terça-feira, 28 de outubro de 2008

La Cacieta Horroroza!


Dia 31 de dezembro de 1976. A correria era grande. Um tanto de coisa ainda por fazer. Já eram 8hs e eu ainda tinha que providenciar as barras de gelo. As bebidas já estavam compradas: 8 caixas de cerveja, 2 garrafas de whisky (o velho Old Eight), 4 de vodka Smirnoff (que deixa qualquer um off mesmo) para as caipirinhas, ufa!...e pensar que isto era para aproximadamente 40 pessoas. 

         A venda dos convites foi fácil. Faltou pra quem quis. Era uma festa diferente das que já tínhamos programado, pois esta só poderia entrar quem estivesse fantasiado e acompanhado de pelo menos uma menina. E como sempre quando uma vai quer levar a amiga, a irmã ou prima, a festa foi um sucesso de público feminino. É quase certo das que ficaram sem par, terem detestado, mas era o sacrifício para que a amiga, irmã ou prima pudesse ir. E me lembro que o Zé Augusto tinha denominado a festa de Cacieta Horroroza!

         As fantasias foram de extremo bom gosto e refletiam bem a criatividade dos participantes. Tínhamos baianinhas com o umbiguinho de fora, meninas de pijama, princesas, odaliscas, piratinhas, aquele time de “brotinhos” a contrastar com o Corcunda de Notre Dame (Godá), Visconde de Sabugosa (eu), o italiano Savério (por onde ele anda?), machão travestido de blond Marilin Monroe, árabes, havaianos, e algumas fantasias que não tinham bem um motivo definido.

         Aos que não foram, imaginem a quantidade de bebidas que tínhamos a disposição (naquela época não existia a expressão open bar) e uma quantidade de salgados que encomendei de uma quituteira lá da Tavares Bastos (se não me engano era a tia da Márcia, sobrinha do Lumumba e amiga da Maria Inês). Fartura era pouco para definir o banquete.

         Resultado: Porre geral e irrestrito!

         Zé Augusto e Derzemar eram os barmen, e cada um que ingenuamente ia até o bar encher o copo, era bruscamente agarrado pela nuca e encharcado por um lenço embebido em tetracloreidrato de metila – uma substância que serve para limpar cristal de guitarra. O céu se abria e víamos anjos a tocar suas trombetas anunciando o novo ano que se aproximava. Os sinos tocavam a cabeça zunia.

O Puck, nessas alturas tinha levado uma “namorada” que ele arranjou lá do nº 99 (vocês lembram?) e o homem estava em uma situação...pobre Puck. Não deu pra agüentar a porta do banheiro abrir e o jato explodiu na porta fechada do banheiro social da mansão dos Maciel – Meu Deus, se a mãe dele, D. Carmem Lenita visse aquilo.

Uma certa movimentação embaixo da mesa da sala acusava que havia vida ali. E foi uma situação constrangedora, pois o casal que ali se encontrava trocavam juras de amor, só que ela estava de pijama, com um dos seios de fora e o namorado circulava com o dedo médio a auréola de seu seio. Até aí, nada de mais, que me perdoem os puritanos. Mas tinha que fazer isso na frente da mãe do Moita, da Solange, da avó dele e da D. Dirce, mãe do Charuto?????

A menina que eu havia convidado, levei 6 meses paquerando-a, morava na Buarque de Macedo e estudava no Pedro II junto comigo. Preparei a festa pensando que neste dia seria o dia ideal para começar um namoro que senti que seria correspondido. Doce ilusão. Bebi tanto que nem sei até hoje, aonde foi parar minha escolhida. Faço votos que esteja feliz.

         Lembro-me que compramos fogos e um foguete tipo buscapé - bem grande - que ao acendê-lo não imaginamos o que fosse acontecer. O dito cujo disparou um rojão e foi explodir em um prédio lá na Silveira Martins – parecia um morteiro Xiita. Graças a Deus não houve prejuízo lá. Mas em compensação na casa do Moita...Ai meu Deus! No dia seguinte, tínhamos que limpar aquele palco, ou melhor, campo de batalha. A pedra “São Tomé” da varanda da cobertura parecia que tinha recebido uma camada de asfalto. Corpos espalhados pelos cantinhos, abraçados a almofadas e namoradas, jaziam com cara de felicidade. A família Maciel imagino que tenha se refugiado em seus quartos.

         Após um mutirão de limpeza com aqueles que ainda conseguiam se manter de pé, fomos para a praia. Precisávamos de iodo marinho e fazer nossas homenagens a Iemanjá (mesmo que inconscientemente). Um novo ano tinha chegado trazendo novas esperanças de boas realizações. 

Eu...fui levado para casa pelo Chaolin e pelo Maurício (Vaca Gorda Piranhuda), sem fantasia, sem documento, só de sunga, às 8 da noite. Demos uma paradinha no Primo, na Galeria Condor, para tomar uma coalhada com mel, que foi um santo remédio.

31 de dezembro de 1976. Alguns de nós estavam lá.

 Bjos. 

Kibe

Um comentário:

Anônimo disse...

Por falar em festas marcantes,esta aconteceu + - 1972,era dia 1 de Janeiro,sexta feira na casa do saudoso Zé Augusto,
esta festa aconteceu de surpresa.Está vamos reunidos na rua e Zé Augusto sugeriu que nos fossemos para sua residência
já que Dna Chiquinha mãe do Zé tinha viajado para passar o final de ano fora da cidade,rapidamente reunimos o pessoal
para o evento.Cada um participante trouxe um tira gosto e os drinks de nossa preferência na época que era batida de limão
industrializada, cinzano e cachaça para fazer o famoso traçado, la pelas tantas o pessoal já cheio de cana
dançando as musicas do James Brown,foi quando DELANEY já no auge da birita resolveu tirar a bermuda
e ficar só com a sua generosa cueca samba canção,causando um desespero em sua irmã Catarina,por sua vontade
de ir embora só de cuecas.Esta festa foi batizada de LANÇARAM A MONSTRUOSA NA MESA,brincadeira foi tão
boa que no dia seguinte realizamos na minha casa com nome A DANÇA DA MONSTRUOSA.
Algumas das pessoas presentes em que lembro Amaro,Vieira, Catarina, Maria Amélia,Marta, Antero e outros.

Abs.

Mário Jorge