quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Bons Amigos



BONS AMIGOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.




Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Machado de Assis

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O nome dele é ... JONNHY


Impossível termos um ‘blog’ da Corrêa Dutra sem citarmos o inesquecível personagem JONNHY, ou João Paulo Medina Barbosa, o neto de D. Iracema, morador do “30” e responsável por histórias impagáveis e merecedoras de um livro de aventuras.

Careca, olhos azuis, baixo e atarracado (devido a uma deformação física de nascença – “corcunda”), inteligentíssimo e um mentiroso crônico, são características próprias desse personagem único que veio a tornar-se um verdadeiro mito.

Jonnhy viveu um mundo de fantasias; um mundo próprio no qual não havia limites e que a ele tudo era permitido. Órfão de mãe, filho de militar, cedo perdeu o pai e foi criado pela avó. Possuidor de uma deformidade física - fato que o incomodava, mas que ele disfarçava o complexo e fingia aceitar como normalidade – tinha como contrapartida uma inteligência privilegiada. Enquanto conviveu com o pai, estudou no Pedro II e levou uma vida que podemos chamar de normal, convivendo com seus complexos e conseguindo acalmar seus demônios interiores. Entretanto, a morte do pai, a quem era muito ligado, causou-lhe uma radical mudança de vida e o fez liberar toda a raiva do mundo que, em sua cabeça, insistia em maltratá-lo.

Daqui em diante a história toma o rumo de outras tão iguais: de pequenas transgressões, passou a golpes mais ousados, aperfeiçoou-se no estelionato, envolveu-se com gente perigosa e foi assassinado à luz do dia.

Seria a história comum de diversos outros contraventores, mas não é. Como disse no início, Jonnhy tornou-se um ‘mito’ ainda em vida. Cada morador da Corrêa Dutra, quiçá do Flamengo e adjacências, terá sempre uma ‘história’ prá contar envolvendo esse personagem que mesmo tornando-se ‘perigoso’ conseguia ser amado pelos amigos.

Só fiz a apresentação, com o fito de resgatar a sua memória, na certeza que a partir de agora as histórias aparecerão e àqueles que só conheciam o ‘mito’ superficialmente, ou que somente ‘ouviram falar’ de suas histórias, ficarão encantados de saber que ele existiu realmente.

Que venham as histórias de Jonnhy.

Byra


Capítulo I - Brincadeira de criança

Em qualquer roda de nossa confraria, a qualquer tempo, Jonnhy sempre foi e será lembrado. Seus feitos são muito mais que simples histórias, são na maioria fatos incríveis e verídicos, em que muitos de nós não fomos somente testemunhas, mas também personagens ativos.

Quando falamos em feitos, fatos e acontecimentos, tudo se mistura nas histórias contadas por ele, pois sua capacidade de criação, ou de mentir, era incrível, e mais incrível é o que víamos acontecer.

Para não perder o fio da meada, vamos iniciar com uma pequena historinha, uma brincadeira de criança, do tempo em que brincávamos de bandido e mocinho.

Jonnhy gostava de ser o bandido. Era talvez o mais velho da turma. Se não me engano, nasceu em 1950, e pela diferença de idade ele às vezes participava de brincadeiras mais infantis para tirar uma certa onda com o grupo. Sua baixa estatura o fazia parecer que era mais novo, e isso o ajudava a se misturar com turmas de idades variadas. No futebol arriscava pegar no gol, mas por motivos óbvios, não era bem sua praia.

Nessa época de poucos lugares disponíveis, a rua era nosso “play” e no 30, uma área nos fundos, de acesso restrito, era nosso campo de futebol e também de batalhas e outras coisas mais que rolaram ao longo dos anos. E numa dessas tardes rolou um bandido e mocinho e o Jonnhy estava na área. Ele chegou para o grupo e foi logo avisando que era o bandido e que iria pegar sua arma. Cada um com seu revolver. Uns com modelos mais acabados, prateados, barulhentos e outros com modelos mais simples. Me lembro que eu tinha um conjunto do Zorro, com cartucheira de couro e tudo mais.

Grupo dividido. As regras eram simples, apontar e atirar, difícil era alguém aceitar que tinha sido atingido. Bandidos escolhidos, os heróis iriam caçá-los. As confusões eram naturais, mas tudo se resolvia. Quando todos se preparavam para o início do jogo chega Jonnhy. Com as mãos para trás, reune a garotada e apresenta sua arma. Na época eu não sabia o que era um “32” ou “38”, e confesso que não me lembro do calibre, mas com certeza todos nós sabíamos que o dele era diferente do nosso. Pesado, mal conseguíamos segurá-lo com firmeza e ele, ao contrário, parecia dominá-lo com certa facilidade. Nos bolsos trazia “balas”, sim, balas de verdade, intactas e mostrou-nos como carregar o revolver. Não deu certo, a brincadeira acabou sem iniciar, muita conversa, medo, receio e explicações a respeito da arma por um garoto pouco mais velho do que nós, mas que já mostrava ser diferente. Ele queria continuar a brincadeira, e até mesmo dar uns tiros no muro, mas prevaleceu, por mais incrível que possa parecer, um bom senso na turminha que não o deixou fazer.

Fomos embora e não me lembro de outro bandido-mocinho que o Jonnhy tenha participado, mas com certeza foi essa a brincadeira que norteou sua vida, entre a fantasia e a realidade.

Drinks

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Casos e Acasos do Velho Derze - vol I

Meus caros

Derzemar, o Velho Derze, que faz jus à sua jeriássica figura, nos brinda com alguns comentários que merecem ser destacados. São pequenas histórias, com h, como faz questão de frisar, que nos levam a viajar no tempo.
E essa carona, segundo ele, é apenas a ponta de um iceberg, pois em seu baú de memória ainda tem muita coisa para contar e já avisa que algumas passagens “mais quentes”, escondidas, também serão contadas pois o tempo já as liberou para o acesso popular.
Agora, para o deleite de nossa confraria, o Volume I dos “Casos e Acasos do Velho Derze”. Reparem que ele se coloca bem à vontade para contar suas histórias, um exemplo para todos nós:

“bom-dia ,meus nobres amigos.....chegando , agora , em casa , completamente,bebum, coisa rara , se tratando de minha pessoa.mas ,hj ,foi um dia , muito especial.....(sem detalhes)...vamos aos fatos......lembro-me , que a uma certa época, estava retornando , de algum lugar(não sei precisamente daonde), e era dia de feira ,na tradicional rua.resolvemos , colocar o carro ,na tavares bastos.(não sei de quem era o carro.)só , sei ,que encontramos o ALEX(GRANDE BOTAFOGUENSE), DESCENDO.RESULTADO ...TODO MUNDO SUBIU NO CAPOT DO CARRO , E O ALEX , resolveu descer assim mesmo.não passamos de 10 metros. demos de cara com o camburrão, subindo....todo mundo alcoolizado, e falando ao mesmo tempo.pediram ,para entrar no carro , e descemos a tavares......ponto final da HISTÓRIA.......RS RS RS ...quem se lembrar desta HISTÓRIA , QUE SE MANIFESTI......TEMPOS BONS , AQUELES...........”
2 de Novembro de 2008 02:46

“hj , a minha mente tá fértil.....(deve ser por causa do alcool) r srs rs rs ....niver da irmã de puck...domingo ,dia da feira.todo mundo da rua , foi convidado.- eu, e o frango..(não prestou)...a familia de puck , arrumando tudo para a festa.pois bem.como não fomos convidados , resolvemos ,jogar tomates ,pela janela da sala...qui m....!!!!!acabamos com a festa!!!!!.pessoal , sinceramente , de coração, fico chateado com esta história.mas , sabes como é né...éramos jovens, só pensávamos nas s.......ns....a irmã de puck , que agora foge a mem´ria do nome, ficou hiper chateada conosco .mas , o nosso amigo PUCK ,não....( SABIAS DESTA , EXCELENTISSIMO SR. PRESIDENTE?????”
2 de Novembro de 2008 02:59

“amigos,nunca vi na minha vida , uma pessoa, tão bacana como o nosso saudoso J.GUGU PRODUCTIONS LIMITED.(PARA OS MAIS , CHEGADOS , ZÉ AUGUSTO....ERA O CARA!!!!UM AMIGO ,QUE NUNCA VOU ESQUECER..APRONTAMOS JUNTOS ,MUITAS DOIDEIRAS.......VOU CONTAR ALGUMAS......no final do ano de 1976, para 77 , a discoteca , tava no auge....pois bem.nós dicotecavamos na BARRA DA TIJUCA. ele no FAROL DA BARRA, E EU NA NAU CATRINETA....QUANDO , ACABAVÁMOS , TOMAVAMOS AQUELA SOPA DE ERVILHA , OU DE CEBOLA.EU ,PEGAVA CARONA COM ELE , E NÓS COMPLETAMENTE CRAZY, IAMOS PARA A NOSSA RESIDENCIA.PORÉM, O ZZÉ , ALCOOLIZADO E OUTROS MEQUETREFES, CONSEGUIA DIRIGIR.CARA , EU FICAVA , ABISMADO , COMO ELE CONSEGUIA FAZER AQUILO.PARAVA NO SINAL, OBEDECIA AS LEIS DO TRANSITO....E EU ,PUXAVA CONVERSA , E ELE VIDRADO NA FRENTE, SÓ SACUDIA O PESCOÇO.....EU RIA , E ELE FICAVA P..O.......QUE O SENHOR , O TENHA EM UM BOM LUGAR..AMIGO INESQUECÍVEL ,PARA MIM , ETODOS OS COMPANHEIROS , DO DIA DIA ....SAUDADES ZÉ!!!!!!!”
2 de Novembro de 2008 03:25

“outra história do nosso saudoso , inesquecível ZÉ AUGUSTO......VOLTANDO , ALTAS HORAS , DA DISCOTECA , RESOLVEMOS , DAR UMA PASSADINHA NO GORDON.(VC SE LEMBRAM)?/?POIS BEM ....FIZEMOS UM LANCHE, E FOMOS POR COPA.TAVA CHOVENDO , E TINHA PESSOAS NO PONTO DE ONIBUS...EU ,NA MINHA SACANAGEM , PEGUEI UMA CAPA DE CASSETE, E FALEI PARA O ZÉ , PASSAR JUNTINHO DAS PESSOAS NO PONTO.PRA QUER////???O ZÉ , JÁ SABIA QUE EU IA APRONTAR.ELE PASSOU , E EU ,RAPIDAMENTE , SAQUEI O CARTUCHO DO CASSETE , E COLOQUEI PELO LADO DE FORA E GRITEI!!!!!MÃOS AO ALTO!!!!!. TODO MUNDO SE JOGOU NO CHÃO...E FOMOS EMBORA.FOI O DIA QUE NÓS , RIMOS ATÉ CHEGAR EM CASA.......SAUDOSO AMIGO.....A.” 2 de Novembro de 2008 03:34

“AMIGOS , AGORA VOU DESCANSAR(ASSIM ESPERO)..0330 DA MANHÃ E A PATROA TÁ NA BRONCA..RSRS RS RS .....ALO SR . PRESIDENTE, GOSTOU DE ALGUNS FATOS , AQUI RELATADOS//////???.....”
2 de Novembro de 2008 03:40

E em resposta ao questionamento final, meu amigo Derze, não há como não gostar, mas como no título, entendemos que estas são apenas as primeiras, aguardamos o segundo volume. Tome uns drinks por nossa conta que temos certeza que a inspiração será maior.

Drinks & Kibe

sábado, 1 de novembro de 2008

Aos Amigos da RUA CORREA DUTRA

O Byra sugeriu que eu postasse aquele texto sobre a Correa Dutra, que foi distribuído uns dois ou tres anos atrás em um de nossos Encontros. Infelizmente a msg se perdeu junto com várias outras que estavam arquivadas no meu computador. Ele não resistiu e nos enviou um trabalho mais afinado, com novas observações, e com a esperança de que aos poucos a gente possa complementar com alguns destaques.

Muito bom Byra, e traga mais pérolas para nós.

"Hoje a reconhecemos como uma só, a nossa velha e acolhedora Rua CORREA DUTRA. Local onde passamos nossa infância, adolescência e juventude. Onde brincamos, crescemos e sedimentamos amizades que já duram quase meio século. Quando jovens, reconhecíamos duas Correas: a “Correa de Baixo”, parte da rua que ia do Catete à Praia do Flamengo (nosso carinhoso “Brejo”) e a “Correa de Cima”, que ia do Catete a Rua Bento Lisboa. Era a nossa forma de criar uma amigável ‘rixa’ motivadora para as disputas de futebol (Sede Velha x Vera Cruz), churrascos nas calçadas, batucadas e serenatas. Mas nunca houve uma rivalidade real, a ‘turma’ era uma só. E assim permanece até os dias de hoje.
Interessante é que em nosso subconsciente, sempre tratamos a nossa Correa como uma verdadeira ‘princesa’, sem saber que ela já possuíra esse título de nobreza em seus antigos nomes. Nossa praia era o ‘brejo’ e o local de encontro era em frente a nossa ‘princesa’. Involuntariamente desprezávamos Copacabana, permanecíamos fiéis a nossa princesa. Digo isso porque pesquisando sobre a gênese de nossa rua, colhi a informação de que ela teve vários nomes: “Rua do Valdetaro”, depois se chamou “Rua Bela Princesa”, ou “Rua da Princesa do Catete”.
Inclusive houve uma época de dissidência, em que a “Correa de cima” tornou-se, temporariamente, independente e trocou o nome para “Rua Nova de João da Cunha”. Na república, a “paz” foi restabelecida, e com a nova fusão, a união das ruas recebeu o nome definitivo, “Correa Dutra”.
Unificada, está localizada no bairro do Catete, segunda transversal de quem vem da Glória em direção ao Largo do Machado e seu nome homenageia o Dr. Francisco Correa Dutra, político municipal e médico militar, que, por volta de 1890, ajudou a combater uma epidemia de febre amarela na região de Campinas SP e sempre se preocupou com a população mais necessitada.
Existem placas na rua, que grafam "correia", como por exemplo, as placas na esquina com a Praia do Flamengo; de um lado, "Correa", de outro, "Correia" Dutra, algo que não nos confunde, pois nós a reconhecemos não pelas placas, mas pelas felizes lembranças.
Podemos nos vangloriar por termos sido vizinhos de moradores importantes: o Visconde de Abaeté (Sr. Antonio Paulino Limpo de Abreu, português de Lisboa e que tem rua com seu próprio título no Bairro de Vila Isabel, a rua onde fica o famoso bar e restaurante Petisco da Vila); Joaquim Nabuco, (Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo ele morava na esquina com a atual Praia do Flamengo); Batista Júnior (compositor, humorista e ventríloquo, pai de Linda, Dircinha e Odete Batista); Sergio Murilo (expoente da Jovem Guarda); Ed Maciel (músico e arranjador e Band leader como se costuma denominar os grandes líderes das bandas jazzistas, de uma orquestra que animava os grandes bailes nas noites cariocas); Gentil Correia (pintor de marinas e um dos primeiros expositores na Feira Hippie de Ipanema); Carlos Vereza (consagrado ator de teatro e novelas); Geraldo (baterista do conjunto O Terço);
Dennis Gray (coreografo e bailarino que durante 60 anos foi presença marcante no Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro), Geraldo Cavalcanti (carnavalesco das Escolas de Samba União da Ilha (1984) e Portela (1987)), entre outros que agora não recordo.
Durante 30 anos morou no número 73, apartamento 404, o cantor e compositor Anísio Silva, autor de canções inesquecíveis como "Tudo Foi Ilusão" e "Sonhando Contigo". Tornou-se conhecido como “O Rei do Bolero”, após a incrível façanha de ficar em primeiro lugar nas paradas de sucessos de todo o Brasil de 1959 até 1965; vendendo cerca de dois milhões de cópias por disco! Foi o primeiro brasileiro a ganhar o disco de ouro; Morreu dormindo em seu apartamento em 18 de fevereiro de 1989.
Nela, no antigo número 131 foi fundado o "Rancho" (espécie de bloco carnavalesco) mais famoso da história, o “Ameno Resedá”, que contava, entre os seus admiradores, com o escritor Coelho Neto e disputava folia com outros "Ranchos" como A Flor do Abacate. E por ela desfilaram diversos “cordões” e “blocos de cordas”, precursores dos atuais Blocos Carnavalescos.
O cronista João do Rio, em seu artigo “A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS”, consegue, em poucas palavras, transmitir a nossa relação sentimental com esse lugar, tão rico em nossas lembranças: “Balzac dizia que as ruas de Paris nos dão impressões humanas. São assim as ruas de todas as cidades, com vida e destinos iguais aos do homem."

Byra