quinta-feira, 12 de abril de 2012

Os sabores da Mulher

 


Bom dia!

Já que a Cecé trouxe o assunto do Jiló, façamos as correlações existentes no dia a dia de nossas vidas e comum.
Como vocês sabem, agora é moda, toda cachorrona ter apelido de alguma coisa comestível. É mulher com sabor de todo o jeito, ou melhor, de todo gosto e pra todo gosto.
Daí, me lembrei de uma música do Dicró, que retrata bem este momento tão gastronômico.
Ah! Por razões óbvias, que dizem respeito a estética e linha editorial do blog Cozinhando com Amigos, esta música (letra) não será publicada lá.
Façam seus comentários, para nosso blog!




Os Sabores da Mulher
Dicró

Gosto não se discute
Está na hora de provar
Os sabores da mulher
Que agradam ao paladar

A mulher lagosta é uma coisa que alucina
Só come quem tem dinheiro pois lagosta é coisa fina
A mulher caviar só se conhece de nome
A gente ja ouviu falar mas o rico é quem come
A mulher bacalhau com seu cheiro especial
Se come uma vez por ano, lá por volta do natal
A mulher camarão gostosa de saborear
Tem titica na cabeça mas é boa pra danar

É...é..saborosa essa mulher (2x)

A mulher kibe do harém do mustafar
Sendo árabe de origem, vou comendo devagar
A mulher sushi se come com delicadesa
É preciso dois pauzinhos para comer a japonesa
A mulher pizza o motoboy entrega em casa
Ela chega um pouco fria, mesmo assim tu manda brasa
A mulher pão de forma é sem graça e bem quadrada
Se você não comer logo, com o tempo está mofada

É...é..saborosa essa mulher (2x)

A mulher marmita é o rango do operário
Requentada não tem jeito é de acordo com o salário
A mulher mocotó deixa o velho feito rocha
Mais barato que o viagra e o coroa nunca brocha
A mulher frango assado cheira longe pode crer
Temperada e com farofa, ja vem pronta pra comer
A mulher hot dog sempre tem algum recheio
Ela leva o catchup e a salsicha vai no meio

É...é..saborosa essa mulher (2x)

A mulher jiló é amarga mas se come
Se não tiver outro jeito, pelo menos mata a fome
A mulher chuchu sempre dá o ano todo
No mercado ou na feira, todo mundo passa o rodo
A mulher picolé pode ser de qualquer fruta
Refrescante e geladinha você lambe, lambe e chupa
A mulher miojo é bem facil de fazer
Pois somente dois minutos ja está pronta pra comer

É...é..saborosa essa mulher (2x)

A mulher cajú tem castanha pendurada
E somente o ronaldinho, não desconfiou de nada
A mulher goiaba é gostosa 100%
Como de qualquer maneira, mesmo tendo bicho dentro
A mulher moranguinho vermelhinha de arrasar
Sempre antes de comer, acho bom você lavar
A mulher melancia com um bundão de tirar o chapéu
Mexendo daquele jeito eu dou o créu créu créu créu créu

É...é..saborosa essa mulher (2x)

A mulher churrasquinho no espeto é um barato
Pensando em filé mignon, já comi carne de gato
A mulher x-tudo não tem arrependimento
Ela pede bota tudo, ela quer com tudo dentro
A mulher buchada de bode coisa boa do nordeste
No forró é arretada, mulher cabra da peste
A mulher rodízio haja carne para escolher
Você fica entupido mas não para de comer

É...é..saborosa essa mulher (2x)

A mulher chimarrão só quem gosta é o gaúcho
Com o frio lá do sul, logo o pinto fica murcho
A mulher vatapá é carregada no dendê
E o bahiano devagar não tem pressa de comer
A mulher pimenta quando eu como me acabo
Queima a boca quando entra, na saída arde o rabo
A mulher limão é azeda e invocada
Chupa sem fazer careta se não vai levar porrada

É...é..saborosa essa mulher (2x)

A mulher rabada você come com paixão
Lambe os beiços e come o rabo com batata e agrião
A mulher cebola você pega a qualquer hora
Quando parte pra comer, não tem jeito você chora
A mulher cafézinho de mercado você prova quando passa
Não faz questão de comprar, mas pega porque é de graça
A mulher cachaça doida como ela só
Depois da terceira dose, solta até o fiofó

sábado, 7 de abril de 2012

A Praia do Silêncio – aventura insquecível.

S
ão três anos e meio de Drinks&Kibe.  Por aqui já passaram várias histórias, pedaços de nossas vidas, com lembranças diversas e até a torcida pela incrível recuperação do mano Byra.  Aliás, uma vitória que completa hoje 241 dias e podemos dizer que a seqüela maior é a mobilidade parcial do braço esquerdo e a dor no ombro que não passa, e tudo indica que infelizmente ele vai ter que conviver com isso.
Byra não reclama. Reconhece que depois de tudo que passou, pode se considerar um privilegiado. E não é só ele, todos nós estamos agradecidos, e continuamos a torcer por sua melhora.
E para comemorar a Páscoa de 2012, ou melhor a Semana Santa, dias tão esperados para uma folguinha, tanto na escola quanto no trabalho, vamos nos lembrar daquele que se não foi o melhor, com certeza foi o mais emocionante de nossos acampamentos.
1972, exatos 40 anos atrás, e parece que foi ontem. O local escolhido, a deserta e pouco conhecida, na época, Praia do Silêncio, que hoje é a bastante conhecida Praia do Sossego, uma prainha encravada entre Camboinhas e Piratininga.
Roberto Azulão já tinha acampado por lá com um grupo pequeno mas a idéia agora era fazer um super acampamento.  E foi o que aconteceu.
Os preparativos eram feitos principalmente pelo próprio Roberto, pelo versátil Jhonny (ou Jonnhy, nunca sei o certo), que na época estava fora das grades, além do André, saudoso amigo, e um pouco de cada um de nós.
Dessa vez até algumas meninas confirmariam o convite, o que não era muito comum naquela época. Iluska, Alana  e duas outras meninas, que me desculpem, não lembro os nomes, se juntaram  aos 19 rapazes para a aventura do outro lado da poça, como falávamos naqueles bons tempos.
A grande preocupação nossa era a chuva. Para nós, a semana santa era sempre sinal de chuva e dessa vez não seria diferente. No entanto a disposição era maior e além de tudo estávamos com o “Tenente” Jhonny, conhecedor profundo das técnicas de acampamento e sobrevivência em qualquer lugar,  como ele não cansava de falar.
Não existia a ponte e fomos todos de barca. Uma viagem muito alegre com cantorias e até ambulantes vendendo a famosa pomadinha japonesa.
O que a maioria não sabia era que ao chegarmos em Piratininga, tínhamos literalmente uma pedreira para escalar.  O morro era, e ainda é, bem íngreme, mas o pior era a descida para a praia, pois a trilha era bem estreita, colada no penhasco e todo o cuidado era pouco.
Além de Jhonny, e sua duvidosa experiência, contávamos com o apoio de Roberto, marinheiro, Clerton, o Xin, que tinha servido na aeronáutica, e Rogério e Betinho PQD, que estavam na ativa do Exército.
Se a subida não era tão ruim, a descida era realmente um desafio. As meninas tremiam de medo e já se mostravam quase arrependidas na aventura.  Uma corda foi amarrada para facilitar o acesso e o mais incrível é que depois descobrimos que o local escolhido era uma moita de capim alto que com um puxão mais forte teria soltado e levaria junto quem estivesse por ela amparado.
Conseguimos chegar na praia. Todos sãos e salvos e prontos para a primeira grande tarefa do dia: armar as barracas, no sentido literal, claro. Duas grandes, uma para os rapazes e outra para as meninas. E uma barraca menor para os mantimentos.
Tarefa para os mais experientes.  Para os demais, a exploração do local. Logo descobrimos uma caverna, transformada numa espécie de banheiro privativo,  com prioridade para as meninas, como não poderia deixar de ser.
E como todo bom acampamento, tão logo arrumamos a casa, já se pensa na comida. O cardápio era o mais comum, macarrão, salsicha, sardinha em lata, tudo acompanhado por sucos e garrafões de vinho.  Lembro bem que o Ari se agarrou em um deles e não o soltou enquanto não chegou à última gota.

O primeiro dia foi bem tranqüilo e passou rápido. Com o cair da noite, o primeiro problema.  Nossa querida Alana começou a sentir dores na barriga e Jhonny foi o primeiro a analisá-la. Passou a mão para cima e para baixo e diagnosticou como apendicite. E não foi só ele. Outros também correram para ver o que a menina tinha.  PQD, que a namorava de vez em quando, deu uma passadinha mas logo a deixou de lado.  Drinks, amigo bastante chegado, verificou profundamente e achou que não era caso de apendicite.  Outros também tentaram fazer o “exame” mas ela conseguiu se recuperar e sair da crise.  Até hoje ninguém sabe dizer qual foi o mal que a atingiu mas alguns se lembram bem dos famosos exames.
O dia seguinte amanheceu nublado.  O que temíamos parecia acontecer e a maioria, depois do almoço, trocou o banho de mar por um passeio pela Praia de Piratininga, então uma praia bem deserta, bem diferente dos dias de hoje.
Com cuidado redobrado subimos o penhasco e descemos na praia.  Um visual incrível.  Foi pena não existir ainda a máquina digital, pois minha câmera era pesadona e não a tinha na mão.
Passeamos por toda a praia e ao voltarmos começamos a sentir os primeiros pingos de chuva. Passos acelerados e mais cuidados, tanto para subir quanto, principalmente, para descermos aquela encosta, agora debaixo de chuva e com o breu de uma escuridão que assustava até os mais experientes. Com muito esforço e com a ajuda da moita, conseguimos chegar ao acampamento.
Não parava de chover e a maré subia rápido. As meninas choravam e tentávamos acalmá-las. O vento aumentava e a nossa barraca não resistiu. Fomos todos para a das meninas quando alguém deu a feliz idéia de irmos para a caverna, lá teríamos mais espaço além de ser um lugar mais alto e aparentemente mais seguro. A água não parava de subir e para lá fomos todos. 
Então sentimos a falta de alguns de nossos companheiros. Byra, Zé Kley e Abacaxi não estavam entre nós. Eram os mais jovens e caminhavam com a gente em Piratininga. Nós chegamos na frente e me lembrei que fui um dos últimos a descer, porque fiquei exatamente na moita onde a corda estava amarrada para ajudar principalmente as meninas que estavam apavoradas com a escuridão e a chuva.  Aliás, os raios nos ajudavam a andar, pois clareavam bem a nossa trilha.  Na verdade o que mais assustava eram os trovões, sempre fortes e pareciam cada vez mais pertos.
Na caverna, sentamos junto com os “marinheiros” do almoço, alguns ainda frescos e com cheiro forte. Anterão pedia que rezássemos e eu, Santa e Clerton preocupávamos cada vez mais com nossos irmãos que não chegavam.  Sabíamos no entanto que seria muito difícil, naquele momento, a descida para a praia, e como notícia ruim chega logo, tentávamos acreditar que eles estariam bem.
Num gesto heróico, e sempre lembrado por todos nós, Rogério e PQD, debaixo do temporal, subiram o morro e foram até o outro lado da praia.  Nesse momento, ouvimos um grande trovão, bem em cima de nossas cabeças, e eu e outros que estavam sentados na água, recebemos um pequeno choque nas nádegas.  Foi o suficiente para uma correria para a praia.
- eu não disse para rezarmos.  Dizia Antero apavorado com a situação.
A chuva ainda caia quando chegaram Rogério e PQD com a informação que não acharam ninguém. Não tínhamos nada a fazer senão esperar o amanhecer.
Com menos vento e o mar mais calmo, fomos todos para a única barraca em pé, a dos mantimentos. Sei que alguém sentou no açúcar e ficou bem melado. Outros se apertaram que até dormiram. Alguns, como eu, viram o dia amanhecer.
Amanhece sem chuva. A maré desceu e não temos alternativa, arrumar o que sobrou e voltarmos para casa.  Eu, Clerton, Rogério e Santa, preocupados com os garotos, nos preparávamos para uma nova busca quando ouvimos gritos da encosta. Chegam alegres e faceiros, Byra, Zé Kley e Abacaxi, todos bem dispostos, perguntando como tínhamos passado a noite debaixo daquele temporal.
Foi uma sensação incrível. A vontade de abraçá-los era grande, quase tanta quanto a de dar uma porrada em cada um. Mas passado a euforia pedimos para que explicassem o que tinha acontecido.
- vocês estavam bem na frente quando nós começamos a subir o morro. De repente tudo ficou escuro e chovendo.  Confesso que estávamos com medo, quando alguém nos chamou.  Era um senhor, gente muito fina, que mora numa casa, no alto do morro, que ouviu nossa história e não deixou que seguíssemos em frente pois com aquele tempo dificilmente conseguiríamos descer. Disse o Byra.
E completou Zé Kley:
- ele nos deu um chocolate quente, conversamos um tempão e depois ofereceu um lugar para deitarmos e dormir.  E vocês? Aconteceu alguma coisa?
- não, nada demais, apenas um temporalzinho, mão na merda, choque na bunda e sem dormir pensando em vocês...
O fim do passeio foi o rescaldo pelas coisas perdidas.  Achei minha mochila enterrada por causa de uma de suas alças. Comida, nem pensar.  Só nos restou guardar o que salvamos e voltarmos para casa. Uma aventura realmente inesquecível. 
Algum tempo depois viemos a saber que nas noites de temporais, como aquele, é comum a maré subir e inundar inclusive a caverna. Papo suficiente para suspendermos os acampamentos no local, tão belo e bem mais perigoso do que sabíamos, apesar dos amigos tão experientes que nos levaram para essa incrível aventura.  Valeu !