quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Meu corpo dói (Betinho PQD)

Vamos iniciar dando os PARABÉNS para os aniversariantes de setembro, mês do início de nossa muitlouca Primavera, estação com chuva e sol, calor e frio, às vezes tudo no mesmo dia.

Mês especial para a turma do Dellaney e de outros amigos. São eles:

                03 – Laura, Humberto e Helena (filhos Dellaney)

                05 – SIMONE

                09 – Karina (filha Qualirinha)

                11 – Lívia (filha Dellaney)

                14 – RENATO RIVELINO

                19 – Sandra (esposa Dellaney)

                20 – Sonia (esposa Drinks)

                21 – JUIRA

Em especial:      11 – PQD FDP        (aniversário mensal

E agora chegamos em outubro, e os PARABÉNS para nossos amigos outubrinos:

               04 – TUTA

                05 – SÉRGIO MOITA

                06 – DUCLISTEI

                07 – ROSE

                07 – SANTALUCIA (in memoriam)

                07 – ALEXANDRE PENINHA

                11 – PQD FDP

                13 – PAULO GODÁ

                13 – ARON (filho Boiadeiro)

                16 – AMARO

                21 – EUDES XIBUNGO

Mês bem recheado, e vamos destacar nosso querido UBERTO OLSEN, conhecido por nós como BETINHO PQD, PQDFDP, ou também como PQD COCÔ DE AVIÃO, o cara que, segundo o próprio, faz aniversário todos os meses, em especial para o colorido mês primaveril de outubro.

E para conhecer melhor essa figura que chegou na Correa Dutra meio de mansinho, em seu Karman Guia vermelho, na época de sua incorporação no exército, mais exatamente no pelotão de paraquedistas, nosso querido Charuto, que o conheceu bem depois, fez a seguinte observação a seu respeito: 

-  UBERTO OLSEN, é reconhecido pela inteligência aguda, pela intenção clara e pelo discernimento maduro. Privilégio de poucos. 

E depois de tantos anos de convívio, até hoje ele nos surpreende com suas histórias, inclusive em relação à sua origem, já que sempre teve um perfil conservador em relação à família.

Então veio a ideia de fazer     uma entrevista, com o objetivo de tirar o véu deste camarada e mostrar para os amigos um pouquinho de suas histórias, mas sem a intenção de mostrar tudo, pois aí certamente teríamos que fazer um livro, e de muitas páginas. Vamos nessa.

D & K: - Seu nome?

PQD: - Uberto Fernandes Lage

E nem começamos a entrevista, já veio à tona uma primeira história, pois sempre soubemos que o nome do PQD era Uberto Olsen, um nome que por si só já era um pouco diferente, mas não tanto quanto imaginávamos.  E com aquela risada, que é uma de suas características, resolveu nos contar uma espécie de segredinho familiar que ele nunca nos tinha falado.

PQD: - Nasci na Policlínica do Estado da Guanabara, no Centro do Rio, dia 11 de outubro de 1952, às 17h, registrado como Uberto Fernandes Lage, mas tive a certidão alterada para Uberto Fernandes Olsen.

São mais de 50 anos de amizade e era a primeira vez que ele comentava sobre este assunto, e pelo visto ainda tinha muita coisa para contar.

PQD: - Minha mãe casou... anos mais tarde... com Ronald Olsen.

PQD: - Ela se separou do Ronald anos mais tarde.

PQD: - Por volta de meados dos anos 70 ela resolveu me contar essa história da troca dos nomes e da certidão original.

PQD: - Ela casou e fez uma nova certidão para afrontar meu pai biológico... que se chamava Uberto Diniz Lage.

PQD: - Assim que eu achar a certidão original eu mando foto pra vc

PQD: - Ela chegou a tirar uma 2ª via,  em um cartório de São Cristóvão... e me deu

PQD: - Para a justiça, Uberto Diniz Lage é dado como desaparecido.

Neste ponto eu já estava meio sem folego. Como esse cara guardou isso de seus amigos? E prosseguiu, parecia que finalmente ele estava se apresentando para nós.

PQD: - A Ana me ajudou, e convenceu minha mãe neste processo de esclarecimentos.

PQD: - Minha mãe chegou a promover um encontro com meu pai biológico. Meu pai tinha um aspecto físico parecido com o seu... com a diferença que o meu não tinha um braço... perdido em um acidente.

Como é uma entrevista sem roteiro, fiquei um pouco preocupado para não me perder logo no início de nossa conversa. O cara estava com a metralhadora ligada e queria falar (escrever) mais.

PQD: - Cheguei na Corrêa através do Anderson... amigo do Roberto Azulão, em meados de 1970.

Parecia que o PQD ia evoluir para a sua chegada na Correa Dutra, mas foi só uma pausa, para continuar os comentários sobre sua família.

PQD: - Quando ele (meu pai biológico) se encontrou comigo, expressou o desejo de me levar para conhecer minha tia, irmã dele que o criou. Ela era a maior fazendeira de café de Vassouras... onde mora a família até hoje.

PQD: - Ele me disse que ela foi a responsável pelo acerto dele me registrar e quem criou meu pai. Ela não tinha filhos e queria me criar... mas minha mãe não aceitou. Eu poderia ter herdado a Fazenda kkkkkkkk.

PQD: - Ufa! Cansei

Em menos de uma hora de conversa, um papo incrível, com descobertas que nunca passariam por nossas cabeças.

D & K: - E você teve novo contato com seu pai biológico?

PQD: - Um tempo depois, Ana se empenhou em encontrar meu pai... aí descobriu que ele foi atropelado na Pres. Wilson... meio mamado... e morreu no meio da rua.

PQD: - Pelo que mamãe contava, ele era Fluminense roxo... um dos fundadores do Bola Preta (saia em todos carnavais no Bloco das Piranhas do Bola e só voltava pra casa na 4ª de cinzas), era mulherengo... gostava de encontrar os amigos pra beber... amigo íntimo de Tenório Cavalcante e Juscelino Kubitscheck. Comunista e chegado a uma corrupçãozinha... se é que me entende rs rs.

PQD: - Depois eu
conto uma passagem que ele e Tenório apanharam do povo quando foram inaugurar uma caixa d'água numa comunidade no Méier

Eu, ou qualquer um de nós, nunca iríamos imaginar que o PQD fez  parte de uma verdadeira novela global. E demos mais um empurrãozinho no seu discurso.

D & K: - Meu amigo, conta um pouco mais sobre isso.

PQD: - Eles inauguraram uma caixa d'água... e colocaram na surdina 2 baldes d'água. Deu merda rs rs r

PQD: - A caixa d'água não tinha conexão com a rede de distribuição de água... só encanamento fake

PQD: - Juscelino... General Lot... Jango... Tenório e Brizola iam lá em casa, no bairro de Botafogo. Tem é história viu?

D & K: - E como tem...

PQD: - Minha mãe tinha história dos bastidores políticos da época.

PQD: - Mamãe era filiada ao PDT, e cheguei a ver Brizola aqui no apartamento de Santa Teresa algumas vezes. O Chefe da Divisão administrativa do Centro era um tal Delmondes que vinha sempre aqui em casa com o Brizola. Esse Delmondes era uma figura... era escarrado aquele cara que fazia aquele político na Praça é Nossa. Inclusive fisicamente e no modo de falar. Eu adorava ele. Uma vez arrumei uma encrenca em um bar de Santa Teresa... perto do Arnaldo. Ele foi naquela delegacia de Santa Teresa e me tirou na hora.

Nossa conversa já tinha umas duas horas e a cada momento vinha uma lembrança e eu tinha que ter o cuidado de não perder o fio. Queria registrar tudo e evitar uma mistura dos fatos e dos tempos. Era uma surpresa atrás da outra.

PQD: - Zé, agora vou comer um podrão no buteco, ou boteco...

Mas ele não resistia em continuar nosso papo.

PQD: - Lembrei... Região Administrativa. Acho que era a 5ª.

PQD: - Minha mãe era a cara escarrada de uma atriz italiana chamada Gina Lolobrigida.

PQD: - Fui...  (para o podrão)

Disse para ele que do jeito que estávamos indo, sua entrevista teria que ser por capítulos. E antes dele partir para o rango, resolvi tirar umas dúvidas em relação à sua chegada na Correa Dutra.

D & K: - Beto, o Anderson que você se referiu era o Mau Mau?

D & K: - Se não me engano você chegou pouco antes de servir, acho q foi no período que estava entrando no quartel, e por isso o apelido de PQD, certo?

PQD: - Não... era um amigo do Roberto.

PQD: - Exatamente, o PQD era porque eu estava no paraquedismo.

PQD: - Esse Anderson serviu no ano anterior ao meu e eu o via aqui pelo Bairro de  Fátima.

PQD: - O que me fixou na turma foi meu namoro com a Alana, ou seja, os responsáveis pela minha fixação na turma foram o Roberto e a Alana.

PQD: - Mas ainda não terminou o capítulo do seu Uberto e dona Cândida rs rs rs.

PQD: - Esses dois eram do cu riscado rs.

Ele estava empolgado, acho que ele esperava por muito tempo uma oportunidade de contar essa história. E continuou no ritmo.

PQD: - E isso é do que eu sei.

PQD: - Do Tenório e seu Uberto tem até tiroteio em Duque de Caxias.

PQD: - Tem o povo correndo atrás deles pra linchá-los.

PQD: - Tem o caso da caixa d'água... onde o povo os deixou desmaiados numa vala de esgoto.

E se ele estivesse ao meu lado iria perceber minha cara de espanto, de surpresa, e também de alegria pela oportunidade de aprender um pouco mais de uma história que a gente não lê nos livros, mas que agora vão ler no blog.  Continua PQD...

PQD: - Eles viviam nos "braços" do povo... se é que me entende kkkkkk

PQD: - A primeira vez que vi os dois pareciam o Capa Preta e o Amigo da Onça rs

PQD: - Meu pai usava aqueles bigodinhos fininhos.

PQD: - Você não faria negócios com eles nem sob tortura no Pau de Arara.

PQD: - Paulo Malluf e Ademar de Barros fizeram escola com tipos como eles ...

PQD: - Tá bão pra cumeçá né?!

Enquanto Beto parecia se divertir, eu ficava cada vez mais ansioso e já tinha a certeza de que nossa conversa era um papo de botequim, e que merecia muitos drinks. E ele não parava de rever o seu baú de memórias. E que memórias.

PQD: - Tem delegados como Juber Baesso... um tal de Diamante... um que esqueci o nome e que era titular na 14ª no Leblon... todos tinham coisas com papai e Tenório e isso me livrou de uma encrenca nos anos 60.

PQD: - Era tudo farinha do mesmo saco ...

PQD: - Acho que os corruptos de hoje não chegam nem perto dos antigos.

PQD: - Quando eu me lembrar do delegado da 14ª DP te informo. Era muito conhecido na zona sul. Tudo da mesma curriola.

Neste ponto eu já imaginava em como apresentar este texto, apenas na apresentação já tinha um recheio de histórias e novidades. E voltamos nossa conversa para a Correa Dutra.  

D & K: - Alana estava se enturmando na Correa e você foi logo a capturando. E gerou um dos casais mais famosos na turma, principalmente pela paixão dela e a sua performance em carinhos mais pesados, certo? Se lembra do irmão dela?

PQD: - Não lembro. Só sei que ele deu um sacode no folgado do Derzemar rs

PQD: - Esse tal de Anderson "ficou" com a Alana em uma festa em Gramacho. E ela tomava uns tapas porque eu era uma grande babaca. Acredito que ela foi a mulher que mais gostou de mim e eu fodi com a vida dela. Triste né?

PQD: - O tempo todo do meu tempo no quartel ela ia lá em casa de noite pra transar comigo e voltava pra casa. No final troquei ela pela despirocada da Ana.

PQD: - Troca mal feita. Se eu mantivesse a Alana, hoje talvez ela ainda estivesse ao meu lado.

PQD: - Eu era um desajustado, sem miolos. Aliás... eu só fui tomar vergonha na cara no século 21. Foram 48 anos de escrotidão.

PQD: - Tô começando a achar que a história de seu Uberto e dona Cândida é mais bonita e interessante rs rs rs

D & K: - E por falar em Alana (minha querida amiga - só isso), algum tempo atrás  me disseram que ela tinha saído do Rio e ido para o interior, e nunca mais se ouviu falar dela, pelo menos na Corrêa.

D & K: - Quanto à história de Uberto & Cândida, pode ser um capítulo à parte, quem sabe a Globo não se interessa?

D & K: - Eu acho que Ana (também uma amiga nossa) tem uma grande importância para você. O tempo nos molda, nos transforma, e mais tarde, quando olhamos para trás, nós julgamos nossas ações daqueles tempos com o que pensamos hoje, e aí podem aparecer as controvérsias.

Tem muita gente que diz que não se arrepende
de nada do que fez, mas eu me arrependo de muita coisa que fiz e de muito que deixei de fazer, por qualquer motivo que seja. E é isso que torna nossas vidas diferentes e interessantes. Temos que viver com intensidade para contar nossas histórias.

PQD: - Exatamente isso amigo. Eu não vejo seu passado com muito do que se arrepender. Você sempre foi um ser humano do bem... e ainda é.

PQD: - Eu ouvia muito, em grupos de meninas que não moravam na Corrêa, que elas achavam a rua que mais tinha meninos bonitos. Eu conhecia mais meninas de outras ruas do Flamengo. Na época eu não dei muita atenção. Mas era uma verdade. Na Corrêa de baixo tinha o famigerado Zé, Byra e seus belos cabelos, Godá, André, Santalucia, Ari, Marcão, Cobro Naja, Barbicha e Léo da Vila. Na Corrêa de cima era uma porrada deles, Vieira, Amaro, Zé Augusto, Kibe, Serginho Moita, Zé Franguinho, Mario, Klerton e Derze, e seus cabelos grisalhos, e mais uns dez que não lembro dos nomes. Tava lembrando aqui. Godá, Léo da Vila e Marcão era de dá raiva kkkkkkk”.

PQD achava que o Léo, com aquele jeitão de surfista, era o garoto mais bonito do Flamengo. E é seu brother até hoje.

PQD: - Léo era um garoto bonito por fora e lindo por dentro. A última vez que o vi foi quando era casado e morava no Leblon, ele apareceu com sua noiva, uma loirinha bonitinha, arquiteta. Casaram e montaram um negócio em Itaipu.

PQD: - Lembro que numa época, eu, Léo e Santalucia, todas as sextas-feiras e sábados, saíamos com Augustinho, em dois carros para as boates, e o pessoal achava q tinha alguma coisa entre ele e o Augustinho. Íamos muito no bar do Manolo e no Marrakeche, no Leblon. A gente gastava muito.

PQD: - O pessoal só parou de falar quando o Augustinho casou.

D & K: - Você foi um dos primeiros papais de nossa turma. Conta um pouco sobre isso.   

- Tenho 6 filhas com 3 mulheres diferentes. A primeira, filha de uma namoradinha, Ana Maria, é Ana Claudia, que nasceu em 1969 e me deu 2 netas e um neto, um garotão bonito igual o avô. Depois casei com a Roberta, que muitos conhecem, e nasceu Tereza Cristina, mãe do Francisco, meu netinho mais novo. Depois veio a Cristina, com quem vivi por cerca de 7 anos, e nasceram as gêmeas, Júlia e Mariana, mãe de Maria, mais uma netinha, Bruna e Rafaela, sendo que estas 4 vivem debaixo das minhas asas. A mais nova (26 anos) se formou em Direito e trabalha na Estácio. E a avó materna das 4 ainda diz que sou um pai omisso.

PQD: - E ainda tem a Cristal... a sonsa safada. É da Mariana e me adotou...

PQD: - Minha mãe dizia que eu não precisaria nem estudar nem trabalhar, pois ela teria dinheiro suficiente para minha manutenção.

PQD: - Fui pai aos 15 anos, e como disse antes, logo depois fui pai novamente e me casei. E dos 28 em diante passei a estudar. Me formei em 90, em Ciência da Computação, e fui trabalhar.

PQD: - Me graduei na Estácio de Sá, fiz uma porrada de cursos e ganhei uma bolsa, foi quando estudei fora do país por 7 meses.

Mais uma experiência que poucos conhecem e quem sabe, mais um capítulo em nossa conversa.

PQD hoje está aposentado, e segundo ele, com o suficiente para sobreviver. O problema é que, de acordo com suas palavras, algumas filhas ainda dependem dele.

PQD: Minha mãe morreu em 2019 e deixou alguns imóveis sublocados (inclusive comerciais) e um imóvel próprio, onde moro com minhas filhas, mas meu interesse é que elas cuidem desse patrimônio, pois eu quero apenas viver de minha aposentadoria.

Depois dessas duas horas de uma conversa que só não foi melhor porque estávamos de bico seco, entramos num tema político, mas que preferimos deixar para uma outra hora, e para fechar perguntamos para ele como estava de saúde.

PQD:

- Eu nunca tinha tido nada, não sentia nada, mas em 2006, aos 54 anos, tive um infarto, coloquei um stent, e de lá para cá começaram a aparecer alguns probleminhas. Minha vitalidade caiu mais de 60%. Tenho pedras enormes na vesícula e devo operar para tirar tudo, inclusive a vesícula. Estou pesado e a diabete apareceu e tenho que tomar remédio para o controle. Preciso fazer outra cirurgia porque minhas femorais estão com 70% de entupimento, e isso me dá uma sensação de peso nas pernas e pode me trazer mais problemas. Tenho uma postura ruim para dormir por causa de dores no braço esquerdo, devido a uma artrose. Uma vez doeu tanto que pensei que era um AVC. E devido à postura, minha bacia tem um deslocamento e também dói. Meu corpo dói e o Dr. Antero me disse que meu problema é na coluna, no nervo braquial esquerdo e que tenho q fazer fisioterapia. Tem uns 15 dias que parei de fumar, foi depois que senti as pernas bambas, tentei levantar e cai inteiro, que nem um coqueiro. Bati com a cabeça no chão, esperei um tempo para ver se sentia mais alguma coisa, mas não deu nada e consegui me levantar. E para fechar, um tempinho atrás, apareceu um cancerzinho no meu ombro decorrente de uma verruga antiga.  No resto está tudo bem. Beijão pra vocês.  


Meus amigos, é claro que nossa conversa não termina aqui, com certeza ainda teremos novos capítulos da vida e da intimidade de nosso querido amigo Betinho PQD, o Cocô de Avião.