu filho, passamos em nossas vidas.

Resultado do jogo? Não sei, o jogo ainda não começou...