segunda-feira, 9 de março de 2009

Ventos e chuvas de março

“Andar por andar, andei; e todo caminho deu no mar”. Ouvindo Dorival Caymmi, deixo aflorar em mim um sentimento de melancolia. Sentado na poltrona, fico olhando o céu de Brasília e me imagino voando neste azul...Ah! Busco em mim resolver mistérios. Busco em mim, aquele que um dia saiu do Rio de Janeiro para ir do outro lado do continente africano...só pra molhar os pés no Oceano Índico. É claro que não foi só por isso. Mas não é tão claro, o porque de vir pra Brasília. Só sei que vim.

Hoje, de mim, tenho meus três filhos. Que preenchem meu coração com alegria, que me emocionam nas suas manifestações de carinho e de amor filial. “É dia de festa!” diz Juliana, com 9 anos, que ao amanhecer me acorda com um café na cama – bonitinha! – trazendo salada de frutas (banana, maça e mamão) que ela mesma preparou, e um bom copo de mate gelado que todo carioca merece. Os mais velhos sorriram e me abraçaram, mais comedidos, mas com o mesmo sentimento de carinho.

“Vai, velho babão!”, poderiam dizer alguns. Mas quem não o é. Me lembro de meu pai a me levar a “descobrir” o Rio – o Catete – principalmente. Saíamos a pé da Correa Dutra, subíamos a Pedro Américo e íamos até a última casinha lá no final da rua. Tenho uma tia que ainda mora lá. Bebíamos um copo d’água, meu pai bebia um café na canequinha branca de flandres e seguíamos em nossa excursão morro acima. Chegávamos a Santa Teresa e íamos caminhando e conhecendo alguns lugares. Para mim aquilo era uma coisa fantástica. A vista da Baía de Guanabara se apresentava majestosa, a banhar esta cidade maravilhosa encrustrada entre o mar e a montanha. Parávamos em um boteco. “Pai, vamos beber um negocinho?” Aos 6 anos já era um prenúncio de uma prática tão comum entre nós. Nem me lembro o que meu pai bebia naquela época, mas eu me deliciava com um guaraná caçula da Antártica e um bolinho de bacalhau lá no Curvelo. Depois caminhávamos ladeira abaixo e chegávamos a Cândido Mendes. Mas uma paradinha, desta vez para atendê-lo em mais uma dose e continuávamos até o Largo da Glória. De lá, seguíamos rumo a Correa Dutra, ponto de chegada de mais uma aventura a conhecer o bairro onde morei tantos anos. São coisas que marcaram fundo minh’alma e tenho feito isso com meus filhos, dado mais de mim a eles, contando minhas aventuras infantis, adolescentes e de jovem.

Aniversário é coisa que a gente devia fazer, pelo menos uma três vezes por ano. Ah! Como é bom comemorar com os amigos, caramba! Como é bom poder receber tantos parabéns e votos de saúde, carinho, beijos, abraços, se sentir o mais importante daquele dia. Se sentir mais querido.

Março é mês de alegria. As quaresmeiras estão floridas em Brasília, numa explosão de tons de roxo e rosa a decorar a paisagem. Talvez seja, para nos trazer alento. Talvez seja para nos lembrar que na vida há flores, apesar de às vezes nos depararmos com alguns espinhos.

Março é mês de chuvas. É mês de lavar o que precisa ser lavado e levado do verão. O vento que por aqui sopra neste mês, vem trazendo a esperança de um renascer, vem trazendo uma nova de alegria em meu ser.

São as águas de março fechando o verão e a promessa de vida em meu coração....

CK

5 comentários:

Anônimo disse...

Pequeno Grande Kibe, por falta de memoria, sei que estou atrasado para lhe parabenizar, por mais uma primavera vencida.

Que voce tenha muitos anos pela frente, pra poder decrever com tanto sentimento o seu aniversario.

Um grande abraço do fundo do meu coração e muita saúde, para que voce possa dar continuidade em sua jornada de vida.

GOFRAN
Vice Presidente
Confraria CD.

J Drinks disse...

Kibe

Parabéns pela família. Parabéns por seu aniversário e muito obrigado pelo presente que nos deixa com seu texto, que a cada palavra florescem sentimentos de um homem vivido e experiente. Um amigo que caminhamos lado a lado para um futuro melhor.

Drinks

Anônimo disse...

Kibe,

Nunca é tarde para saldar os queridos amigos.

Retornei hoje, receba meus parabéns e um beijo em seu coração.

Byra

Anônimo disse...

Kibe,

Na emoção de 'saudá-lo', 'saldei' uma dívida pela demora.... abraços

Byra

Paulinho Goda disse...

Parabens para esse grande amigo ... pena q n pude lhe falar pessoalmente ... meu querido amigo q Deus te ilumine sempre ... bjus
Goda.