quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Chuvas de verão

Hoje de manhã, sentado à mesa com a Erika durante o café da manhã falamos sobre a forte chuva de verão que caiu ontem (21/jan) sobre o Rio de Janeiro e, prá variar, os incômodos causados aos cariocas. No desenrolar da conversa, trouxemos à tona lembranças das chuvas de verão dos nossos tempos de Correia Dutra e mais, das imagens obtidas das janelas dos apartamentos 201 e 304, do edifício “Leitão da Cunha”, localizado no número 26, e que ficaram gravadas em nossas lembranças como um filme a ser repassado. Entre risos, recordamos algumas passagens marcantes.

A primeira imagem que nos veio foi o volume da água. Bastava uma chuva forte – que os mais velhos chamavam de “tromba d’agua” – e a água subia, subia..., não respeitando os esforços de alguns moradores - já calejados – na tentativa de ‘desentupir’ os ralos. Os esforços eram heróicos, mas sisifianos. A ‘velocidade’ e o volume de água da chuva, o lixo jogado nas ruas (nada mudou), formavam um ambiente próprio para as anunciadas enchentes. E a água subia, subia, e continuava subindo. O nível de água ultrapassava a dois metros de altura, facilmente comprovado pelas marcas escuras e horizontais deixadas nas paredes dos prédios e das casas ao fim das chuvas e escoamento das águas.

Rememorada a enchente, logo nos lembramos dos desdobramentos e de suas consequencias. Era um fato comum, o falecido Nelson Queimado subir ao teto de uma Kombi, totalmente coberta pelas águas da chuva, ‘mergulhar de cabeça’ e sair nadando..... Erika não se lembrava do Nelson, mas lembrou-se do fato. Por sua vez, ela rememorou os ‘barcos’ de competição do CR Flamengo – que eram guardados na Sede Velha - passando sob nossas janelas conduzidos pelos remadores... .. Que imagens!!!! Sinceramente, não dá prá esquecer. Claro que não poderíamos deixar de comentar sobre o desespero da família Vidor, de nossa amiga Georgete e seu irmão George, moradores do 25. Por mais tentativas que fizessem para minimizar os efeitos das chuvas, tais como colocar tábuas na porta de entrada e nas janelas de frente etc., eles sofriam no verão. A água subia, subia ... e invadia a casa não somente por debaixo da porta, mas, principalmente, entrando pela janela. Era um corre-corre, e assistíamos das nossas janelas a um exército de pessoas retirando água com baldes, rodos e vassouras, e ao mesmo tempo procurando proteger os seus bens. Mesmo diante da tragédia, sentíamos um pouco de inveja daquela ‘garotada’ que, prá nós, fazia uma ‘farra’. Com certeza não era assim que eles enxergavam a grave situação. Com a palavra nossa querida Georgete. Por fim, entre as diversas lembranças de fatos ocorridos durante as várias enchentes que presenciamos, recordei a imagem do Clérton – cabeça branca – fazendo uma careta de dor e ‘andando’ agarrado às grades do 26, em direção ao 24, deixando naquela água imunda um rastro vermelho do sangue que saía do corte de seu pé, fato este inédito para a Erika.

O ‘filme’ foi passando, passando, a cada lembrança de um, o outro acrescia um detalhe, afinal éramos dois observadores de locais distintos, cada um observando a mesma cena por um ângulo diferente. Apenas ‘editamos’ as nossas lembranças e agora dividimos com vocês.

Beijos

Byra

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