domingo, 26 de dezembro de 2010

Adeus Canecão!


Lá se foi o Canecão. Começou como uma cervejaria, por isso o seu nome. Canecão.
Palco, literalmente, de grandes momentos da música popular brasileira. Onde a nata e até mesmo, alguns sarrabulhos da MPB, se apresentaram e marcaram época.
Lá, Maysa cantou seus desencantos amorosos, Cauby Peixoto – o professor – também assim o fez junto com Ângela Maria – uma das divas do universo musical brasileiro.
O vozeirão de Alcione ali ecoou, fazendo a Urca render-se a majestade do samba; o mesmo acontecendo com João Nogueira, Clara Nunes, Elza Soares, Luiz Melodia, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Paulinho da Viola.
Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Cássia Eller, Zélia Duncan, RPM, Léo Jaime, Plebe Rude e Legião Urbana, representaram a nova geração de roqueiros. Culminando com a última apresentação de Cazuza – “poeta maldito”, de crítica ácida aos políticos e hipócritas de plantão.
Mais recentemente, novas vozes da MPB por ali passaram, Seu Jorge e Ana Carolina, Adriana Calcanhoto e Vanessa da Mata
Roberto Carlos e Chico Buarque, o primeiro ainda é rei, mas o segundo é soberano na poesia cotidiana de suas letras. E por falar em soberano, não poderíamos esquecer de citar nosso maestro – Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim – ou simplesmente Tom Jobim, que junto com Elis Regina fecharam verões com as águas de março. Vinícius de Morais e Toquinho reverenciaram orixás e amores conquistados e não correspondidos.
Terreiro de Maria Betânia, assídua freqüentadora de memoráveis temporadas; Gal, com sua voz metálica de guitarra a gritar: Meu nome é Gallll...; Caetano, Gil.... e porque não dizer logo, Os Doces Bárbaros. Ney Matogrosso, também fez dali, palco de suas sempre bem cuidadas produções musicais; Simone abandonou o basquete em sábia decisão, o que nos valeu uma de nossas melhores intérpretes e mais uma freqüentadora daquela casa de espetáculos.
Tantos outros mais passaram por ali. Cometi injustiças ao não citar o nome destes outros tantos, mas o que temos de melhor teve sua história artística, ali forjada.
Adeus Canecão! De teus bailes carnavalescos e da discoteca Tropicana, guardaremos lembranças. Teremos saudades é certo. E pesar. Pesar, por saber que o Rio de Janeiro perde, após 43 anos de existência, um lugar que foi marco cultural da história da música popular brasileira.

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