terça-feira, 22 de novembro de 2022

Luizinho BOIADEIRO, o Boi da Correa de Baixo

 O mês de novembro é um dos mais recheados de nosso Grupo, principalmente com a inclusão de alguns filhos e netinhos. Nossos parabéns para:

01 - Maria Helena  (neta GODÁ)

02 - RICARDO "PIRULITO"              

02 - MARCO "CHARUTO" REIS

02 - Renato (filho BYRA)                    

02 - Antonella  (neta DRINKS) 

03 - SERJÃO COLUMÁ

04 - Antônio e Betânia ( netos DELLA)

06 - Ana Clara ( filha XICO )   

07 - Rodrigo (filho JHONNY)

08 - Alana  ( filha BOIADEIRO)

11 - PQDFDP (mensal)

16- Rosane (esposa GODÁ)

18 - LUIZ "BOIADEIRO"  

24 - CARLINHOS LEVITANUS     

24 - Juju (filha KIBE)                     

28 - LUIS PAULO  (saudades)

28 - ZÉ AUGUSTO (saudades)

29 - Juju (filha GODÁ)

30 - TADEU "PAPINHA"

E para a Entrevista do Mês, um cara muito querido em nossa turma. Mais um daqueles que neste mais de meio século de convivências não tem quem não goste dele, mesmo quem não torce para o seu time, o que já é um problema, ou quem não concorda com sua visão política, não  consegue se afastar desse cara. Para ele vale a máxima de que amigos podem ter opiniões diferentes e até divergentes, mas não podem brigar por essas coisas.

Seu nome é LUIZ FERNANDO HILDENBRAND, mas para nós é Luizinho Boiadeiro, ou simplesmente o BOI, o ponta do Sede Velha que dava muita dor de cabeça no velho Capita, quando enfrentávamos o Ordem e Progresso nas peladas do Aterro.

E para começar nosso papo, o Boiadeiro, assim como o PQD, também tem uma historinha interessante que envolve seu nome e sua origem, e que poucos amigos conhecem.

D&K: - Meu amigo Luizinho Boiadeiro, de onde vem seu apelido?

Boi:- Havia um jogador no Bangu chamado de Luizinho boiadeiro, era um ponta, jogador bem rápido e me achavam parecido com ele.

Boiadeiro foi um ponta que começou no Bangu, passou pelo Flamengo, e chegou a ser considerado um novo Garrincha, mas tal como o Mané era meio irresponsável e aprontou tanto que sumiu do mapa. Corria e driblava muito e nosso amigo realmente lembrava o jeito dele em campo.

D&K: - Boi, uma vez você me disse que seu nome seria outro, José Carlos. Explica isso para nós.

Boi: - É verdade. Minha mãe me contou que meu pai era José Carlos Linhares, filho de José Linhares, presidente do STF e presidente do Brasil por um breve período de vacância do poder. Eu só o vi um dia, na década de 60, ele estava no Brasil, e na época ele era embaixador em Portugal. Eu morava ao lado da sede velha, estava com mais uns 3 colegas, acho que era o Gaguinho, Ari e o Cézinha, aí avistei minha mãe conversando com um cara todo bem vestido e um carrão americano, eles me chamaram, o cara me deu uma nota em dinheiro, aí eu e os amigos fomos para a confeitaria Palácio na rua do catete. O encontro tinha sido na esquina da Ferreira Viana com Flamengo, no prédio de pedras escuras, depois nunca mais tive contato. Vi cartas do cara mandando dinheiro para as minhas despesas etc, mas a farra na confeitaria foi o máximo, comemos todos os tipos de sorvetes , foram umas 3 horas de comilança.

D&K: - E o Luiz Fernando Hildenbrand?

BOI: - Minha mãe tinha 4 irmãs, todas lindíssimas. Minha mãe era alemã, nasceu em Verl , cidade pequena do interior, tia Guizela, tia Eva e tia Hanni, argentinas, e tia Kátia era brasileira. Essas cinco mulheres maravilhosas frequentavam os salões do hi socyte no Rj, Copacabana Palace, e Brasília. Tia Eva era casada com o homem forte do regime militar, Brigadeiro Fernando Penalva, comandante da PA e chefe da segurança da presidência da República. Tia Guizela, casada com o tio Alberto, um bem sucedido empresário português.  Tia Kátia, casada com um diretor de Furnas, e tia Hanni era casada com um ricaço, dono de minas de cobre e empresas do ramo.  Minha mãe, Dona Ingrid Hildenbrand, era a porra louca da família, perto dela Leila Diniz era madre Teresa de Calcutá. Meu avô Hans Herman Siegfried Hins Hildenbrand, nasceu em METZ, cidade que já pertenceu à França e Alemanha, vai e volta na história. Uma pessoa com uma experiência de  vida fantástica. Tinha 3 cursos superiores, veterinária, química  e agronomia, participou das duas guerras mundiais, se formou primeiramente pela Escola de Oficiais da Prússia. Acabando a 1a guerra, a desordem econômica e social tomaram conta do país, possibilitando o surgimento de várias correntes ideológicas na Europa, na Rússia, o comunismo, Stalin , Lênin. Na Itália o fascismo com Mussolini, e na Alemanha, o nazismo de Hitler, e  nesse caldeirão fervente eclode a 2a WW mundial. Meu avô pertencia ao exército alemão e não às tropas políticas do Hitler, as famigeradas SS, aqui no Brasil o MST ou MTST, e com o desenrolar do conflito ele participou da invasão da França, batalha de kursk etc. Falava 5 idiomas e com o término da guerra veio para a Argentina, onde trabalhou nos frigoríficos Swift Armour e depois veio para o Brasil onde trabalhou no exército brasileiro, na pesquisa para melhoria de cães e equinos, e passou seus últimos anos tomando o seu chopp num boteco na rua Ministro Viveiro de Castro, no Leme. Detalhe, ele ia para o bar acompanhado do seu fiel cachorro, uma doberman que carregava uma caneca de alumínio presa na coleira, era um chopp para ele e outro para ela, depois de algumas horas o dono telefonava para o meu irmão dizendo  que tinha que pegar os dois pois já tinham apagados bebum, esse foi o desfecho de um combatente de duas guerras mundiais.

D&K: - E como você chegou na turma da Correa Dutra?

Boi: - Cheguei na Corrêa Dutra através da meninada que jogava futsal na sede velha do Flamengo, ao lado do cinema Bruni. Meu apartamento ficava no segundo andar do prédio 64, ao lado da sede velha do Flamengo, eu escutava a galera vibrando e chutando a bola. Daí foi um passo para ser sócio e participar das peladas, e a maioria da rapaziada era da Corrêa Dutra.

D&K: - Apesar de fazer parte de nossa turma desde muito cedo, pouca gente sabe que nosso  Boiadeiro não é filho único, e sim o caçula de uma turma com outros 3 irmãos. Pode contar um pouco sobre eles?

Boi: - São 3 irmãos. O Eduardo, que nunca tive muito contato, era seminarista, largou a batina, fez concurso para o Banco do Brasil e já aposentou, atualmente mora no Ceará. Sérgio, que era conhecido por alguns amigos da Correa, foi campeão brasileiro de boxe, meio médio ligeiro. Fazia a segurança do Livio Bruni, dono da rede Bruni de cinemas, era uma máquina de luta. Eng. de Minas, trabalhava na implantação do projeto Carajás, no Pará. Ele morava em botafogo e estava no Pará quando recebeu notícias relacionadas ao seu filho mais novo que estava com pneumonia, veio para o Rj, chegando foi providenciar internação etc... e numa das saídas, ele e a mulher estavam discutindo na rua quando um senhor ficou prestando atenção na discussão, meu irmão interpelou "tá olhando o quê?" e aí surgiu uma discussão, ele empurrou o cara, o sujeito caiu no chão e sacou uma Magnum 357. Deu 4 tiros no peito do meu irmão que veio a óbito no local. O caso teve imensa repercussão na mídia, pois o cara era o pintor Iberê Camargo, amigo dos generais que mandavam no país e rapidamente tudo foi abafado. Meu outro irmão, Carlinhos, é o mais velho, teve uma carreira de 35 anos na TV globo, trabalhava ele e o Hans Doner na edição de computação gráfica. Se aposentou por lá.

D&K: - Na juventude da Correa, você namorou Helena, Isabel, Cristina e outras meninas, depois casou e vieram os filhos, conta um pouco dessa turma.

Boi: - Vamos lá, no total são 5 filhos com 3 mulheres diferentes. Um faleceu, e aí sobraram dois casais.  Nizm Chalfun Hildenbrand, 35 anos, 4 filhos nascidos e morando em Saquarema. Gabriel Ayres Barbosa Hildenbrand, que mora no Rj e tem uma filha. E Aron Japhet Hildenbrand, 18 anos, e sua irmã ALana Japhet Hildenbrand,  17 anos, que moram comigo.

D&K: - E sua ida para Saquarema?

Boi: - Na década de 70, lá pelos idos de 75, estava no bar do Manolo, quando o Zé Augusto disse, Boi vc conhece Saquarema na região dos lagos? Disse que não, era véspera de 7 de Setembro. Então vamos conhecer? Eu respondi: vamos ! Peguei a mochila e partimos.  Rodoviária lotada , calorão da porra, 3 horas de viagem, chegamos. Quando desci do ônibus na rodoviária da cidade fiquei encantado com o lugar, cidade muito pequena, gente simples, uma lagoa cristalina e praias de águas verdes esmeralda. Fiquei apaixonado pelo local. A noite, bares à beira mar, muitos jovens, surfistas, mulher bonita a balde, todos bronzeados e alegres. Grupos tocando viola na praia, tudo contribuindo para aproximar as pessoas, mergulhei de cabeça e saí a caça, mulher para todos os gostos e acabei pegando geral. Encontramos um grupo de mulheres, todas primas, só gatas, aí o bicho pegou geral, um baseado, uma cervejinha e pimba. Voltei para o Rj, trabalhava no Santalucia, quando uma das meninas ligou para mim, já fazia 3 meses da bagunça, e dizendo que precisava conversar, pois havia acontecido um acidente de percurso , ela estava grávida. ÔPA DEU RUIM, a família dela queria ter uma conversa comigo. Ela morava no Leblon, marcaram o dia, eu fui para o abatedouro. Lá chegando a cena era sinistra, um monte de árabes me olhando como se eu fosse um ET. Papo vai, papo vem, chegamos a um acordo, eu ia fazer o teste de DNA, positivo, eu casaria e não deixaria ela sem o pai do bebê. Confirmado, tudo ok, a avó dela, uma senhora libanesa, gostou muito de mim, e propôs para nós 3 irmos para casa dela em Saquarema, e assim foi feito. A cidade era uma vila de pescadores, não tinha nada, comecei a capinar terrenos, pintar casas, pintar muros e me virar do jeito que dava. Passados uns 4 anos, pintou um concurso público para o BANERJ na região dos lagos, 26000 candidatos para 12 vagas, passei em 8º lugar e fui lotado na Ag. recém inaugurada em Saquarema, aí rodei a região dos lagos.

Ao longo de nossas vidas passamos por muitas histórias, algumas bem contadas, verdadeiras ou não, e outras criadas, às vezes exageradas, que são recontadas, modificadas e/ou ampliadas de acordo com garimpo no tempo. Vamos tentar nos lembrar de algumas que  nosso amigo Boiadeiro participou, seja como protagonista ou não, e depois vamos cobrar dele se são fatos ou fakes.

D&K: - Um amigo nosso nos contou que um dia você chegou em casa meio doidão, e no elevador ficou desesperado procurando a chave que tinha caído no chão. Chegou o porteiro e você estava se arrastando, desesperado porque ouvia o barulho da chave mas não conseguia achar nada, por mais que procurasse, então o porteiro com todo o cuidado, te avisou que o chaveiro estava pendurado em seu dedo.

Boi: - Até hoje não consigo entender como passei por essa fase de doideiras. Muito álcool e drogas sem ter me machucado ou ferido pessoas. Cheguei a dirigir bêbado uma carreta de 35000 litros de água, cheio de rebites e conhaque. Foi um livramento, já são 20 anos de cara limpa, e isso é muito bom

E para ajudar nas lembranças, Betinho PQD, ao parabenizar nosso Boiadeiro pelo seu aniversário em nossas redes sociais, comentou que eles eram meio inconsequentes, pois em todas as vezes que se encontravam era uma loucura na certa, mas que nunca prejudicaram ninguém. E quando entrava a tal da cachaça no meio, depois das festas e dos botequins, eles aprontavam muito.

PQD lembra que no Rio Comprido tinha uma rua que dava no Clube Alemão, que ele não sabe como chegaram lá, e nem como conseguiram entrar, mas ficaram por lá um bom tempo até serem convidados a se retirarem.

E continua com as lembranças. Um dia eles pegaram o carrinho de um supermercado, e desceram por uma ladeira,  e quando viram  uma clínica, o Boi cismou que ele, o PQD, estava passando mal, jogou o cara para dentro do carrinho e foram pela clínica adentro, o resultado foi o esperado, expulsos e com uma confusão danada.

E para fechar os parabéns, o amigo das noitadas comenta mais uma historinha, que numa sexta-feira eles resolveram que em vez de irem para a zona sul, iriam beber no centro da cidade. Ao passarem pelo MEC, já meio embriagados, viram que tinha uma festa num dos andares do Edifício, e do jeito que gostavam resolveram subir e entrar na festa, e mais uma vez acabaram expulsos pelo pessoal da segurança.

D&K: - Quando moleques, final dos anos 60, entre uma pelada e outra na Sede Velha, ou no Aterro, costumávamos ir pescar nas pedras da Glória. Num desses dias você tinha ficado de passar numa peixaria e comprar uns camarões miúdos para isca. Eu (Drinks) e outros que não lembro o nome, ficamos nas pedras, catando iscas de tudo, menos dos camarões que não chegavam. Passaram algumas horas e fomos embora, e preocupados com você, resolvemos passar na sua casa. Sua mãe nos atendeu e chamou você, que chegou surpreso e com aquela risada que sempre foi um marco e sua vida, nos disse que realmente comprou um pouco de camarão, mas teve que passar em casa, e como estava quase na hora do almoço, resolveu fritar e comer. Não me lembro muito bem de nossas reações, mas acabou tudo bem, como sempre. Lembra disso?

Boi: - Lembro sim, mas também não me lembro como resolvemos depois.

D&K: - Lembra daquela bichona que rondava nossa rua, a Carol, que ficava mostrando o pezinho da Carol? E que você estava conversando com ela lá no Brejo e a encontraram na areia com pequenos hematomas? Como foi essa história?

Boi: - Essa bichona estava me enchendo o saco, aí peguei firme e a joguei dentro do esgoto da praia, ela gritava que ia morrer afogada, então gritei de volta para que ela se agarrasse num tolete que ele  bóia e ela iria boiar também.

Como é possível perceber, Luizinho Boiadeiro é mais um amigo que  iríamos necessitar escrever vários capítulos para contar suas histórias, e que sabemos não vão parar tão cedo, porque o Boi hoje está um verdadeiro Touro, apesar dos abalos que já teve, e para fecharmos, aproveitamos para pedir a ele que nos conte um pouco de como ele está de saúde e depois mandar uma mensagem para os amigos da Correa Dutra & Adjacências.

Boi: - Quanto a minha saúde, eu deixei de beber e fumar tem uns 20 anos , não bebo cerveja, refrigerantes, qualquer derivado de farinha de trigo , massas , só consumo carne de aves , carne vermelha uma vez ou outra e magra , linguiça pouca , arroz branco não só integral. Muito peixe e frango. Faço 2 horas de academia todos os dias, o que eu sinto falta é das peladas, aqui tem uma rapaziada boa de bola, mas não posso fazer esporte de explosão, coração já não mais tem o gás de antes. E para os amigos e irmãos, pisem um pouco no freio, diminuam o tabagismo as bebidas, todos os excessos , procurem ver a vida por outro ângulo, faça como eu, estou dando 10, 9 tentativas e uma desistência.

D&K: - E por falar de coração, mesmo com todos os seus cuidados, você sofreu um knockdown, que reagiu e voltou mais forte. O que aconteceu?

Boi: - Aqui em Saquarema, temos diversos campos de futebol sintético, e o programa da rapaziada é bater aquela pelada. A
maioria joga muito bem, e eu jogava uma média de 2 partidas por semana. Numa dessas fomos jogar contra um time de jovens, em média 35 anos, e o meu time entre 50 a 60 anos. Consegui meter 2 golaços, aí me senti como na época do Sede Velha, com 16 anos, e comecei a correr e participar do jogo intensamente, foi quando um garoto disse aí tio você tá legal? Vc tá branco igual uma vela. Estava tonto, me ampararam e botaram num chuveiro ao lado do campo, dei um tempo, melhorei, mas meus filhos assustados pediram para irmos para casa! Despedi da galera e fomos para casa. Lá chegando meus filhos falaram para a mãe  sobre o acontecido, ela prontamente pegou seus instrumentos e me deu uma geral, e disse que eu tinha tido um princípio de infarto. No outro dia fomos parar em Cabo Frio, onde ela me levou para fazer um monte de exames. E um médico cardiologista, meu xará Dr. LUIZ FERNANDO, SÓ QUE TRICOLOR, fez um cateterismo e decidiram fazer  a colocação de 6 stents. Tive que fazer uma reeducação alimentar, na academia só exercícios físicos em aparelhos e esteira de forma moderada, esportes de explosão, futsal, volei de praia, futebol de praia , futvolei, tudo foi interrompido, agora só no sapatinho.  Um abraço, meus amigos e irmãos, BJS para todos.


E assim conhecemos um pouco mais de nosso amigo, e irmão, Luiz (ou José Carlos) Fernando Hildenbrand, nosso querido Luizinho Boiadeiro, ou simplesmente o Boi, da Correa de Baixo.

 

Até o próximo aniversariante.