quinta-feira, 13 de novembro de 2008
O nome dele é ... JONNHY
Impossível termos um ‘blog’ da Corrêa Dutra sem citarmos o inesquecível personagem JONNHY, ou João Paulo Medina Barbosa, o neto de D. Iracema, morador do “30” e responsável por histórias impagáveis e merecedoras de um livro de aventuras.
Careca, olhos azuis, baixo e atarracado (devido a uma deformação física de nascença – “corcunda”), inteligentíssimo e um mentiroso crônico, são características próprias desse personagem único que veio a tornar-se um verdadeiro mito.
Jonnhy viveu um mundo de fantasias; um mundo próprio no qual não havia limites e que a ele tudo era permitido. Órfão de mãe, filho de militar, cedo perdeu o pai e foi criado pela avó. Possuidor de uma deformidade física - fato que o incomodava, mas que ele disfarçava o complexo e fingia aceitar como normalidade – tinha como contrapartida uma inteligência privilegiada. Enquanto conviveu com o pai, estudou no Pedro II e levou uma vida que podemos chamar de normal, convivendo com seus complexos e conseguindo acalmar seus demônios interiores. Entretanto, a morte do pai, a quem era muito ligado, causou-lhe uma radical mudança de vida e o fez liberar toda a raiva do mundo que, em sua cabeça, insistia em maltratá-lo.
Daqui em diante a história toma o rumo de outras tão iguais: de pequenas transgressões, passou a golpes mais ousados, aperfeiçoou-se no estelionato, envolveu-se com gente perigosa e foi assassinado à luz do dia.
Seria a história comum de diversos outros contraventores, mas não é. Como disse no início, Jonnhy tornou-se um ‘mito’ ainda em vida. Cada morador da Corrêa Dutra, quiçá do Flamengo e adjacências, terá sempre uma ‘história’ prá contar envolvendo esse personagem que mesmo tornando-se ‘perigoso’ conseguia ser amado pelos amigos.
Só fiz a apresentação, com o fito de resgatar a sua memória, na certeza que a partir de agora as histórias aparecerão e àqueles que só conheciam o ‘mito’ superficialmente, ou que somente ‘ouviram falar’ de suas histórias, ficarão encantados de saber que ele existiu realmente.
Que venham as histórias de Jonnhy.
Byra
Capítulo I - Brincadeira de criança
Em qualquer roda de nossa confraria, a qualquer tempo, Jonnhy sempre foi e será lembrado. Seus feitos são muito mais que simples histórias, são na maioria fatos incríveis e verídicos, em que muitos de nós não fomos somente testemunhas, mas também personagens ativos.
Quando falamos em feitos, fatos e acontecimentos, tudo se mistura nas histórias contadas por ele, pois sua capacidade de criação, ou de mentir, era incrível, e mais incrível é o que víamos acontecer.
Para não perder o fio da meada, vamos iniciar com uma pequena historinha, uma brincadeira de criança, do tempo em que brincávamos de bandido e mocinho.
Jonnhy gostava de ser o bandido. Era talvez o mais velho da turma. Se não me engano, nasceu em 1950, e pela diferença de idade ele às vezes participava de brincadeiras mais infantis para tirar uma certa onda com o grupo. Sua baixa estatura o fazia parecer que era mais novo, e isso o ajudava a se misturar com turmas de idades variadas. No futebol arriscava pegar no gol, mas por motivos óbvios, não era bem sua praia.
Nessa época de poucos lugares disponíveis, a rua era nosso “play” e no 30, uma área nos fundos, de acesso restrito, era nosso campo de futebol e também de batalhas e outras coisas mais que rolaram ao longo dos anos. E numa dessas tardes rolou um bandido e mocinho e o Jonnhy estava na área. Ele chegou para o grupo e foi logo avisando que era o bandido e que iria pegar sua arma. Cada um com seu revolver. Uns com modelos mais acabados, prateados, barulhentos e outros com modelos mais simples. Me lembro que eu tinha um conjunto do Zorro, com cartucheira de couro e tudo mais.
Grupo dividido. As regras eram simples, apontar e atirar, difícil era alguém aceitar que tinha sido atingido. Bandidos escolhidos, os heróis iriam caçá-los. As confusões eram naturais, mas tudo se resolvia. Quando todos se preparavam para o início do jogo chega Jonnhy. Com as mãos para trás, reune a garotada e apresenta sua arma. Na época eu não sabia o que era um “32” ou “38”, e confesso que não me lembro do calibre, mas com certeza todos nós sabíamos que o dele era diferente do nosso. Pesado, mal conseguíamos segurá-lo com firmeza e ele, ao contrário, parecia dominá-lo com certa facilidade. Nos bolsos trazia “balas”, sim, balas de verdade, intactas e mostrou-nos como carregar o revolver. Não deu certo, a brincadeira acabou sem iniciar, muita conversa, medo, receio e explicações a respeito da arma por um garoto pouco mais velho do que nós, mas que já mostrava ser diferente. Ele queria continuar a brincadeira, e até mesmo dar uns tiros no muro, mas prevaleceu, por mais incrível que possa parecer, um bom senso na turminha que não o deixou fazer.
Fomos embora e não me lembro de outro bandido-mocinho que o Jonnhy tenha participado, mas com certeza foi essa a brincadeira que norteou sua vida, entre a fantasia e a realidade.
Drinks
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5 comentários:
Zé,
Alguns de nós (da Corrêa de cima) não conheceram o Jonnhy e achei bem oportuno voce trazer este depoimento. Pois, existiram pessoas em nossa rua, que marcaram nossas lembranças de forma intensa como é o caso de Jonnhy e de também outras que se foram, jovens, mas de igual marca em nossas vidas.
Interessante sua breve história, sofrida, marcada por tragédias e sofrimento; mas em seguida você nos traz uma outra história, mais amena, porém, forte naquilo que uma criança poderia discernir como certo ou errado. Ser mocinho, sempre pareceu a maioria de nós, ser o melhor papel a desempenhar. Talvez pela nossa boa índole, e muito mais provável por não termos passado 1% do que Jonnhy passou.
Lembro-me de tê-lo visto algumas vezes, mas nunca falei com ele. O via lá no Aterro, conversando com as meninas, sentado no muro, em frente ao “Buraco Quente” e também, lá na rua, perto da Padaria Maurinha (Um dia eu falo a respeito desta padaria – que marcou minha vida, pra sempre).
Bom conhecer um pouco deste personagem de nossas vidas, de nossa rua. Tem mais, não tem!?
Claudio K.
Kibe
Apenas um detalhe em sua observação, muito proveitosoa por sinal, o texto tem 4 mãos, o Byra na introdução e eu no primeiro capítulo, mas é apenas um sinal q é quase q impossível uma só pessoa falar sobre o Jonnhy. Ele foi realmente incrível, no ponto de ser visto e reconhecido em lugares inimagináveis, por amigos nossos que a surpresa foi pouco.
Aguarde o próximno capítulo, temos muito pra contar, mas conta com a juda de todos, em especial, da Correa de baixo, para q possamos imortalizar as histórias daquele q ficou conhecido como o Jonnhy da Correwa.
Muito boa lembrança.
Vivi na Correa Dutra, morava no quarenta e sete e fui amigo do Joao Paulo tendo sido, inclusive padrinho de casamento dele. Sabiam que ele casou? Foi lá em Itaboraí. Até hoje oro por esse nosso irmao, de excelente coração. Desviou um pouquinho, nessa vida difícil,onde temos tantos cuidados a tomar, num mas no fundo é gente boa.
Tenho muitas histórias para contar, de fatos que se passavam com a garotada daquela época.
Eduardo
Valeu sua lembrança e o blog está a sua disposição para que nos conte suas histórias, que não são só suas mas de todos nós.
Escreva para drinksneto@yahoo.com.br que nós o colocamos no GRUPO da Confraria da Correa Dutra.
Quanto ao CASAMENTO DO JONNHY tb estivemos l´´a e aguentamos firme as duas horas do sermão do padre, lembra-se disso?
Um abração e aguardamos notícias.
ola amigos do drinks,
eu sei que pode parecer estranho, mas preciso da ajuda de vcs, segundo minha mae, depois de muitos (33) anos, consegui descobrir detalhes sobre meu pai, e cheguei graças a internet no blog de vcs, sim segundo ela sou filho do jonnhy, espero contato de quem possa me ajudar a resolver esse misterio, podem entrar em contato por email pelo jasonneko@gmail.com
aguardo uma resposta ansiosamente.
abraços,
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