segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O pai do nosso amigo é famoso!

Quando conheci o Sérgio Maciel, não sabia e não podia imaginar que seu pai, fosse quem fosse. Ed Maciel, já era naquela época, nos idos de 60, um nome importante no cenário da MPB. Band leader como se costuma denominar os grandes líderes das bandas jazzistas, de uma orquestra que animava os grandes bailes nas noites cariocas.

Morava inicialmente no prédio número 129 da Corrêa de cima, mas depois mudou-se para o prédio ao lado, para um apartamento de cobertura, onde de vez em quando realizávamos algumas jam sessions com o Sérgio “Moita”, seu filho, ao piano e Zé Augusto no baixo eletrônico e as vezes um instrumento de percussão amplificava os blues improvisados, em tardes chuvosas de verão. Respirávamos música naqueles instantes. Talvez pela sinergia do ambiente, talvez pela influência de estarmos na casa de um músico tão famoso, mas fora de nossa roda. Não tínhamos a menor noção do quanto ele era e é importante na MPB.


Ed Maciel é um dos exponenciais das famosas orquestras cariocas. Lembro-me que apenas três negros tinham a respeitabilidade na condução de suas orquestras – Erlon Chaves, Maestro Cipó e Ed Maciel. E estes três passaram desapercebidos por nós. Mas de uma coisa tínhamos certeza: o pai de nosso amigo era famoso!


Famoso pra caramba, meu! Com um currículo que inclui passagens pela Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e pela Orquestra Sinfônica Brasileira – aqui na condição de solista – Ed Maciel um dia optou por curvas mais emocionantes. E decidiu trilhar caminhos próprios.


Primeiro, foram as atuações destacadas nas grandes orquestras que emissoras de rádio e televisão mantiveram por anos e anos. Tendo, inclusive, dirigido a orquestra do compositor Ary Barroso em várias excursões pelo Brasil e pelas Américas. Depois, como conseqüência, os convites de inúmeros artistas em fase de lançamento para as incontáveis gravações em estúdio.


Tanta experiência e reputação foram responsáveis, afinal, por reiterados convites para acompanhar mais artistas. A diferença é que, nesta fase, aumentou o acompanhamento a artistas estrangeiros em excursões pelo Brasil para apresentações especiais.


Grandes bailes combinam com a grande orquestra do trombonista eleito por renomados artistas, daqui e do exterior, como um dos melhores do mundo.


Taí, na nossa rua ainda tem gente famosa (pois ele continua a morar no mesmo lugar) e digo mais, é o pai do Sérgio, da Simone e da Solange. Caramba! Que emoção!



Claudio Kibe

4 comentários:

J Drinks disse...

Kibe

Isso aqui está ficando muito bom.
Parabéns pela postagem e vamos continuar a apresentar a Correa Dutra para o MUNDO.

Drinks

Anônimo disse...

Prezado Claudio "Kibe" e demais amigos da comunidade.

Com grata surpresa que me deparo com este depoimento, a relembrar em todos os ângulos esta nossa diversificada comunidade. Não só daqueles que construíram diretamente a Comunidade da Correa Dutra, tão rica em seus personagens, mas também daqueles que nos "fizeram", nos colocaram no mundo, e nos ensinaram tantas coisas.
Nossos pais, nossas mães, nossos parentes, com história e estória tão particulares que acabamos trazendo para a nossa vida, e partilhando entre nós mesmos, "amigos eternos" da Correa Dutra.
Agradeço a lembrança pelo meu pai, Ed Maciel, meu herói, a me inspirar nos seus valores, nas suas conquistas, que possibilitaram educar, formar, pessoas, cidadãos, que somos hoje.
Obrigado Cláudio, que retratar tão bem, esta particular lembrança, e em nome dele e da família, agradeço mais uma vez.
Abraço,
Sergio Moita Maciel

Anônimo disse...

Aaaaahhhh. Já valeu a provocação, meu amigo.

Pela primeira vez leio sua manifestação aqui na lista, e eu tinha certeza que relembrar de uma pessoa tão querida a ti, seria provocação suficiente para que resgatássemos aqueles momentos em tua casa e te fizesse escrever.
Falar de teu pai em vida, é dedicar-lhe o respeito que ele como músico (e que músico!) merece. Falei dele porque ele também é responsável por ter feito de ti e de tuas irmãs, nossos amigos. Pois sem ele e sua mãe, D. Neusa, com certeza não teríamos os três filhos a nos brindar com suas amizades. E não fiz nada mais nada menos que resgatar um pouco da história da MPB, com um personagem ilustre que nem sempre apareceu com a evidência que merecia.

Fraternalmente,

Cláudio.

Anônimo disse...

Valeu, Kibe

Você fez o Moita sair da moita.
E por uma causa mais que merecida, afinal tuas palavras a todos nós emocionou, imagine ao Sergio....
Temos muito orgulho de ser amigo do Sergio e de reconhercemos o "pai do Moita" como um de nossos ícones. Valeu, Kibe. Um abração Moita. Transmita um forte abraço ao paizão.

Byra